Revisitando Castelo Branco

27/04/2011

Visita Pascal 2011

Autor: Arminda Neto

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Segunda-feira…mais uma vez…”tirou-se o folar.”

Aguardamos certamente imagens maravilhosas deste dia; os registos fotográficos sucediam-se, memorizando o momento.

Num todo harmonioso, num impulso natural de cumplicidade, devoção e convívio fizeram a diferença: Castelo Branco, neste dia, foi genuinamente, Povo de Deus. Viveu-se a Festa do Aleluia… a Alegria em Festa.

Os sinos, a essência materializada dos cânticos do Céu, repicam e a sua candura sonora, enraizada nos costumes da nossa gente, contagia o grito de alegria e júbilo.

As casas, cuidadosamente preparadas escancaram as suas portas… Jesus vai entrar e, com Ele, familiares, amigos, vizinhos… O Padre Paulo alimenta espiritualmente o momento, não descorando a bênção de tudo e todos e, entre clamores “empresta” a sua voz a Cristo para até nós chegar a mensagem de que tudo tem mais valor se fizermos dos nossos corações perpétuas moradas do “Bem”, enquanto vontade de Deus… assim eu o entendo…”Beija-se a Cruz”, melhor, beija-se Cristo que pela cruz venceu a morte para nos “trazer à vida.

E… o cortejo pascal vai-se adensando com a chegada de uns e de outros que têm já um lugar cativo neste tão devoto itinerário. Enchem-se as casas, ocupam-se as ruas, soltam-se saudações e sorrisos, contraria-se a dor, usufrui-se da reconfortante saudade: saudade dos entes queridos que partiram; saudade da terra onde nascemos mas que, sem ter culpa, não pode garantir sustentos ou realizações pessoais e nos empurra para as terras adotivas; saudade de um bem-estar que, por momentos, nos torna ausentes de uma realidade social que muito nos constrange.

E…faz-se festa!!! As mesas postas, belamente ornamentadas, espelham o espírito hospitaleiro do nosso povo, onde o religioso e o profano interagem serenamente. De um lado um crucifixo, uma vela acesa, uma Sagrada Família… a “Páscoa” para o Sr. Padre; do outro, o folar, os doces os licores, as amêndoas. Então, entre cânticos de alegria, faz-se homenagem aos nossos ancestrais que nos deixaram o testemunho de fé, confiantes na perseverança das gerações seguintes. DEUS complementa – nos… mentor das nossas vidas, não apenas neste dia nas que espera ouvir de nós um Sim quotidiano.

Com os corações mais fortalecidos, recolhemos às nossas casas, convictos de que há momentos que fazem história…a história da nossa gente…a história de cada um nós.

Arminda Neto

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24/04/2011

Folar tropical

Luís Pardal

Antonio e Bia, Pascoa 2011

Fizemos o folar nesta Páscoa com a vontade de renovar a tradição e reviver os momentos e sabores da infância em Castelo Branco e de celebrar a nossa reunião. Apesar de estarem presentes dois albicastrenses, Luís Pardal e António Silva a responsável por avivar esta tradição, foi a Bia que é brasileira e filha de pais Alemães, que nos presenteou com um folar maravilhoso.

Ser albicastrense não é um atributo dos que lá nasceram mas, dos que amam nossa terra e seus costumes. A Bia é uma prova disso, ela e o António celebram 29 anos de casados e, durante todos estes anos, o folar esteve presente, graças ao empenho dela em aprender a receita da forma tradicional, e de a por em prática com maestria na Páscoa.

FELIZ PASCOA 2011- KARINA, BIA, ANTONIO, LUIS

Partilhar estas fotos é nossa maneira de desejar a todos uma Santa e Feliz Pascoa. De Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, António, Bia, Luis e Karina

Páscoa 2011 em Florianopolis, Antonio Silva e Bia e Luis Pardal e Karina

Procissão da Quinta–feira Santa na paróquia de Nossa Senhora da Assunção, Castelo Branco

Autor: Arminda Neto

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Vinte horas e trinta minutos! Hora marcada pelo Padre Paulo para a procissão da Quinta–feira Santa na paróquia de Nossa Senhora da Assunção, Castelo Branco.

No seu apelo à vivência Pascal convidou-nos a meditar nos últimos instantes vividos por Jesus na sua condição de Homem e a interiorizar o verdadeiro sentido da sua paixão, num ambiente de união, humildade e paz. Palavras sentidas certamente porque… Jesus atendeu-o!

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O dia chegou, apressava-se a hora. As cruzes da Via-Sacra tinham de ser colocadas pelas ruas da aldeia, assinalando o itinerário do sofrimento de Cristo, marcando as estações do seu destino. Sob a chuva que caía, a espera ansiosa do António Pires, “esperem por mim que eu vou ajudar”, (não tenha ele um lugar cativo na Casa de Deus em Castelo Branco) e uma certeza inabalável de que Deus está conosco transformando humildes gestos em grandes factos, traçou-se o percurso do Calvário.

Sem condições representativas mas com o entusiasmo de uma fé quase adulta, a Sacristia ganhou vida pois, nos nossos corações, a História de Jesus repetia-se. Num clima harmonioso e de partilha, o pastor e as suas ovelhas buscavam soluções para recriar exterior e interiormente, um pedacinho da vida de um Grande Amigo que se entregou por nós, por amor e como exemplo.”Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” Nos rostos, de pequenos e grandes, com sorrisos silenciosos, vislumbrava-se alegria e paz. Naqueles instantes apenas Jesus contava. Como Ele devia estar satisfeito! Que sede o Homem tem de convívio fraterno e verdadeiro!!!.....

A São, fazia surgir a figura de Jesus no Xavier, tornando-o, por mérito dos dois, quase real; a Aida, Mãe de Jesus que na sua postura parecia meditar silenciosamente no seu coração, aceitando mas não compreendendo, o destino do Seu Filho; a Marina que no papel de Verónica apertava em suas mãos um simples pano de linho pintado com o rosto de Cristo mas, no seu coração, aconchegava o Santo Sudário; a Rafaela, a Mónica, a Ana jovens disponíveis para darem vida à fragilidade humana, precisando-se….tanto… de consolo, daqueles que nos rodeiam e, sobretudo Daquele cuja misericórdia e o amor são infinitos. O Miguel, o Luís Miguel, O Pedro e o Eduardo que, na sua inocência passaram por condenar Jesus.

A chuva parou. O cortejo teve início; as lanternas que ladeavam a Cruz, seguidas pelas velas acesas nas mãos dos fiéis, rasgavam a noite com a certeza que a luz divina nos mostra sempre o caminho e que depois da noite vem o dia, depois da cruz vem a alegria. Como o silêncio foi eloquente!

A partir daqui… palavras para quê? As imagens falam por si …

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Castelo Branco deseja a todos uma Páscoa Feliz e…tal como Jesus fez, que cada um de nós sinta, neste tempo pascal, um convite à conversão.

Arminda Neto

20/04/2011

De Roma ao Eiró no dia de ramos

Autor: Sara Ingueira

No domingo de manhã quando passeava pelas ruas da cidade, ouvi ao longe uns cânticos que não me eram desconhecidos, pelo menos pela melodia, porem não consegui lembrar-me da letra. Eram cânticos que ficaram guardados na minha lembrança, que só ouvira quando criança, e que para minha surpresa chegavam como que a me chamar. Meus passos me fizeram seguir na direção de onde vinha o som. Caminhei sem conhecer por onde ia, apenas guiada pela minha vontade de saber de onde e porque estavam a cantar estas músicas que eu conhecia tão bem e que me fizeram voltar ao tempo de menina. De repente em uma rua estreita dei cara com a procissão dos ramos.

Este fim de semana fui visitar Roma. Uma cidade linda cheia de encantos. Vi a maravilha das maravilhas. No domingo de manhã quando passeava pelas ruas da cidade, ouvi ao longe uns cânticos que não eram desconhecidos, pelo menos pela melodia, porem não consegui lembrar a letra. Eram cânticos que ficaram guardados na minha lembrança, que só ouvira quando criança, e que para minha surpresa chegavam como que a chamar baixinho. Meus passos fizeram-me seguir na direção de onde vinha o som. Caminhei sem conhecer por onde ia, apenas guiada pela minha vontade de saber de onde e porquê estavam a cantar estas músicas que eu conhecia tão bem do meu tempo de menina. De repente em uma rua estreita dei cara com a procissão dos ramos.

Fiquei encantada não esperava que algo assim acontecesse. Sem mais nem menos fui atrás. Senti-me tão em casa que acho até, que acabei por cantar junto com as pessoas o mesmo cântico elas em Italiano e eu em português. Na hora o coração cantou sozinho e eu fui entoando sem saber muito bem o que cantava…

Enquanto isso, comecei a sonhar acordada enlevada por estas memórias tão fortes. Quando me apercebi estava no eiró, rodeada pelas pessoas de nossa terra e, como acontecia em todos os dias de festa, todos entoavam cantos enquanto seguiam em procissão. Feliz no meio de nossa gente, segui junto a cantar até a igreja… Estava em dois lugares ao mesmo tempo, na Itália, nos dias de hoje e em Castelo Branco muitos anos atrás.

Nesta procissão italiana a guitarra dava o tom e o acompanhamento das musicas e só nisso era diferente das procissões de nossa terra. Mas os ramos eram os mesmos ramos de oliveira. E as pessoas também os agitavam bem alto alegres e felizes na devoção. E ao ver este gesto tão familiar sonhei de novo com um domingo de ramos ha muitos anos atrás. Revivi  os galhos de oliveira enfeitados com rebuçados e bolachas, e a garotada a sair a correr da igreja para os ir oferecer aos padrinhos. Uma algazarra feliz e cheia de sentimento. Mas…o agitar e o barulho de dois grandes ramos de palmeira bem na minha frente fizeram-me voltar a realidade.

Mesmo muito longe, a minha terra faz-me sonhar e viver momentos felizes que ali passei, e que nunca vou esquecer,esteja eu onde estiver

Sara Ingueira

15/04/2011

Um aroma de folar…

Autor: Sara Ingueira

Olá a todos, bom dia.

Conto os dias como uma criança feliz! Faz algum tempo que ando a contar os dias que faltam para ir passar a Pascoa a nossa terra.

folarPassaram mais de 40 anos, porem o tempo não tem datas nem idade, pois por estes dias chegou  forte ao  meu nariz o aroma e perfume do folar acabado de tirar do forno, tão forte como se tivesse sido ontem mesmo.

Nesta época do ano, logo depois do domingo de ramos ao longo da Semana Santa,  era o mesmo aroma que perfumava a todas as ruas e lugares de nossa aldeia. Havia fornos pelos quatro cantos de nossa terra onde se faziam os mais deliciosos folares do mundo.

Quando criança, minha avó servia-se sempre do forno da senhora Marquinhas das Patas no curral do Tio Pardal. Era para nós garotas uma grade festa. Esperávamos inquietas pela bolinha que nos faziam para  provar logo. O meu Avo trazia uma carga de escovas secas para aquecer o forno. Eram uns costais muito bem feitinhos, ainda estou ouvindo a minha avo Arminda a dizer: GAROTAS saltai daí, ide desfazer os costais (enquanto bem arranjadinhos era mais fácil para os meter no forno). Mas, uma vez sozinhas no curral, em vez de trabalhar nós ficávamos a saltar em cima da lenha. Algum tempo antes da semana santa começávamos a guardar os ovos caseiros, assim o folar era mais amarelinho. Recordo que por vezes a minha avo também trocava os ovos por peixe (era negocio) pois nos só tínhamos 3 ou 4 pitas.

Quanto aos folares, uma vez cozidos e frios, lá iam eles envelopados numa toalha para a arca de madeira que se encontrava no cimo das escadas, Dentro desta arca não iam secar tanto enquanto chegava o domingo de PASCOA para encertar o maior.

Passados tantos anos, ao recordar estes momentos tão simples,  sinto-me de novo criança. Uma  criança grande, feliz,  por estes e tantos outros momentos maravilhosos que vivi na nossa terra.

Sara Ingueira

14/04/2011

Tempos de escola em Castelo Branco

Autor: António José Salgado Rodrigues

Foi ha muitos, muitos anos, era eu uma criança, que passei a frequentar a Escola em Castelo Branco e em que passou a ser Professor meu pai - Francisco Rodrigues - e se a memória não me atraiçoa, em 1946, uma vez que em 1948 fiz exame de 4ª classe em Mogadouro, na antiga escola de Conde Ferreira. Ficava essa escola num edifício a lado norte da Igreja, composto de um rés do chão e o primeiro piso amplo, que para a altura estava em regular estado de conservação e ao que vejo está a ser recuperado depois de alguns anos em estado degradado.No rés do chão exercia a profissão de sapateiro o senhor Guilherme e ao que me disse o meu "praça" Guilhermino Parreira aqui assentou arraiais e constituiu família.

Frequentávamos a escola uns 40 alunos de todas as classes. Não tínhamos aquecimento nem instalações sanitárias, nem greves, nem queixinhas se os filhos fossem castigados fisicamente por mau comportamento ou cabulice, eram os próprios pais que diziam ao Sr. Professor que lhe "arrumasse" quando as merecessem. Como os tempos mudaram !!! E que castigos nós sofríamos às vezes quase desumanos, como era o meu caso, que por ser filho do Sr. Professor levava sempre a dobrar, como se fosse grande pecado o eu ser filho! ... Mesmo quando havia pequenas desavenças se estava metido nelas, mesmo que os meus companheiros, em uníssono, diziam que eu estava inocente, para exemplo, eu tinha que as levar,o que foi criado em mim uma encoberta revolta. De entre os vários castigos sobressaia o castigo mais severo que era protagonista "a menina dos 5 olhos", também conhecida por "Santa Luzia", que dava "vista aos cegos e fala aos mudos" ... e que fala, principalmente nos dias com as mãos frias as palmatoadas eram mais dolorosas. (Para quem não conheceu tal dama veja o seu feitio no fim deste artigo).

Camaradas do meu tempo, ainda vos lembrais quando íamos para a frente de todas as carteiras e ali, lado a lado, respondíamos á tabuada e quando um não sabia passava ao da frente e assim sucessivamente até que o que respondesse acertado, iria dar uma palmatoada aos que tinham errado e se esse castigo não correspondia à forma como o Sr. Professor entendia, era este que lhe ensinava em como se davam as palmatoadas, pois nós não gostávamos de castigar com força os colegas. E tínhamos que ter as mãos para a frente para não contarmos pelos dedos, e se um deles era eu, "aprendia" a dobrar. Como eu sofria ...nunca pude esquecer de uma vez em que não sabia e sofri o descarregar de um azedume quase incruel, que levei tantas e de várias maneiras que até os bolsos das calças foram rasgados. Tínhamos que aprender à força. Mas deixemos coisas tristes, não tendes o direito de me aturar com tais recordações…

As aulas começavam às 9 horas até ao meio dia,tendo um intervalo a meio da manhã para irmos satisfazer as nossas necessidades fisiológicas indo logo de fugida para a Rua do Canilhão. Às 13 horas regressávamos para mais uma aula até às 16 horas e a partir das férias da Páscoa os da 4ª. Classe íamos merendar e regressávamos para continuar com os estudos mais aprofundados até às 18 horas para podermos fazer boa figura no exame. Havia gosto do Sr. Professor em que os seus alunos fossem sempre dos melhores e não se escusava a sacrifícios para o conseguir, sem direito a horas extraordinárias.Como os tempos mudaram. E ao que sei,em mais de 40 anos de professor,mesmo os que preparava para a admissão ao liceu, nunca lhe reprovaram qualquer aluno.

Ainda cheguei a frequentar a escola nova e lembro que as cantarias das paredes eram transportadas das terras de Bruçó em carros de bois característicos do Minho ou Alto Douro.

Vamos agora ver se consigo enumerar os antigos companheiros, sei que a memória me atraiçoa principalmente dos mais novos com quem tinha menos convivência e a todos peço desculpa mas não é por menos estima assim como por aqueles que o Senhor já chamou a si, e já foram bem de mais. Começo pelo António Amaral Afonso(filho mais velho do senhor Raul Afonso) que faleceu bem cedo em acidente de aviação, o Adriano Moreira, o António Canhoto(mau), Bernardino Luzeiro, Bernardino Mendes, Belmiro Cordeiro, Ernesto Silva, Adriano Rito, Francisco Carreiro, Armando Angueira, António Maria Freitas, Herminio Angueira, Dos que julgo ainda estarem vivos,começo pelo meu companheiro de carteira, o Padre Avelino José Neto, pároco em Lagoaça e residente em Mogadouro onde quase todos os dias o encontro, o llídio Parreira, irmão do meu afilhado Arlindo, éramos como irmãos, o Padre Orlando Martins, os irmãos Armando, Isaías e Zulmiro Malandras (manachos), Luis Carrino, Joaquim Ferreira (pedreiro como o pai),o Elísio Ferreira,os irmãos Armando e Mário Pires e seu cunhado Alberto Pires, Virgilio Neto, Jorge ..., Dário Pombo (por onde andam esses fados?), Norberto Pereira, Abel-bilhó- Luis Cordeiro, Norberto Pires, o Júlio,Alcindo Moreira,lé António Rito, Herminio Rentes,Afonso Freitas, António Costa, que foi P. da Câmara,António Caetano, Artur Pires(veneno),António Cosme, Nuno Almeida, llídlo lava, Agripino Fernandes,Toneca Sanches,o Virgilio Carreiro, (recordo quando assentou praça na escola levou a cédula para se matricular e o Sr. Professor ao ler, reparou que aquela cédula, embora fosse dele, constava que o mesmo já tinha falecido, ..Ó Vergilio,então tu já morreste e ainda aqui andas? o Vergilio Caló o carismático Toninho MÓ, que julgo nunca ter aprendido a ler e escrever, e que após uma aula de matemática com unidades, dezenas e centenas, o Sr. Professor mandou o Toninho ir ao quadro e escrever um M e um Ó, o que ele lá conseguiu desenhar e quando lhe foi ordenado para ele ler o que tinha escrito, o mesmo, muito senhor ao seu nariz, diz em voz alta e muito senhor do seu nariz 1/6 unidades, Sr. Professor", escusado será dizer que foi uma gargalhada geral. 

Que me desculpem os que deixo de inumerar pois ainda há alguns que tenho mais ou menos presente a sua fisionomia e quando os encontro até lhes falo de não é por menos estima, mas a memória atraiçoa, quero ainda invocar o Albino Tavares.

Ainda frequentei a Escola nova, já com melhores condições, instalações sanitárias, local para aquecimento, novos mapas onde podíamos identificar todo o Portugal Continental, Insular e Ultramarino, pois tínhamos que saber na ponta da língua e identificar nos mapas todos os rios, lagos, serras e caminhos de ferro, como os tempos passam, pois agora muitos professores os não sabem e ainda se queixam!..

Fora das horas de aula, nos dias pequenos a não ser a não ser aos fins de semana, quase não brincávamos, pois tínhamos de estudar e ao anoitecer, ao toque das Trindades, sim, porque naquele tempo havia o bom hábito do toque das Avé Marias, logo de manhã à hora de missa e ao anoitecer e que servia para uma recolha espiritoal e respectiva oração, e ai daquele que fosse encontrado na rua sem justificação ... Mas já me esquecia de vos narrar que aos Sábados o tempo de escola era reservado à limpeza da mesma e ao ensino da doutrina. Pela minha parte, mais à tardinha e quando os dias eram maiores, mais quentes, brincava com as vizinhas, que rapazes eram poucos, mais as meninas filhas do senhor Nascimento (70), a Ana e a Celeste, do senhor António Frontoura (Cacildo), a Maria e a Matilde ( a Fernanda veio mais tardega e que mais tarde, já não do meu tempo, o amigo Isaías veio a desposar), os filhos da senhora Trindade Canhoto - António (manco), que era um cabreiro exemplar!!! (e a quem eu já Tesoureiro da Câmara, ensinei a desenhar o nome (António Fins), para poder assinar o recibo do vencimento de empregado das sanitas e sua irmã cujo nome não me ocorre, alguns filhos do senhor Abilio (terrible) ,no curral junto às nossas casas, onde se vinha juntar a pândega Judite Cordeiro - tia do Isaías ...:.que na corrida não havia que lhe levasse a palma, mesmo rapazes. Eu não podia brincar ao que mais gostava, jogar a bola com os meus companheiros e de vez em quando não resistia e se chegasse a casa com falta de "brochas", nas solas das botas ... pancada, mas estes e outros assuntos da época ficam para uma segunda crónica.

Como eu gostava de saber quais os colegas que nos meses de verão e na ausência de meu pai em serviço de exames, à hora marcada depois do almoço, íamos em correria cortinha abaixo, o Dr. Artur,para encurtar caminho.caras para a ribeira, ao I/CANILHÃO",espraiarmo-nos naquelas águas serenas e que muitas das vezes estavam pequenos feixes de linho a demolhar e davam à água um colorido acastanhado, mas que nós, marotos, retirávamos os feixes para fora, destapávamos um pouco a charca para que saísse alguma água e passado pouco tempo aí estávamos nós a bracejar e nadar, o que eu nunca aprendi, tenho a certeza que um tinha que ser o Ilidio Parreira, amigo inseparável, e passado o banho nem nos dávamos ao cuidado de voltar a deixar a nossa praia como a tínhamos encontrado, pobres das donas. Também não recordo amigos que comigo íamos a ajudar à missa ao senhor Padre Francisco Neto, a troco de uma "croa", 50 centavos na altura.

Já vai longa esta narrativa, muito havia ainda para contar, mas prometo que já está em meia forja outros assuntos da minha juventude em terras albicastrenses, contos extra escolares, mas aquando em férias que passava nessa terra.

Para terminar, mais uma vez as minhas desculpas aos colegas de escola que deixei de citar (lembro-me agora do Gualdino Rentes, Luiz Varizo e Jorge pastor, e as minhas desculpas pelo tempo que vos tomei para lerem esta infadonha literatura, desculpai a falta de eloquência destas mal alinhavadas palavras, apenas quis sintetizar, ainda que superficialmente, a minha passagem pelos bancos da escola de Castelo Branco.

Agora, já com o peso da idade, os cabelos branqueando com as saudades da mocidade perdida despeço-me com um até breve e afectuoso abraço para todos, do António José Salgado Rodrigues, para os amigos, Antoninho.

Tal como vos prometi, é esta a forma pitoresca da "menina dos 5 olhos ou Santa luzia" , era de madeira escura, julgo que de cerejeira, bem gostava de a ter no meu museu particular porque ainda me dizes alguma coisa, que será feito de ti?" Eram altinhas e estaladinhas

Tal como vos prometi, é esta a forma pitoresca da "menina dos 5 olhos ou Santa luzia" , era de madeira escura, julgo que de cerejeira, bem gostava de a ter no meu museu particular porque ainda me dizes alguma coisa, que será feito de ti?" Eram altinhas e estaladinhas

santa luzia

09/04/2011

A história de Castelo Branco de Mogadouro

Autor: Antonio Cordeiro

 

Pertenceu esta região, à Galiza, pelo último terço do século I, antes de Cristo.

Os conventos jurídicos, do noroeste da Península Ibérica, pelo ano de 27.a.c., o imperador Augusto dividiu a Península Ibérica, em três partes, a Tarraconense, capital em Tarragona, Lusitânia capital em Mérida e Bética capital em Sevilha.

Nesta divisão o território do nosso concelho, pertencia a Tarroconense e faziam parte dela, inúmeros conventos jurídicos, de entre eles Astorga, e Braga que são os únicos que nos interessam, porque ambos disputavam estas terras.

O imperador Constantino no ano de 330 da nossa era dividiu a Península outra vez, em 5 províncias, a Tarraconense capital em Tarragona, Cartagena, capital em Cartagena e depois Toledo, Bética, capital Sevilha, Lusitânia, capital Mérida, e Galiza capital Braga.O que nos interessa é o que esta relacionado com a nossa região a qual pertencia a totalidade a Galiza.

O Parochial Suevo

mapa parochial suevo cópia

mapa Leste territorio Bracarense

O actual concelho de Mogadouro pertencia ao Pagus Astiastico, ficando só de fora, as aldeias que se encontram, na margem esquerda, do Sabor sentido poente, temos que concluir que Castelo Branco, pertencia ao Pagus Astiastico.

Mudou este Pagus de nome, no reinado de D. Dinis, passando a chamar-se de Terras de Miranda, que abrangia desde Lagoaça, até Miranda.

Castelo Branco, é terra de antigas tradições, com um passado, histórico-social, muito importante, sobretudo na Idade Média, depois da intervenção de D. Dinis em 1319, em que a antiga Comenda dos Templários, passou a chamar-se de Comenda da Ordem de Cristo fundada por D. Dinis para substituir a antiga dos Templários, por ordem do papa.

Naquele tempo existiam as seguintes Igrejas que eram taxadas; Mogadouro, Penas Roías, Travanca e Lagoaça, mas as outras aldeias do concelho existiam todas, embora algumas estivessem despovoadas e se chamavam os vilares novos, em contra das outras que chamavam vilares velhos, Castelo Branco era um vilar velho, quer dizer, que estava povoado, aquando da repovoação do Pais, implementada por Afonso III, chamado, o povoador.

No recenseamento de 1320, do concelho de Mogadouro já aparece Castelo Branco, sendo por isso viável, que já nesse tempo, Castelo Branco fosse onde hoje se encontra, e se Mogadouro era de Terras de Miranda também Castelo Branco devia ser.

Pela carta de povoamento, que D. Dinis, deu ao seu vilar de Lagoaça, em 28 de Abril de 1286, e sendo esta a povoação mais ao sul do concelho de Mogadouro, naquele tempo hoje pertence a Freixo de Espada a Cinta.

As inquirições de 1270 de Mogadouro, estão em parte por publicar, e com certeza que trariam muita coisa de novo.

Pelo Foral dado a Penas Roías, por El-Rey dom Afonso Conde de Bolonha, diz o seguinte; Primeiramente auemos, daver de cada, huu dos moradores destes lugares abaixo declarados, que chamam vilares velhos, quarenta e três, por respeito aos 24 soldos que pollos dito foral se mandou pagar. Os quais lugares são estes; Castello Branco, Lagoaça, Bruços, Villarinho,Villa de Sinos, Ventozelo,Paço de Vila dala, Sanctiago, Villar de Rey, Vall de Porco, o dito lugar de penasroias e Meirinhos.

No concelho de Mogadouro há um lugar que antigamente foi vila, de cuja memória se conservam, suas ruínas, em uma iminência de hû outeiro, que se mostra sobranceiras as águas líquidas da ribeira da Freixeda. Consiste, a serra e seus principais braços. O qual um deles tem por nome de casal copado,de aprazível arvoredo, e outro chamado de Cova do Manoyo, cujo o nome lhe provem , de um esforçado e valioso cavaleiro furagido (dizem que ainda existem vestígios de sua habitação) o qual se chamava Manoyo.

O seu nome é sem dúvida um mistério, embora, se diga que deve ter vindo de um castelo que existiu bem próximo da aldeia, a cerca de 1,5 quilómetros, junto a capela de Nossa Senhora da Vila Velha, onde tem aparecido, moedas e varias antigalhas, onde provavelmente deve ter sido em primeiro um castro. Há uma capela chamada de Vila velha,que talvez tenha sida cristianizada após a introdução do cristianismo na Península aproveitando as estruturas existentes possivelmente de um castro. No período do neolítico nada de concreto existe na antiga povoação de Castelo Branco, que teve um Castelo que foi sufrageneo do de Mogadouro, pertencendo por isso aos Templários. Na demarcação do termo de Castelo Branco com o de Vale de Porco, existiu um povoado denominado de Freixial, sobranceiro a ribeira do mesmo nome, que nasce nas proximidades , e onde tem sido encontradas ruínas de casas, e que o povo atribui erradamente aos mouros.

Existe um lugar denominado de lagar dos mouros, a que andam ligados sepulturas abertas na rocha.

Pertenceu a comenda dos Templários e vem mencionada no foral dado a Bemposta por D. Manuel I em 1512

No seu termo, no sito do Castelo na Quinta das Quebradas, há uma lenda de moura encantada, existem restos de muros e diz o povo que foi habitações dos mouros. Ao pé do prado do junco, fica uma ponte.nome……e a que o povo lhe atribui a lenda de moura encantada. Segundo a lenda,os povos de Alfandega, vinham ouvir missa a Capela da Vila Velha , e como a viajem tinha mais de 25 kilometros , os povos precisavam de descansar a meio do caminho, onde comiam e por vezes dormiam, onde alguns vieram a construir habitação que viria mais tarde a transformar-se em povoado e que se chama hoje Valverde.

O sítio do Freixial, anda ligado a lenda de moura encantada. (Continua…)

Antonio Cordeiro - autor do site: www.remondesonline.com

07/04/2011

Um sorriso…

Autor: Luís Pardal 
 
Um sorriso…
Uma surpresa…
 
Tem coisa mais simples que lembrar de um momento em nossas vidas em que fomos felizes de verdade? Ao lembrar desses momentos como que transportamos para os dias de hoje a mesma alegria e felicidade que sentimos antes. Tudo volta… e se torna presente e com a mesma intensidade!
 
Esta semana, bem no meio do meu dia, entre um compromisso e outro na correria do trabalho, eis que do nada, assim sem esperar, nem pedir licença, entra pelo carro, uma música que ouvi vezes sem conta anos atrás. Fez-me sorrir e cantar junto com vontade e alegria.
 
Começou a tocar um antigo sucesso dos A-ha, porem em uma versão diferente da original. Voltei no tempo para os meus 16 anos, e lembrei dos verões que passei em Castelo Branco. Lembrei dos amigos, do tempo que ficávamos de volta da Casa Grande nas noites de verão a tocar viola e a sonhar.
 
Os bons momentos e os bons amigos são para sempre! A vida levou, cada um de nós para longe e nos separou na distância dos anos e da geografia. Ao ouvir esta musica, lembrei dos rostos de cada um e fiquei feliz por termos vivido tantos bons momentos juntos. Tenho certeza que onde quer que cada um esteja, lembrará com alegria daqueles tempos.
 
Aos amigos, para lembrar!
 
A versão atual
 
 
A versão original dos anos 80
 

06/04/2011

Estado Líquido

 

Exposição Fotográfica - Fotografias de Guilherme Sanches

Data: 01 a 31 de Julho - Museu D. Diogo de Sousa - Braga

Nota do Autor...Líquido. Um dos três estados componentes de uma... permitam-me que lhe chame assim – de uma confederação, que no seu todo e dito em Português, é ocupada por “Água”. Outros lhe chamam Water, Vode, Acqua, Aigua, Watten, Vandens ou simplesmente Eau, condição sine qua non para a existência de vida.

São três estados independentes, de livre ocupação e fácil migração, mas de estabilidade condicionada – uns graus, sejam Celsius ou Fahrenheit a mais ou a menos, umas atms ou bars a menos ou a mais, sempre cientificamente definidas, e lá vai ela, a água, para um estado vizinho, sólido ou “vaporoso”, no qual passará o tempo em que as condições se mantiverem.

Estado líquido fotografado em liberdade plena, ou quase. Às vezes nem parece. Voando ascendente em desafio à Lei da Gravidade, parada no momento de inversão, regressando em queda livre, em fio contínuo, ou desfilando verticalmente gota a gota, é apenas água. Insípida, inodora e transparente, vista pelo olhar de um fotógrafo amador.

De vida efémera e com forma toscamente esferóide de superfície irregular, cada gota contém na sua transparência um potencial universo de formas, de cores, de momentos ou de emoções. O que cabe numa gota de água … esta vida efémera, este sonho, cabe em ti porque a tua pressão interna é superior à pressão externa, dizem os livros.

Não existem duas gotas de água iguais. Não as vemos sem as pararmos no tempo, sem congelarmos o seu movimento por uma fracção de milésimo de segundo, não desfrutamos a beleza da sua essência sem jogarmos com elas um jogo de luz e contraluz, com fundos que se reflectem invertidos em tão pequenos glóbulos.

Uma amostra pequena de um trabalho intensivo, uma selecção entre milhares de imagens com preocupação estética no cuidado pormenor técnico, são fotografias em exposição no Museu D. Diogo de Sousa, de 1 a 31 de Julho de 2011, no âmbito do Ano Internacional da Química e do XXII Encontro Nacional da SPQ (100 anos de Química em Portugal).

Tão simples como uma gota de água – quem foi que disse?! ...

Contactos:

Gabriela Botelho e Isabel C. Neves

Departamento de Química

Escola de Ciências

Campus de Gualtar

4710-057, Braga

Portugal

Homenagem ao Dr. Casimiro Machado.

Autor: Manuel A. Carlos

O concelho de Mogadouro viu nascer e continuará a ver certamente… bons transmontanos; alguns tiveram responsabilidade acrescida em vários sectores da sociedade, falo de membros da Igreja, médicos cirurgiões, juristas, presidentes de edilidade bem como oficiais militares.

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De todos os Albicastrenses… eis uma simples homenagem ao Dr. Casimiro Machado.

Fosse eu natural da Antuérpia… do antigo Saigão ou de qualquer outra parte do mundo, os artigos tópicos/resumos sobre S. M. de C. B. teriam o mesmo cunho e a mesma chancela, bem como a absoluta interpretação isenta de partidarismos, à excepção do seguinte: nesse objectivo referido faço-o, sem dúvida, com mais carinho, pois trata-se da minha aldeia. Mas é só carinho.

De resto, é a leitura que faço da história da nossa terra mas, não sou o único, alguns ilustres historiadores naturais da nossa diocese, comungam da minha interpretação com mais ou menos frontalidade. Em nenhum momento é minha intenção dizer mal de quem quer que seja gratuitamente. Trata-se, grosso modo, de opiniões que são obviamente criticáveis mas respeitáveis e, deste modo, podermos caminhar num objectivo comum que é o de decifrar retalhos das nossas raízes.

Nos próximos artigos veremos como um Reitor de Mogadouro (via comenda de S. M. de Castelo Branco) contribui, em moeda, para a fundação da Universidade de Coimbra (+/- em 1280), mais tarde, o Comendador de Santa Maria de Castelo Branco entregava 6 500 réis para a formação da diocese de Miranda do Douro e do respectivo Cabido, para a formação de seminaristas e provavelmente para bem mais outras beneficências se mais documentos dessem à luz.

São muitas as informações, algumas já estudadas, das várias contribuições que esta terra doou para vários fins.

Em 1796 os rendimentos da referida comenda estavam registados no montante de 6 400 000 réis. Só para vos dar uma ideia… a construção do Retábulo da nossa Igreja Matriz, custou +/- 100 000 réis (estamos a falar do trabalho completo dos artesões e mestres: talhar, esculpir e dourar).

O concelho de Mogadouro viu nascer e continuará a ver certamente… bons transmontanos; alguns tiveram responsabilidade acrescida em vários sectores da sociedade, falo de membros da Igreja, médicos cirurgiões, juristas, presidentes de edilidade bem como oficiais militares.

Na posse de um documento original, escrito pela mão do Dr. Casimiro Machado, senti a obrigação moral de o partilhar convosco e desta forma fazermos uma simples homenagem a tão ilustre mogadourense e como poderão verificar pelo documento, um republicano convicto e exemplo de cidadão activo na causa da sua convicção.

Nota: Caso os familiares, justificadamente, pretendam o original do documento para juntar ao espólio memorial do Dr. Casimiro Machado contem cá com o rapaz.

Vale de Cambra, 4 de Abril de 2011.

Manuel A. Carlos

Viver

 

viver

Ainda não sei ao certo,

Se o rumo ou o mar em que navego,

Servem para minha viagem.

Tem coisas que se descobrem aos poucos

E se entendem no tempo.

 

Há que navegar entre o medo e o destino

Enfrentar o que me faz tremer

Pois um dia de cada vez, neste mar,

Faz a diferença, entre estar e ser.

 

Navegante de mim mesmo,

Neste oceano que muda a cada instante,

Tento entender os sinais, para acalmar

Meu coração aflito.

 

Um mar revolto e inquieto

Assalta a mente e a faz estremecer.

Inseguro barco que navega ao vento

Com as marés a encher o peito

Na busca de um porto distante.

 

Na busca de uma rota

Procuro entender e fico a ler as estrelas.

Finalmente, o destino é claro

Navegar é preciso,

Viver também o é.

 

Um dia de cada vez…

cada emoção, cada sentir, cada saber, ou o amor…

É mergulhar em mim mesmo,

Dentro deste mar, que é meu ser,

Com a certeza do novo,

Na coragem de querer, sempre

Viver, navegar!

Luis Pardal

01/04/2011

MONCORVO - O Manquinho da Açoreira

 

Texto original extraido com a autorização do autor do blog: http://lelodemoncorvo.blogspot.com 

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Esta foto das 3 irmãs ceguinhas da Açoreira tem 50 anos, serviram de mote a uns versos escritos pelo Manquinho da Açoreira em forma de reportório.

O Manquinho, cujo primeiro nome era Francisco, era natural da Açoreira onde tinha uma casa modesta de xisto e era tocador exímio de instrumentos de corda. O seu preferido era a «rabeca», com que acompanhava a sua primeira mulher,Maria, no canto. 

Tocava em tabernas, feiras e mercados, passando grandes temporadas em Castelo Branco de Mogadouro e Santiago, onde está sepultado. Teve dois filhos conhecidos, um rapaz de nome Santiago e uma menina de nome Del Pilar, que, a demanda do comerciante David Sarapicos, foram entregues a familia de adopção.

Muito se conta deste homem que, paralisado dos membros inferiores, não deixava fazer o ninho atrás das orelhas e, irritado, dava saltos de rã com a ajuda dos membros superiores e defendia-se das picardias do mais pintado, mas era na música que ele dava cartas, ensinando muitos tocadores e deliciando quem o escutava.

Quando questionado pelo tiuo Fachico de Felgueiras se ele tocava por pauta ou ouvido, ele respondeu: "Toco por necessidade...". A sua 2ª mulher de nome Albertina ajudava-o não no canto mas na arte do vime, quando as moedas escassas no chapéu eram insuficientes ao conduto no inverno.

A sua rabeca encontra-se em Mogadouro na posse dum privado que foi sensível ao mérito deste  homem que gozava de fama no planalto e zonas raianas, onde era conhecido por Manquinho da Açoreira.
Paulo Patoleia