Revisitando Castelo Branco

28/02/2010

Um video para relembrar

Textos: Isabel Cristina Pardal
Direção do video: Isabel Cristina Pardal
Fotos: Carla Nunes

Em meio ao inverno de frio inimaginável, ações e pensamentos troteiam por imagens que conectam Albicastrenses próximos ou distantes de sua terra natal. Espero que gostem!
Isabel C. é  autora de uma seção do portal de Castelo Branco. Conheça outros artigos da autora. Clique e visite a seção para conhecer outros textos.

24/02/2010

Pitas, raposas e assombrações

Autor: Arlindo Parreira
pitas e raposas

Mais um capitulo das crónicas do ultimo Regedor de Castelo Branco

Então lá vai!
No tempo dos lampiões, a vida em Castelo Branco era bem triste.
Ainda não tínhamos televisão, pois que a luz elétrica ainda não chegara lá. Diziam os antigos e, eu juro que muitos morreram de tanto pensar na resposta certa desta pergunta: Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Pois então, quero que entendam o que lhes digo: sem luz sem televisão, veio a luz primeiro e depois a televisão. Uma levou a outra pra dentro das casas e, de lá nunca mais saíram. Tomaram conta da vida das pessoas! Acredito que a internet vai fazer estrago pior. Mas disso falo outro dia...
Verdade seja dita! Por aqueles dias havia tempo de sobre para muitas coisas, e então, para matar ou ocupar o tempo, passávamos as noites na taberna ou casa dos amigos a beber  uns copos.
Comiamos pão, presunto, queijo e azeitonas, regados por uns copos do nacional. Falavamos da vida alheia e das coisas do dia a dia.
Eramos felizes assim. Muito felizes, diriam alguns. Claro que ao nosso modo!

Ás vezes, em certos dias...
Isto porque ninguém é de ferro, preparávamos um fado com uma galinha gamada do poleiro de alguém. As raposas eram ladinas nesses tempos...
Pois bem, quero contar esta história porque ela é de se relembrar.
Nem todas as galinhas tinham o mesmo destino gastronômico. Esta de que lhes vou falar teve um muito diferente do da grelha ou da panela.
Certa vez, os meus dois delegados...
- Já lhes falei de quem eles eram lembram?
Estavam, tarde da noite, a caminho da casa de um deles. Ao descer por uma rua, lá para os lados do vale repararam, que a porta da casa, onde só vivia um casal, estava meia aberta. Desconfiaram, de que alguma coisa estava errada, pois o marido estava fora. Para tirar as dúvidas e, garantir que a paz e o sossego da aldeia fossem preservados, resolveram entrar para examinar o interior da casa. Com uma pilha na mão, vistoriaram os comodos.
Tudo estava no seu devido lugar. Os gatos dormiam, perto das cinzas da lareira. A dona de casa, acompanhada pela cunhada dela de 12 anos que lhe fazia companhia, dormia o sono dos justos no quarto do casal. No mais, tudo o resto estava na perfeita ordem.
Tudo muito certo e sem problemas, não fosse o facto, de que debaixo do braço dos delegados do regedor estava uma galinha pedresa, que tinham gamado em um certo poleiro, famoso pelas aves bem tratadas e da melhor qualidade. A galinha estava, imobilizada com a cabeça presa debaixo da asa.
Como lhes falei ninguém era de ferro e até mesmo os delegados do regedor eram seres humanos. A dita galinha, serviria minutos depois para fazer um fado, e já tinha receita certa: assada escarranchada na grelha com piri-piri e outros temperos.
Cientes do dever de autoridades e, contritos pelo ato praticado, resolveram fazer uma obra de caridade. Se o pensaram melhor o fizeram. Resolveram deixar a galinha ali mesmo, na entrada do quarto. Um presente para as donas da casa que seriviria para  uma canja para a família ao acordarem.
De boas intenções...
- Conhecem o ditado, nem sempre se faz a melhor caridade.
Deixaram a galinha e saíram sem fazer barulho porta a fora.  Trancaram a porta da entrada para garantir que a  ave não se escapulisse e acabasse com a canja.
Atordoada pelas voltas da cabeça debaixo da asa, a pobre, ficou alguns minutos sem se mexer, quieta e parada, dentro do quarto.
Mas, certa hora...
Assim que se viu sozinha, começou a esticar as penas, asas,  a andarilhar e a fazer o canto caracteristico: Cró-cró-cró, cró-có, cró-có, Cró-cró-cró, cró-có, cró-có. Não demorou muito acordou as pessoas. O barulho era muito grande , devem imaginar.
Ao acordar com o estardalhaço da galinha e, sem saberem do que se tratava, saíram a fugir pelas ruas a gritar: acudam, ardaguarda, que tem um diabo ou um espírito dentro de nossa casa.
Não tardou muito e o povo todo acordou em sobressalto.
Mesmo sem saber do que havia, teve gente que correu para a igreja a tocar os sinos a rebate.
Minutos depois estava a aldeia inteira parada á porta da casa.
Algo digno de ser visto:
As senhoras de idade, de olhos arregalados, pragejavam e diziam carvalhos e sobreiros para todos os lados. Uma coisa digna de cena pronta para os filmes mais terríveis de horror.
Os garotos em idade de escola escorripiavam por entre as pernas dos maiores para chegar perto e ver porque os adultos faziam tanta algazarra.
- Cruz, credo, Maria Santissima...
Mais ao fundo, discretas e comprenetadas, as beatas, rezavam e presignavam-se. Faziam o gestual com tanta gana, que os lenços não paravam em cima das cabeças. Cabelos despenteados, olhos cheios de remelas do sono perdido e o corpo trêmulo por ter sido jogado para fora da cama para acudir ao chamado do repique do sino.
A aldeia inteira estava ali não faltou ninguém!
Apesar da muita gente que veio para ver, demorou para ajuntar uns quatro ou cinco que fossem corajosos de verdade para entrar na casa e ver o que lá havia.
Teve até quem quisesse mandar o taxista ao Urrós para buscar o bruxo. E dizia que isto era coisa para ele, e decerto havia de saber o que fazer para espantar esta coisa.
- A salvação chegou logo…
Sempre teve valentes em Castelo Branco, porque se fosse por estas pessoas ainda lá estavam até hoje á discutir na porta o que era melhor fazer.
Uns rapazes mais corajosos, que estavam de folga da recruta nos pára-quedistas, resolveram salvar a população albicastrense.
Por falta de fuzil ou G3, armaram-se de umas varas das chouriças que estavam encostadas á porta da casa. De mão empunhada,com este armamento tão perigoso,  entraram em formação e manobra de ataque, como aprenderam nos exercícios de guerra dos pára-quedistas. Uma ação digna da força Delta.
De novo parecia, que Castelo Branco, estava em um filme...
Abriram a porta da casa. Entraram e sem que desse tempo de piscar os olhos, sumiram da vista de todos, na escuridão.
O povo, parado na rua ficou calado e em silencio, embasbacado, pelo medo, na espera e tensão do que iria acontecer.
Dava para pesar o medo em arrobas e medir o cagaço em alqueires. A maioria nem piscava os olhos. As caras estavam pálidas como as pedras da calçada a refletir a luz branca e gélida da lua cheia que subia a pique no ceu. Só de olhar as caras dava medo...
O silencio foi interrompido por chiados estridentes, no alto dos telhados. Teve gente que estremeceu e caiu no chão.
Felizmente eram só duas corujas que coitadas e distraídas do mal alheio andavam na labuta diária de pegar uns ratos para a ceia dos corujinhos. As inocentes e dedicadas aves, quase matam de susto meia dúzia de velhinhas.
Não há duvidas que é coisa do outro mundo!
Diziam... E troca a presignarem-se com mais vontade e força.

Nisto ouvem-se os passos dos rapazes a voltar para a rua.
Suspense e nervosismo...
Um roçar de roupas e arremedos das mães a puxar os filhos para debaixo das saias em ato de proteção maternal. Vai que sai de lá de dentro da casa um bicho feio e fedorento!
Os homens levantaram as espalhadouras, machadas, calagouças e outras peças que tinham nas mãos  caso fosse preciso entrar em  guerra, prontos para avançar em reforço dos valentes e corajosos paraquedistas que entraram nesse covil do desconhecido para salvar a todos.
Surpresa geral…
Na mão dos rapazes, uma galinha pedreza. Gorda e muito bonita.  Daquelas que são engordadas do fim do verão até ao natal para encher as alheiras.
Decepção geral...
Reclamam todos!
Que frustração!
Voltam-se uns contra os outros a dizer:
-Sai o povo todo em alvoroço, para salvar uma galinha?
-Isto  lá é coisa que se faça?
As más línguas já tricotavam as costas das donas de casa por terem sido tão fracas e por terem tirado a todos do sossego do lar.
- Como poderam fazer isto?
- Carvalho, daqui
- Sobreiro de lá,
Mas eis que chega o dono da galinha.
Ao ver a criatura ali exposta grita.
- Esta galinha é minha.
Garante a todos que ela foi pessoalmente fechada no galinheiro e que a ave ficara lá bem guardada ao cair da noite.
Se estava ali na casa da vizinha, alguma obra tinha que ter!
Por se tratar de um homem de bem, gente de respeito, desfez-se o ajuntamento e voltaram todos para casa.
Dia seguinte, pelo sim pelo não, que o caso ainda estava mal resolvido, chamaram o padre para benzer a casa.
O pior de tudo e para a infelicidade de alguns ajudantes do regedor, a partir daquele dia os galinheiros passaram a ter mais uma tranca nas portas.
Muita fama as raposas levaram naqueles anos de invernos longos sem televisão e nem luz elétrica.

Coitadas das raposas tinham a fama.
Mas era de outros o proveito!
E não foi sempre assim?

19/02/2010

Ribeira das pombinhas

Autor: Albano Solheira
Lameiros na ribeira das pombinhas.

Ao andar por estes lameiros,
Encontro sentado perto da ribeira,
Um menino que brinca de sonhar.

Tem os pés dentro da água,
As mãos enfiadas na areia
Rosto enlevado a olhar o céu.

Fala sozinho num diálogo solto,
De aventuras, perigos, conquistas,
Planos mil para quando crescer.

Não me olha, nem se apercebe
Que cheguei e, fico a olhar,
Parado para ouvir o que diz.

Gesticula e faz desenhos no ar,
De batalhas, campanhas, vitórias,
Viagens, mares, navios piratas.

A coragem e a simplicidade
Fazem-se sorrir e participar
E sentar pra brincar também.

Os anos passam a idade não.

Albano Solheira

18/02/2010

Sabor incompáravel do almoço de Carnaval

Autor: Isaias Cordeiro
Sabor incomparavel do almoço de Carnaval: “Vagens secas, batatas, bulhos, pés do porco, rabo e  orelha regados á farta de azeite e vinho da terra. Um raro prazer rico de aromas e sabores que pode ser apreciado nas casas de Castelo Branco nesta data.Há bem pouco tempo foi publicado no Portal um pequeno artigo com o título “Fumeiro - uma olhadela gastronómica” sendo que por motivos alheios á minha vontade não foi terminado como inicialmente tinha previsto. Assim e por entender trazer este tema novamente enquadrado na tradição carnavalesca no que toca a gastronomia da nossa região e como tal também a do nosso Castelo Branco onde não faltam em lar algum “Vagens secas, bulhos ,pés do porco, orelha, etc mesmo que porventura tenha que se adquirir nos locais de venda de fumeiro artesanal.
Curiosamente esta tradição secular está a ganhar inúmeros adeptos em toda a região Trasmontana ultrapassando já não só as fronteiras desta província como as do próprio país. Curiosamente esta tradição secular está a ganhar inúmeros adeptos em toda a região Trasmontana ultrapassando já não só as fronteiras desta província como as do próprio país. Em todo o Portugal se come Bulho ao qual chamam Butelo mas as vagens secas são por muitos desconhecidas ou rejeitadas por desconhecimento total desta conjugação de sabores. A criação de Confrarias e outras Associações bem como a forte divulgação tem permitido aumentar o número de apreciadores deste prato tradicional que aquece o estômago e a alma em tempo frio dada a sua condimentação.
A criação de Confrarias e outras Associações bem como a forte divulgação tem permitido aumentar o número de apreciadores deste prato tradicional que aquece o estômago e a alma em tempo frio dada a sua condimentação. Não estranho que lhe chamem iguaria, conto uma passagem a propósito deste prato confeccionado fora de portas Trasmontanas mais concretamente na Avenida vinte e quatro de Julho em Lisboa num pequeno restaurante em frente á Gare Marítima de Alcântara penso que no ano de 1966.
O meu avô Cordeiro e a pedido do meu tio enviou uma pequena encomenda composta de vagens secas , pés e orelha tirados do sal e ainda o mais importante, Bulhos, bochas, e umas chouriças. Já tinha previamente tratado com o dono do restaurante de quem era amigo para lhe confeccionar este prato para nós e alguns amigos.
Numa risada sarcástica o proprietário cedeu a esta pretensão solicitando ajuda por ser estranha e desconhecida tal receita culinária. Efectuados os tratamentos prévios e prestada ajuda lá se cozinhou em Lisboa um almoço carnavalesco ALBCASTRENSE em que os que nunca saborearam este manjar foram os que insistiram na repetição deste manjar mesmo fora desta quadra.
Pena foi que não houvesse por lá nessa altura um vinhito da nossa região demarcada de Castelo Branco, Vale de Cabreiro, Miuteira, Chousas Concertada e outras.
Falo deste tema porque faz parte da nossa tradição, nosso passado, nosso presente e ajudar-nos-á a recordar quiçá com saudade todos os usos e costumes da nosso Castelo Branco que devemos manter no espírito e na prática não permitindo que desapareçam as coisas boas que ainda nos restam.
Gentilmente foram-me facultadas algumas fotos (preferem anonimato) do exemplo em como a tradição nalguns casos ainda é como era.
 O porco pendurado. Depois de morto toca a escorrer para desfazer. O porco pendurado. Depois de morto toca a escorrer para desfazer.
O fumeiro “ Esse ilustre senhor de todos os males” 
O fumeiro “ Esse ilustre senhor de todos os males”

Até breve
Saudações Albicastrenses
Isaias Cordeiro

13/02/2010

UMA COMÉDIA ALBICASTRENSE

Autor: Isaias Cordeiro
Fotografia tirada em Castelo Branco durante uma peça de teatro apresentada em 1962. Que teve a participação de - Otília Frontoura - Valdemira Frontoura - Carminda Freitas - Esperança Paulo - Arminda Paulo - Dulce Pombo - Afonso Freitas - Abílio Almeida - Elísio Ferreira - Aníbal Pires - Alcindo Moreira
Castelo Branco, 1962
Local da comédia: Antiga Curralada do Senhor Acácio Costa, actual casa do senhor Armindo Pereira.
O Elenco: Otília Frontoura, Valdemira Frontoura, Carminda Freitas, Esperança Paulo, Arminda Paulo, Dulce Pombo, Afonso Freitas, Abílio Almeida, Elísio Ferreira, Aníbal Pires, Alcindo Moreira. Faço referência aos que conheço, peço desculpa se falta algum. A listagem será corrigida sempre que necessário.
Das várias conversas havidas com alguns dos intervenientes realço, no franco convívio da mocidade de Castelo Branco iniciativa cujo autor desconheço mas a quem quer que seja só posso endereçar os parabéns pela força organizativa, pelo espírito de grupo, pela alegria transmitida e pela forma em que cada um ou no seu todo exibiram em palco o seu talento e a avaliar pela decoração e arranjo verificamos que nada foi ao acaso numa grande manifestação cultural.
É justo que os parabéns sejam extensivos aos autores dos versos, da coreografia, ensaístas aos actores e a todos quantos de forma directa ou indirecta participaram no evento.
É verdade que á data decorria o ano de 1962 e esta aldeia jorrava alegria por acontecimentos expressos num dos textos. O Estado Novo dotava esta freguesia de dois bens essenciais, rede de águas e calcetamento das ruas. Mesmo sendo tempos difíceis era tempo de festejar. Gente nova não faltava, havia união, respeito pelo próximo, amizade sem limites, entreajuda, lembram-se das torna-geiras ou das malhadas nas eiras? Repartia-se o trabalho e quantas vezes o sofrimento!
Hoje, só carolice e grande paixão torna possível estas coisas. Por bem pequena que seja a equipa ou o grupo é sempre grande a dificuldade na sua mobilização. Olhemos para as iniciativas dos últimos vinte a trinta anos o que lhes aconteceu! Pena mas ainda podemos acreditar.
Estou grato a todos quantos me ajudaram neste trabalho disponibilizando-mo parte do essencial para a sua elaboração com especial obrigado a:
- Otília Frontoura e Valdemira Frontoura pela cedência dos textos.
- Carminda Freitas pela disponibilidade que sempre teve para dialogar sobre este evento.
Acredito não estarem todos os versos da comédia neste trabalho mas prometo serem adicionados á medida que forem surgindo.

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ABERTURA DA COMÉDIA:
(Apresentação por Valdemira Frontoura)
I
Meus senhores e minhas senhoras
Desejo a vossa alegria
Que não tenham tido dores
Nem de noite nem de dia
II
Vai já começar a festa
Com muitas coisa e loisas
Com artistas de alta testa
Que sabem dizer as coisas
III
E se alguém se enganar
Não se riam, não senhor
Que isso faz desanimar
IV
Dêm antes muitas palmas
Cada um dê as que possa
Para animar nossas almas
Nesta festa tanto nossa


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HINO DE CASTELO BRANCO:
(Alterado p/o evento)
I
Castelo Branco aldeia Bela
És a mais bela do nosso Portugal
Tu és a luz e a verdade
Tens o condão de ser nobre e ser leal
II
Aldeia Velha e amiga
Faz-me lembrar estas novas tradições
Aldeia velha e antiga
Com teu bairrismo conquistas os corações
III
Linda aldeia de sonho e luz
És a verdade e a graça que em ti reluz
Aldeia nobre e trabalhadora
Do rico ao pobre és a mais fiel Senhora
IV
Adeus que me vou embora
Com a saudade entoando esta canção
Adeus que me vou embora
Com a saudade dentro do meu coração


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DANÇA:
I
O pandeiro que eu toco
É da pele duma ovelhinha
Ontem morava no monte
Hoje mora na casinha
II
Quero cantar ser alegre
Que a tristeza não faz bem
Eu nunca via a tristeza
Dar de comer a ninguém
III
O pandeiro que eu toco
Não é meu é da Maria
Que lhe pedi emprestado
Para tocar na romaria
IV
Ai Jesus que eu já não posso
Ai Jesus que eu já não sei
Ai Jesus que eu já não posso
Cantar como já cantei


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(TÍTULO DESCONHECIDO)
I
Eu sou a rosa da Primavera
Sou tão formosa
Que todo o meu brilho impera
Sobre o jardim
Que contempla minhas cores
Eu sou assim a rainha das flores
( Refrão )
Somos as flores formosas
De tons inebriantes
E perfumes cativantes
Onde lidam mariposas
Esvoaçando ditosas
Vão poisar por um instante
II
Sou malmequer de tenra idade
Toda a mulher
Me procura com fervor
Só para saber
Se alguém me tem amizade
Ou se a invade
Algum desgosto de amor
III
Sou o jasmim de alva candura
Chamam-me a mim
A flor de todas a mais pura
IV
Sou o lírio de todas as cores
Sou o martírio
De uma alma torturada
De graça infinita
E de aspecto original
Eu sou assim
O mais lindo de Portugal
V
Eu sou… quando á tardinha
A borboleta vem poisar de levezinho


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PROVINCIAS PORTUGUESAS
I
Para saber o que são canseiras
Ando sempre na terra metido
Lavro montes e cavo ladeiras
Mas trago fartura comigo
II
Do Minho para o Alentejo
Ando sempre num virote
Quem será que não conhece
O Alentejano capote


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VERSOS FEITOS QUANDO METERAM CALÇADA NAS RUAS E ÁGUA EM TODOS OS MARCOS
I
Castelo Branco já tem calçada
Bendito se o Estado Novo
Água canalizada
Já nos parece outro povo
II
Quando íamos á soalheira
Com canseira
Buscar água para beber
Agora vede
Chegas a qualquer torneira
Sem canseira
E já mais ninguém tem sede
III
Quando as lamas mal e eternas no inverno
Cobriam o povoado
Que atrasado
E agora com as calçadas bem lavadas
Parece o povo mudado
IV
A todos que nos ouvis
Aplaudis se somos o que nós julgamos
Presenteamos quando nos dais a escola
Que consola aonde bem nos sentamos.

Casa Grande pb grande vista lateral

11/02/2010

É tempo do Entrudo !

Autor: Aida Freitas Ferreira
Em Castelo Branco não se diz nem se celebra o Carnaval mas sim o Entrudo.
Há semanas que as festividades têm lugar. Entre “torreadas” de discurso jocoso e troça pública, que vão pela noite dentro, cacadas boas ou más que entram pelas portas menos acauteladas ou ainda os Entrudos que nos visitam nas noites frias e nos aquecem o espírito e enchem a casa de risos. Neste caso a tradição é o que sempre foi!
Dos doces ao pó de arroz, que se mistura com a farinha, nas perseguições feitas ás raparigas, que em muitos casos se refugiavam em casa.
Destas perseguições deixo-vos excertos de textos que encontrei na pasta da escola do meu irmão, que acho que tão bem retrata a “doideira” que inebriava estes dias.
“ O Entrudo é um dia muito alegre.
Vestem-se os Entrudos.
Os rapazes enfarinham as raparigas com pó de arroz e à noite fazem-se os casamentos.
Os Entrudos são muito engraçados mas metem medo às pessoas.
No Entrudo comem-se os pés e as orelhas de porco e, também se comem as rusquilhas e os milhos.
Eu gosto muito do Entrudo!
Fevereiro de 1979”
“No Carnaval, eu e o Artur, logo de manhã, fomos enfarinhar a irmã do Paulo. O Artur foi para cima do terraço da casa do Paulo e eu pus-me atrás da porta. Quando ela abriu a porta enfarinhei-a.
Depois, nós os três, fomos correr as ruas ver se víamos mais alguma rapariga. Não vimos nenhuma, mas durante a tarde enfarinhamos muitas.
Quando íamos enfarinhar a Dulce a avó dela veio com uma lata de água e despejou-a em cima do Paulo e eu e o Fernando fomos buscar uma lata de água e despejámo-la em cima dela.
O Carnaval é um dia muito divertido.
Fevereiro de 1980”
Dos doces deixo-vos a receita das rosquilhas!
rosquilhas Esta época estende-se até à quarta-feira de cinzas, contudo os dias mais vividos são o Domingo Gordo e a terça-feira de Carnaval.
O domingo é “Gordo” porque as refeições são à base de carne de porco, conforme a bela descrição da “Expressão Escrita” do meu irmão e dão início do período de abstinência da Quaresma.
A terça-feira de Carnaval é marcada pelo enfarinhar e pela troca de pó de arroz, pelos homens disfarçados de mulher, pelas diabruras de alguns mascarados que aproveitam este dia para dar largas à sua imaginação e à sua personalidade.
Para enfarinhar vale tudo. A aldeia acaba mesmo por entrar numa correria. Subir a varandas, trepar aos telhados para enfarinhar as raparigas mais apetecidas e que se recusam a participar desta tradição.
Ao cair da noite há os casamentos, a troca de rosquilhas e o baile.
Os casamentos são feitos de embude na mão, percorrendo as casas das moças casadoiras. O solteiro mais velho da aldeia diz” Oh, Sr. “fulano”! A sua filha já se quer casar. Quem lhe havemos de dar para a contentar? Há-se ser o “…” que é bom rapaz e é capaz de a sustentar.”
Se a rapariga aceitar o rapaz que lhe é proposto abre-lhe a porta, serve-lhe as rosquilhas e depois combinam hora para a acompanhar ao baile.
Receita de Rosquilhas clique na imagem para aumentar

10/02/2010

Quem são ?

Esta fotografia foi tirada em Castelo Branco, na porta da escola primária, há alguns anos atrás.
Saiu do Porto e chegou por e-mail a São Paulo, no  Brasil e, de novo, por e-mail, de lá, até Santa Catarina , para ser publicada. Rodou alguns continentes antes de entrar no site e blog...
E os colegas de classe onde estão? Será que a internet consegue reunir novamente esta turma? 
Turma de alunos da escola primária de Castelo Branco... Clique na foto para ampliar!
A legenda com o nome  dos presentes na fotografia foi propositalmente omitida.
Consegue reconhecer os amigos? 
Deixe seus comentários no site http://www.castelobrancomogadouro.com/!

08/02/2010

40 Anos de saudades!

Autor: Zulmira Geraldes
Igreja de Vale de Porco
Envio, apenas a titulo de curiosidade, algumas fotos que tiramos no encontro que fizemos aqui em casa.
Veja que as "meninas" de Vale de Porco são cada vez mais encantadoras!
Um encontro desses não é todo o dia que o podemos fazer, pois todos nós vivemos tão atribulados neste mundo moderno que nos esquecemos dessas “coisinhas” tão simples e, ao mesmo tempo tão valiosas da convivência com a gente querida da nossa terra.
Na verdade Vale de Porco é tão pequena que acho que quase todas somos parentes e nos sentimos assim mesmo, uma família.
Todas nós viemos de lá no finalzinho da década de 50 e anos 60. Claro, trazidas pelos nossos pais pois algumas não tinham mais que 2 ou 3 anos de idade. Outras já tinham mais, mas todas éramos ainda meninas quando viemos para cá. Acho que foi uma geração que Portugal perdeu naqueles tempos de Salazar. Estava todo mundo “vindo pró Brasil". Aqui crescemos e formamos novas famílias. Hoje nossos filhos são, sem duvida, parte da juventude que orgulha este país.
Sempre tive vontade de reunir a gente da terra aqui em casa para alegrar meu pai já velhinho (que é irmão do tio Manuel, pai do teu cunhado Antero). O tio Narciso, como todos o chamavam, gostava muito de reunir os amigos . Nos nossos primeiros tempos de Brasil a casa do meu pai parecia um centro de encontro, pois quase todos os fins de semana tínhamos visitas. Meu pai era muito alegre e querido, gostava de música e tocava guitarra e a minha mãe fazia umas comidinhas portuguesas, então tudo acabava em festa.
Mas recentemente, já viúvo e velhinho, ele foi piorando e a oportunidade foi se acabando. Há um ano e meio atrás ele se foi. Eu estava numa tristeza e com tantas saudades que conversando com a minha prima Cândida ao telefone, resolvemos marcar um encontro da turma mais ou menos da nossa idade.
Combinamos com certa antecedência para todas reservarem a data. Fomos conseguindo os contatos através de uma e outra que contactavamos e em pouco mais de um mês conseguimos encontrar todas. Somente 3 não vieram, mas na próxima tenho certeza de que vamos nos reunir todas.
Foi um encontro emocionante, movido a emoções puras, quase infantis. Algumas já nem reconhecíamos de tanto tempo sem nos vermos. Mas era só falar o nome que os abraços emocionados aconteciam e às vezes nos levavam às lágrimas. Como já não Meninas de Vale de Porco a dançar o vira em São Paulo Brasiltínhamos o som da guitarra do meu pai, selecionei algumas umas músicas portuguesas desde Amália Rodrigues, Carlos do Carmo e outros até uns deliciosos viras o que inevitavelmente nos fez cair na dança E repara... todas afiadinhas.
Olhem a nossa foto  dançando o vira. Não teve uma sequer que ficou sentada no sofá. Dançamos até cansar! Foi tanta, tanta, alegria que à noite nem conseguia dormir de tão feliz que fiquei! Como é bom matar as saudades!!!
 Na foto temos: Acima a Fabiana com o filhinho (é filha da Candida Parreira) Depois temos: Judite (filha da tia Luzinha): Adélia (neta da tia Clarinda); Aldina (filha do Narciso e Inácia e é minha irmã); Candida (filha da Maria Eugenia e Amadeo) Lurdes (filha da tia Tereza e Manuel Tomé e minha prima); Candida Parreira (filha de Manuel Salgueiro e Umbelina) Zulmira(eu..filha de Narciso e Inácia); Julieta (filha de Antonio Carvalho e Maria do Ceu); Judite( filha de Antonio Salgueiro e Maria Augusta); Diolinda (filha da tia Domicilia; Juventina (filha da Maria Eugenia e Amadeo); Natalia esposa de Manuel Duarte (este de V.deP.)..mas ela é de Vila Châ. Na foto temos: Acima a Fabiana com o filhinho (é filha da Candida Parreira) Depois temos: Judite (filha da tia Luzinha): Adélia (neta da tia Clarinda); Aldina (filha do Narciso e Inácia e é minha irmã); Candida (filha da Maria Eugenia e Amadeo) Lurdes (filha da tia Tereza e Manuel Tomé e minha prima); Candida Parreira (filha de Manuel Salgueiro e Umbelina) Zulmira(eu..filha de Narciso e Inácia); Julieta (filha de Antonio Carvalho e Maria do Ceu); Judite( filha de Antonio Salgueiro e Maria Augusta); Diolinda (filha da tia Domicilia; Juventina (filha da Maria Eugenia e Amadeo); Natalia esposa de Manuel Duarte (este de V.deP.)..mas ela é de Vila Châ.
Na foto temos: Acima a Fabiana com o filhinho (é filha da Candida Parreira) Depois temos: Judite (filha da tia Luzinha): Adélia (neta da tia Clarinda); Aldina (filha do Narciso e Inácia e é minha irmã); Candida (filha da Maria Eugenia e Amadeo) Lurdes (filha da tia Tereza e Manuel Tomé e minha prima); Candida Parreira (filha de Manuel Salgueiro e Umbelina) Zulmira(eu..filha de Narciso e Inácia); Julieta (filha de Antonio Carvalho e Maria do Ceu); Judite( filha de Antonio Salgueiro e Maria Augusta); Diolinda (filha da tia Domicilia; Juventina (filha da Maria Eugenia e Amadeo); Natalia esposa de Manuel Duarte (este de V.deP.)..mas ela é de Vila Châ.
Nesta foto temos as "meninas" de Vale de Porco e mais algumas muito queridas que são esposas de "meninos" de Vale de Porco: Fabi e o Filhinho (filha e o netinho da Candida Parreira) a seguir: Atras em pé:Candida Parreira; Candida (filha do Amadeo); Diolinda; Aldina; Fabia(que é irmã da Felicidade e são mirandesas); Julieta;Lurdes Tomé;Natalia (esposa do Manuel Duarte)e Judite Ruivo. Na frente agachadas: Felicidade (encostada no meu ombro é esposa do Toninho ferreiro); eu Zulmira; Juventina; Judite da tia Luzinha;; e Adélia neta da tia Clarinda..
Apresentação de slides do encontro


Nota do autor do Blog:
Castelo Branco e Vale de Porco sempre estiveram muito ligadas. 
As duas aldeias disputaram durante muitos anos a “posse” da Capela da Freixeda. Outros tempos felizmente. Foram episódios e muitas histórias de desentendimentos e brigas. Mas o tempo  apagou tudo da mente das novas gerações. A festa da freixeda é um motivo de celebração e alegria e a capela o orgulho de todos.
Da minha parte e acredito que de todos os albicastrenses, são muitos boas as lembranças desta aldeia do seu povo e tradições. Recordo com muitas saudades de meus primos, Acurcio, Pedro, Silvestre,  e das tias e do carinho de todos ao nos receberem nas festas da Freixeda. As merendas á sombra dos olmos e freixos dos lameiros, as colchas estendidas na erva depois da procissão á volta da Capela e do arremate dos ramos de oliveira carregados de rosquilhas. Um povo acolhedor de gente de coração grande e nobre.
Segundo reza a lenda, Vale de Porco teve origem no sítio da Freixeda onde se encontra hoje a Capela da Nossa Senhora da Encarnação. Este local foi abandonado devido a moléstias que apareciam nas pessoas, principalmente nas crianças. Perante o descontentamento dos habitantes da Freixeda (a poente de vale de Porco) foi tomada a decisão de abandonar este local e ir à procura de outro sítio que lhe oferecesse melhores condições de vida. Sendo estas pessoas essencialmente criadoras de porcos, tomaram a iniciativa de soltar os porcos e deixá-los escolher o novo acampamento. Os animais vieram para nordeste num vale fértil e abundante em água. Deste modo surgiu Vale de Porco. A freguesia era pertença dos Marqueses de Távora, passando para o padroado real em 1759. Pertenceu ao termo de Bemposta e mais tarde ao de Mogadouro. Festas e romarias: S. Miguel (29 de Setembro), S. Brás (3 de Fevereiro), Senhora da Encarnação (25 de Março) e Festa do "Chocalheiro" (de 25 de Dezembro a 1 de Janeiro). Património: Igreja Matriz construída na segunda metade do século XVI, com torre sineira de dois andares, tendo a sua construção substituído uma outra que existiu no mesmo local durante a Idade Média; Capelas da Senhora da Encarnação e de Santa Cruz. Cruzeiro e praia fluvial.
Veja apresentação de slides das fotos da procissão e festa da freixeda no seguinte link do site de Vale de porco de onde foi extraidas esta Galeria de Fotografias – da Sra da Encarnação. Vale a pena visitar este site. http://valedeporco.com/ Uma excelente amostra das tradiçoes da terra. Exibir num 510152050Todos
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Tempos atrás chegou um post ao blog revisitandocastelobranco que escrevi sobre a escola primária (leia o artigo ao seguir o link).  Este post foi o ponto de partida de alguns e-mails e inicio de uma ótima companhia nas paginas do blog e tambem uma história de reencontro.
Leia a postagem da Aldina:
Essa escola também faz parte de minhas lembranças. Sou de Vale de Porco, mas, lembro-me que, na minha época de escola primária, os alunos da escola primária de Vale de Porco, eram selecionados e, levados ao final do ano letivo, a Castelo Branco para fazer um exame, o qual definiria quem seria ou não aprovado para frequentar a próxima classe (ano).
Esse exame era uma verdadeira tese (para uma criança) pois tinha exame escrito e oral. Todos os colegas assistiam e, os pais também. Analisavam o exame, as professoras de Vale de Porco e de Castelo Branco.
A professora que me levou para fazer o exame, era a D. Irene, que era de Castelo Branco. Ela tinha 3 filhos; Gualdino, Dulcínea e Maria Aline. Soube através de amigos que a Dulcínea faleceu de leucemia. Se alguém souber da Maria Aline (que é de Castelo Branco), gostaria de ter algumas informações, pois fomos grandes amigas.
Imediatamente ao ler a postagem fiz contato com o Gualdino e Aldina e através deles com a Maria Aline. Desta forma restabeleceram-se laços de amizade de muitos anos atrás.
Com este artigo de hoje fecha mais um laço.

03/02/2010

Crónicas do ultimo Regedor de Castelo Branco

Autor: Arlindo Parreira
Para os que chegaram agora ao site, sugiro que antes de lerem esta crónica, leiam o primeiro artigo para poderem acompanhar a cronologia dos factos e actos.(Clique aqui para ler o artigo)
Depois das eleições e da instauração da mucracia em Castelo Branco. Dirigi-me à câmara de Mogadouro para ser empossado.
Lá estava eu, o novo Regedor, pronto e cheio de vontade de exercer o cargo. Recebi os equipamentos, as instruções, orientações e passaram-me a cartilha com as ideias do que era ser um bom Regedor.
Uma das primeiras actividades de que tomei parte foi a de nomear e numerar as ruas e casas de Castelo Branco. Alguns da época ainda devem lembrar-se disso. Os mais novos saibam que os nomes actuais são os que foram dados naqueles tempos.
E pasmem, estes nomes permanecem até hoje. Ao usarem os “GPS” no carro ou quando forem pesquisar no Google maps, e no Google heart, as ruas de Castelo Branco, vão encontrar os nomes que foram dados naqueles anos.
Quem diria que ficariam na história e permaneceriam até hoje? Sigam o link para verem o mapa actual.
Olhando para trás acredito que tivemos uma visão de futuro. E esta visão demonstrou ser muito acertada. Já estávamos a pensar que um dia teríamos nos carros de bois e machos, ou nos tractores, um GPS instalado para fazer a acarreja.
Captura de tela inteira 322010 012958.bmp

Voltando ao facto histórico:
A mucracia e o progresso exigiam que fossem nomeadas e classificadas as ruas de todos os lugares e mesmo sendo pequena a aldeia era uma orientação pertinente.
Vai que algum dos habitantes se perdia ou não conseguia achar o caminho da volta da horta para casa.
Agora imaginem o trabalho que isto deu. Cada um queria por o nome de parentes ou conhecidos ás ruas. Não foi fácil chegar a um acordo para definir os nomes.
Porem quero deixar registado um facto que é muito importante:
Recordo que na época fiz de tudo, mas de tudo mesmo, para dar o nome de Cândido Peixe à Rua que hoje se chama, de Rua das flores.
O motivo de querer dar este nome: Era no café dele que nos encontrávamos para combinar, discutir e acertar o que se precisava para a aldeia. Era lá mesmo, enquanto bebíamos uns copos pedíamos opiniões e confesso que muitas delas foram extremamente importantes para o futuro e a bem da mucracia e de Castelo Branco.
O meu saudoso e estimado amigo. O nosso amigo Cândido sempre nos ajudou com muita paciência e disposição. Antes de eu ser regedor ele já eu era meu amigo da brincadeira provocatória, e depois que fui eleito ele passou a ser também um conselheiro. O meu obrigado a ele.
Infelizmente não consegui e, fui voto vencido, na escolha do nome dele para a rua. A maioria não aceitou. Fiquei triste por não ter conseguido e hoje até entendo que iria constranger os demais que também queriam o nome da família na sua rua, mas este era um caso bem especial, que teria homenageado para sempre quem tanto ajudou.
O que poucos conhecem é que mesmo a rua não tendo o nome dele foi ele que a nomeou e escolheu o nome de rua das Flores. Portanto mesmo sem ter o seu nome na rua  foi ele que a baptizou.

Quero aproveitar deste espaço para isso e em memória faço este testemunho e depoimento como uma homenagem. Os que viveram aqueles dias lembram-se bem dele e do grande homem que foi.
Das outras histórias, que estão por contar é só vir por aqui de vez em quando. Continuem a ler, que tenho muito o que falar.

Fumeiro - Uma olhadela gastronómica

Autor: Isaias Cordeiro

O sacrificio do presunto- O sabor é melhor que o aspecto de certeza!!!
Numa olhadela gastronómica pelo nosso Trás-os-Montes vemos sobretudo nos meses de Dezembro e Janeiro grandes eventos sobre os fumeiros tradicionais sua confecção e sua comercialização.
Por estatuto já á muito adquirido toda a nossa zona prima na sua confecção dando-lhe cada um o toque a seu gosto sem adulterar o sabor tradicional inconfundível com qualquer outro que por ventura queiram imitar.
A comunicação social sobretudo as televisões mostram e difundem imagens vezes sem fim das alheiras, azedos, chouriças, salpicões, bulhos, os presuntos e outros derivados do porco. Todas as iniciativas são de realçar e é uma boa ajuda na sua divulgação em prol dos trasmontanos.
Pena é que a nossa aldeia vá perdendo a tradição de matar o porco e fazer o seu próprio fumeiro. Há resistentes mas com andar dos anos acabar-se-á o que é pena, salvam-se os fabricantes industriais.
Acima falei de sabores! Sim, porque sou leitor atento e vejo o quanto nos incitam com lindas imagens de fumeiro, nas revistas de vinhos, nas revistas de turismo, nos boletins municipais etc, etc..
Numa olhadela pela nossa terra e no que toca a essas e outras iguarias todos exibimos o nosso bom gosto pela cozinha, pelo nosso fumeiro e pelo nosso presunto.
Acredito que toda gente com origem em Castelo Branco nossa terra, já saborearam todas estas coisas. Não sou muito defensor da teoria que diz “ Os olhos também comem “. A ser assim andamos todos de água na boca.
A propósito de imagens e sabores permitam-me este pequeno aparte em tons de boa disposição: Uma pesquisa sobre o que publicamos.
- O salpicão está no prato.
- As alheiras são bonitas.
- As sopas não estão amolecidas.
- Os presuntos estão pendurados.
(Disto nada se come ou saboreia apenas cresce água na boca)
Ao contrário, o presunto da fotografia está a ser sacrificado por quatro amigalhaços.
Faça como eles !!

A Confraria dos devotos na capela em cerimonial de degustação gastronômica
A Confraria exige seus rituais, e nesta hora devem ser seguidos todos. Os confrades que o digam...
Saudações Albicastrenses
Isaías Cordeiro