Revisitando Castelo Branco

09/10/2012

As vindimas na minha aldeia

Autor:Marina Craveiro

clip_image002Quando eu era rapariga e ainda estava solteira,

Era uma alegria cortar as uvas mas também no fim receber a“geira”!

Havia mais mocidade que agora há, na verdade,

Andávamos muito contentes,

Éramos grupos de muita gente.

Os dias passavam depressa,nem nos sentíamos cansados, para nós era uma festa!!!

Tractores ainda havia poucos!

Mas tínhamos os carros de madeira com juntas de bestas a puxar!

Levávamos os cestos na padiola para os carros carregar!

clip_image004Havia muita gente que não podia pagar!

Por vezes juntavam-se grupos que iam ajudar…

Outros ainda faziam a torna “geira”,

Assim não era tão grande a canseira!!

Faziam-se boas merendas e da hora estávamos atentos!

Ficávamos muito contentes ao ver pataniscas e chouriça,

Ou a galinha estufada com bastante cebolada,

Para saciar a fome a todo o camarada!

As uvas transportavam-se durante o dia para o lagar,

Pois com os carros de bestas levavam mais tempo a chegar.

Depois seriam pisadas mais á noite, a seguir ao jantar.

Seguia-se o vinho a ferver e o cango a levantar…

Está pronto o vinho mosto e já se pode incubar

Que é para todo o ano nas pipas se poder conservar.

Agora, basta esperar até o S. Martinho chegar,

Iremos á nossa adega o bom vinho provar,

Dizem mesmo,os entendidos, que no mundo não háigual!

Aqui na nossa Aldeia já há pouco para vindimar.

As vinhas dão muito trabalho e já ninguém quer plantar!

Apenas paraconsumo próprioo lavrador faz o cultivo,

Com a despesa que há não compensa em quantidade cultivar!

Acabei a minha prosa, pensando no que a minha mãesempre diz:

“Se o novo quisesse e o velho pudesse, não haveria coisa que não se fizesse!”

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Marina Craveiro,26 de Setembro de 2012