27/02/2015
O Ti Pauzinho.
O sonho de um homem
Até hoje quero crer
Mas, não, não se assustem,
De qualquer modo,
Nas fragas ainda se podem ver
Por mais que a vida
Mas entendam porque lhes digo isso...
22/02/2015
A retorta
No São Bernardino,
o verão começa a aparecer junto com as cerejas. Quando pintam é o sinal de que a primavera está para sair é o verão a dar sinais. Os trigais ficam pálidos e o verde vivo, vai dando lugar ao dourado, nos tons das espigas a amadurecer e da erva a secar nos montes. Os campos enchem-se, com os sons das cotovias, e dos “chincha-la-raiz” enamorados, ocupados em se acasalar, ou em fazer os ninho. O cuco chegou cheio de vontade, este ano, e anda pelos ares, atendo á vida alheia, para ver se arruma casa e lugar para por os ovos e deixar os filhos para criar com as mães enganadas.
Por todo o lado,
uma sinfonia de sons e de aromas , cigarras, cucos, gaios, rolas, melros, pardais, bandos de pintassilgos. Voam e cantam felizes por cima de quem passa e deixam os campos repletos de uma trilha sonora encantadora e perfeita: uma "sinfonia de pássaros". As perdizes e os perdigotos espalham-se pelos caminhos, e confundem quem passa como se fossem pedras a correr em fila.
As aulas na escola,
depois da festa, começam a ficar pesadas e as horas intermináveis. Mas apesar disso e para compensar, os dias já são mais longos, e sobra mais tempo para os jogos na praça. Ao fim do dia ouve-se os gritos dos rapazes a correr á volta das casas a brincar ao tiro-liro ou a voltar de jogar á bola nos lameiros do chafariz, ou das eiras.
Naquela época
eu guardava vacas. Sim vacas. Eram três, a Mimosa, a Castanheira e a Picolina. Outro dia falo da origem dos nomes, isto porque é muito interessante saber desta origem, tem seus motivos, e podem crer vale bem a pena escrever uma crónica para lhes contar.
O ferrador
Ti Zé ferrador era um homem de hábitos certos e seguros. A cada domingo depois da lua nova chegava na aldeia cedo, antes de aurora, a cavalo em um macho amarelo, tão velho e desbotado pelo sol, que seu aspecto descolorido e pálido contrastava com os arreios, a albarda e as alforjas vistosas, sempre limpos e impecáveis como o dono que vestia uma jaqueta riscada e camisa branca. Uma figura de respeito este Ti Zé.
13/02/2015
Jarra de vinho
Não tenho a medida certa nem o valor da sede. Com quantas jarras se seca o pipo…
Era noite de entrudo, e os cepos ao lume a apagar na cinza, encostados ao murilho de cantaria, com remelas das brasas cansadas, reluziam sem força, amedrontados por estarem a chegar ao fim.
Na tremula e pálida luz da candeia, o Alcides, arregalava os olhos na escuridão, como que para ver melhor os pensamentos.
De tempos em tempos, em cadencia incerta, levava na boca o caneco de barro, e engolia em seco o vinho com apressada sofreguidão a tentar afogar as magoas.
Casaram a Maria, com o Joaquim da fonte! Arre conho…
12/02/2015
Vila Velha
Ha muito tempo por ordem Del Rei, Dom Dinis, três frades da ordem Beneditina, chegaram a estes lados para pastorear o rebanho, das almas dos cristãos, que ocupavam as terras reconquistada dos sarracenos.