Revisitando Castelo Branco

26/05/2011

SE BEM ME LEMBRO …

Autor: António José Salgado Rodrigues

 

Tal como vos deixar perceber no artigo anterior, aqui estou a relembrar algumas passagens da minha meninice extra escolares. Ao passar o olhar por alguns que já li, e servem não só para me avivar a memória como também me ajudam a passar a minha ociosidade.

 

SE BEM ME LEMBRO…

Quando meu pai foi colocado, como professor, em Castelo Branco, (1946?) transferido de Castro Vicente, indo substituir o então professor Sequeira que vivia numa casa de um só piso acima da rua, ao lado do tanque da praça ou tanque do chafariz e junto à do meu avô – Nascimento Rodrigues – que depois comprou e hoje julgo pertencerem aos herdeiros do Ramiro Malandras. Não possuíamos casa, pelo que fomos viver para a que tínhamos em Meirinhos enquanto não nos foi emprestada uma por meu avô e esposa, a senhora Glória Moura - madrasta de meu pai – sita na Rua do Vale – parte do primeiro piso da que foi do falecido senhor António Moura – avô do professor Pedro – hoje em parte já remodelada, pelo que tínhamos, eu e meu pai, andar atrás e adiante entre Meirinhos e Castelo Branco, montados numa boa égua (transportes de então ) debaixo por vezes de forte temporal de chuva, vento e neve. Chegados ao alto das Figueirinhas logo se avistava a aldeia e começava o findar de um pesadelo e a primeira paragem era no tanque da Praça ou Chafariz para a égua se sedentar.

 

SE BEM ME LEMBRO…

Gostava imenso de conviver com os criados de meu avô nos trabalhos do campo na propriedade do Prado. Tinha mais gosto do que andar na escola e o gosto que me dava quando eles me deixavam “ chamar os bois) que puxavam o carro! Outras vezes ia com meu avô até à mesma propriedade quando ele ia a regar e apreciava o modo de puxar a água da ribeira através da “cegonha” e eu ir para o fundo dos sucos das batatas e feijões ver quando a água ali chegava, para a mesma ser mudada para outro suco. E quando a vinha já estava escavada, eu e o Manuel Moura, sentados na terra em frente das cepas, com uma faca de bolso retirávamos a casca dos troncos. Também quis ceifar a aveia e “ferranha”,-caules do centeio ainda verde – e lembro-me dar um pequeno golpe num dedo com uma “seitoira”, foice, das de corte afiado e tamanho maior, não sei se lhes chamava espanhola. Dava-me imenso prazer comer à mesma mesa com os criados e comermos todos do mesmo prato belas baratas da horta do prado e regadas com abundante azeite e colorau que ainda hoje me estão a saber bem, mas meio às escondidas de meu avô.

 

SE BEM ME LEMBRO…

Já Primavera dentro, ia a cavalo na égua para as margens da ribeira, defronte da horta para que ela pastasse eu, já prevenido de calçado velho, entretinha-me no caminho para onde pendiam frondosos castanheiros, fazer de ouriços velhos e pequenas cascas, bola, à falta de coisa melhor e satisfazer o gosto de jogar a bola. Esforçava-me por chutar mais com o pé esquerdo, do direito já eu sabia e assim estar habilitado a chutar com ambos os pés, o que consegui mas que nunca pôde exibir, só mais tarde nos colégios ,pois era reprimido por jogar a bola. Quem sabe se tenho sido apoiado, não teria sido um “Ronaldo” Deixei transparecer no artigo anterior que era castigado quando se vinha a saber que eu tinha andado a jogar a bola. Quando à noitinha chegava a casa e ao descalçar as botas lhe faltava alguma “brocha”,já sabia que as levava, pelo que à “sucapa”, consegui arranjar umas daquelas ferragens que iam no meu bolso, para quando, antes de entrar em casa depois de umas jogadas, fazer inspecção às botas para, caso faltasse alguma, eu próprio as substituía e dava um pequeno desgaste para não se notar que eram novas, algumas vezes a criada lá mentia e dizia que estava tudo em ordem para me evitar o castigo.

 

SE BEM ME LEMBRO…

E a propósito de uma fotografia que vi no Portal, da fonte do Vale ,nada que se pareça com aqueles tempos, as pessoas iam abastecer-se de água e para chegar à entrada da fonte era necessário passar por uma pequena chaca rodeada de cantarias, e as pessoas para tirarem a água, tinham que se debruçar sob uma pedra de cantaria para mais facilmente chegar à água, mas com toda a cautela em não cair, pois aquilo era um perigo, a fonte era e é muito funda. Certo dia já da parte de tarde, ouviu-se um brado a pedir socorro, pois uma criança de tenra idade tinha caído à água e já estava a boiar e lá fui também ver o que se passava. Quando cheguei já estava a criança fora de água e compareceu logo o saudoso Dr. Vergilio, que mandou que a mesma fosse colocada de costas com a cabeça para o lado mais baixo da rua, ali mesmo junto a um barraco que servia de forja não sei já a quem e que hoje faz parte da casa do Joaquim pedreiro. Já não me lembro quem a retirou da água, lembro-me que colocada a criança na posição indicada, logo começou aquele clínico fazer-lhe exercícios de reanimação e flexões no tórax e passados uns momentos a criança começou a deitar água pela boca até à sua total reanimação e assim se salvou uma vida, vítima da incúria dos homens em ter ali, quase a céu aberto, tremenda ratoeira. Essa criança por todos acarinhada , é a Maria Elisa Carreiro, que todos conhecem mas não e reconheço já, são várias irmãs e pela fisionomia posso enganar-me. Ainda te lembras, Maria Elisa?

 

SE BEM ME LEMBRO… 

E já foi referido por outros, naquele tempo já havia água canalizada para o depósito perto da Igreja e daqui seguia e julgo ainda o ser, para os marcos que ainda devem existir, nas traseiras da Igreja, no Vale, na Praça, na Praça de Cima e não recordo mais, onde as pessoas se iam abastecer com cântaros de barro ou zinco. Em nossa casa quando não tínhamos criada, era a senhora Elisa praça e na sua impossibilidades, seus filhos Afonso e Carminda Freitas, outras vezes pela senhora Idalina Neto, e na sua indisponibilidade, seus filhos Lúcia e o nosso amigo e bem conhecido Isaías Cordeiro. Ainda te lembras caro amigo? Bem cedo tua carinhosa mãe incutiu em ti as boas maneiras de obediência, respeito, trabalho e honestidade e que tu tão bem conseguiste assimilar. As calçadas à portuguesa eram só nas principais ruas, mas no Inverno tudo cheio de lama e por onde vagueavam porcos e galinhas. Não havia saneamentos públicos nem privados e casas de banho. Coitadas das donas de casa como se viam para fazerem os “despejos”, como se dizia. Lembro-me que no Vale, valíamo-nos das ruínas de um casarão mesmo atrás do tanque e no ribeiro que vem emparedado desde as Fontainhas e por vezes do “canelho” que saído do curral em frente da casa do sr. António cacildo ia desabocar junto à escola velha. Não havia luz eléctrica – só em Setembro de 1989 – Éramos iluminados com a luz das candeias e candeeiros a petróleo ou azeite e que hoje fazem parte decoração. Já me esquecia de dizer ao Isaías que lhe serviu de treino o ter sido nosso aguadeiro, para depois desempenha cabalmente a tarefa de “garoto da água”.

 

SE BEM ME LEMBRO…

Em Outubro de 1949 fui assentar praça no Colégio de Lamego ,onde a disciplina que me esperava continuava a ser rígida a não ser a liberdade de jogar a bola. Só vinha a Castelo Branco nas férias onde me juntava com a malta do meu tempo mas alguns já não tinham muito tempo para me acompanharem por terem de ajudar os pais na agricultura. O tempo foi passando por nós e eu lá continuava com a minha sina, mas á medida que ia crescendo ia aumentando a minha rebeldia e cheguei ao ponto de, com os “súcias”,no recreio da noite que era o mais prolongado, fugíamos por uma bem disfarçada abertura de uma retrete que tínhamos a um canto do recreio e lá íamos dar umas voltas pequenas ,pois o tempo era pouco e chegávamos sempre a horas sem que a sentinela nos topasse, pois estava tudo controlado, noutros dias trocava-se de fugitivos. Como a maioria eu, apesar de interno, também arranjei um namorico que em visitas ao Liceu e breves olhares trocados e pequenas palavras de recém conhecimento ,o namoro foi pedido por carta levada secretamente por bons amigos e que também traziam a resposta e era assim o namoro, a não ser aos Domingos que tínhamos passeio, que apenas conversávamos um pouco tempo e nada mais… o tempo tinha que ser bem controlado, pois o frade que nos acompanhava pouca liberdade nos dava. Aquando das férias, para me corresponder, tive que arranjar alguém de confiança para ser o meu caixa do correio e foi o bom amigo e mais velho que eu, o Ernesto Parreira, irmão ao Arlindo a quem peço que depois de leres estas peripécias ,perguntes ao Ernesto se ainda se lembra. Com a minha transferência para um colégio de Bragança, pois já não aguentava mais tanta restrição, isto em 1955,onde a disciplina nada que se comparasse ao ponto de termos eu, e novos “súcias”, sairmos do colégio depois do jantar e que de uma vez ficarmos até bem mais tarde, quando vínhamos para entrar, deparámos que as várias janelas que previamente tínhamos deixado em posição de abrir, estavam fechadas mas numa que não tinha sido detectada pelo director ao tentar entrar o primeiro foi surpreendido por aquele e já ninguém entrou, pelo que fomos pedir guarida a um colega externo que nos cedeu um quartito para sete onde ficámos aquela noite e no dia seguinte fomo-nos apresentar no colégio às horas do pequeno almoço e em conclusão, levamos um grande raspanete e folgas cortadas durante alguns dias (poucos ).Mas eu ainda não contente ,quiz sair do colégio como interno e arranjei casa particular onde éramos uns seis ou sete. Foi a liberdade total que além de outras travessuras, andei três anos para conseguir fazer o exame de 5º. Ano dessa altura depois ainda fiz uma cadeira ou duas do 7º. Ano, ainda demonstrei vontade de ir para o magistério primário para professor, mas não me foi dada animação devido ao exemplo que tinha em casa em como era duro ser-se professor naquela altura, e então enveredei pela função pública tendo vir acabar a carreira em Mogadouro onde me encontro às ordens dos meus amigos .Não queria acabar este capítulo sem dedicar esta parte ao meu querido afilhado Arlindo .Tal como tu e teus comparsas de então ,além de muitas e variadas tropelias, namoricos e outras no género ,aprendi contigo agora como se tiravam os ovos das capoeiras, quanto a galinhas ,além da técnica do grão de milho, mais coisa menos coisa, quando se aproximava o 1º.de Dezembro, durante o dia fazia-se um exame adequado ao local do galinheiro e depois já noite dentro,lançávamos uns esgrichos de éter para as adormecer e localizada a posição das patas da galinha, com um varapau, muito ao de leve,davam-se umas pancadinhas nas patas até elas deixarem o poleiro trocando-o pelo nosso e seguidamente, com todo o jeito puxava-se suavemente o varapau e logo à saída da buraca sem que a presa começasse com o cocorococó, um dos súcias apertava-lhe o gasganete e ia para o saco, e assim ela e outras aves, mesmo perús furtados ao chefe da policia…. e outros, para serem bem saboreadas na noite do 1º. De Dezembro em jantar bem regado a que se seguia a tradicional serenata.

 

SE BEM ME LEMBRO…

Em noites de Inverno, íamos passar o serão para casa dos pais do Arlindo que ainda não seria bem gente, onde se tagarelava de vários assuntos da época e de outras épocas e o patusco do senhor “Chico Cabra”, como era conhecido ,tinha sempre uma história para contar de fazer rir ( o Arlindo tem a quem se parecer ), onde estava sua esposa, senhora Ernestina, e os filhos Zulmira, Ernesto ( o meu posto de correio que atrás referi como meu mensageiro das cartas amorosas, e aquando dessa narração esqueci-me de referir que essa namorada ainda se encontra solteirona e reformada de médica ginecologista em Lamego e nunca mais vi ),a Maria, a Felisbela, o Ilídio e ainda bebé a Balbina, que o Senhor chamou ainda de tenra idade, depois de doença respiratória devido a grande inflamação das anginas, vindo a seguir aquele que viria a ser o último Regedor de Castelo Branco, o Arlindo. Éramos como família, hoje já se vê pouco disto.

SE BEM ME LEMBRO… nas tardes e noites quentes de Verão, sentávamo-nos numa grande cantaria atrás da casa do Arlindo onde se vinham juntar os senhores Francisco Parreira, Acácio Costa, Nicolau Cordeiro, António Moura e mais algum que por ali passava, e por vezes o estimado amigo Doutor Alcindo, que uma vez por outra levava a guitarra e nos deliciava com o dedilhar das suas cordas, e em outras noites, juntávamo-nos à porta de sua casa sentados nos bancos de pedra também junto à casa do senhor António Moura ou em pequena rima de lenha em frente, onde também se vinham juntar os avós da nossa amiga Aida , Zé António e Aida e outros moradores dessa Travessa da Igreja, onde o amigo Doutor além das guitarradas, cantava como ninguém, fados de Coimbra. Bem quis ele que eu aprendesse a tocar guitarra ou viola, mas nunca o consegui, falta de ouvido…, pois ele, além destes instrumentos tocada, e deve continuar a tocar, mais 2 ou 3 e até realejo. Outras vezes quando de casa se ouvia a sua voz de cristal, ao som da viola, entoar os seus fados de Coimbra, eu os vizinhos do meu tempo sentávamo-nos nas escadas do já referido António Frontoura, a voz de rouxinol que ecoava das janelas das traseiras de sua casa que davam para aquela nossa rua a que nós chamávamos curral.

 

SE BEM ME LEMBRO…

E ainda com respeito a este nosso amigo, já em férias de verão, e pelas tardes encontrávamo-nos e sentados na referida cantaria, tínhamos as nossas conversas, dava-se um passeio, onde fomos até ao alto de Caravelas, quando as máquinas e mão do homem desbravavam e escavavam aquela serra para o rompimento da estrada que hoje passa por Castelo Branco. Outras vezes íamos até à sua horta junto à ribeira, que já não me lembro o nome e era necessário atravessar a mesma ribeira por cima de grandes calhaus e onde ali bem perto ainda deve existir o que na altura era moinho do Dr. Vergilio. Outras vezes, atravessada a ribeira, subíamos pela margem até onde a suavidade das margens e cristalinas águas eram palco de autêntica aldeia da roupa branca, e onde já sabíamos ir encontrar jovens e bonitas lavadeiras, que ainda recordo algumas mas, como deveis compreender, me abstenho de revelar. Ainda se lembra, meu caro Doutor?

 

SE BEM ME LEMBRO…

Numa altura que meu pai estava ausente em serviço de exames, deixou-me ordem para ir cortar o cabelo ao senhor Horácio Costa, para o que me deixou uma moeda de um escudo, dizíamos nós “ duas croas”.Acontece que me juntei com outros amigos e vai daí fui ao “soto” da senhor Varizo, que ainda família, comprar rebuçados e por isso me dava sempre mais dois ou três, e assim gastei as “duas croas”,e não fui cortar o cabelo. Chegado meu pai, sem que ele se apercebesse, fui ter com minha extremosa mãe para me dar dinheiro para ir cortar o cabelo e o meu pai, apercebendo-se do assunto, sempre me perguntou o que tinha feito ao dinheiro que me havia deixado, e com vergonha e medo disse o que se passara e, além do castigo físico, foi-me dada “uma croa”,para ir rapar o cabelo, o que o senhor Horácio ficou intrigado, mas nada me disse. Quando necessitei de fazer corte de cabelo, foi-me dada novamente outra “croa” para ir de novo rapar o cabelo e lá fui novamente e no fim da tosquia o senhor Horácio sempre me perguntou porque rapava o cabelo duas vezes seguidas ao que eu, meio envergonhado contei o que passara, ao que ele até com certa mágoa diz-me: Ó Antoninho, se eu soubesse, não o tinha rapado. E assim foi poupado um corte de cabelo normal. Além deste barbeiro, ainda me lembro de ir cortar o cabelo no Vergilio Moreno, Antoninho Salgueiro e Álvaro Pombo.

 

SE BEM ME LEMBRO…

Em plena semana santa, era costume todos os santos dos altares estarem encobertos por panos de cor roxa, algumas mulheres andarem de lenço preto a cobrir-lhe a cabeça em sinal de pesar e luto, os sinos deixarem de tocar pelo que eram substituídos pelo som estridente que sobressaia do toque da “matraca”,que dois ou três moços novatos percorriam as principais ruas da aldeia pelo anoitecer, a fim de convidar as pessoas a um recolhimento espiritual . É natural que aquela matraca ainda se encontre algures na sacristia e podereis apreciar como ela funciona ou, para os mais novos, perguntai a vossos pais ou avós os contornos da mesma, se por lá estiver vou pedir ao amigo Isaías para a fotografar a fim de fazer parte deste texto. No Sábado de aleluia, depois da meia noite ,alguns moços mais azougados, trepavam pelas escadas de acesso ao campanário, que estava fechado, e com a sua astúcia lá conseguiam chegar aos sinos que começavam logo a repenicar, mas que o senhor padre Neto não gostava por serem horas de descanso e por vezes lá os fazia aceitarem o seu conselho, mas depois já com o sol a raiar, tiravam a desforra e era parte de Sábado, pelo menos depois do meio dia que os sinos tocavam, e de que maneira. Domingo de Páscoa, logo de manhã, voltavam a repenicar os sinos. Finda a missa e a seguir ao almoço ,começava o “tirar o folar”, hoje visita pascal que já sabem como é. Naquele tempo saía da Igreja um pequeno cortejo que ia aumentando à medida que as casas eram abençoadas, e entoando cânticos de aleluia. Encabeçava o cortejo além do padre, três homens que trasportavam as lanternas ,um deles era o senhor Pardal ,pai do Luis e a cruz com enfeite de ramo de buxo e oliveira. Só lembro que o portador da cruz era e foi durante muitos anos, o senhor Horácio Neto (avô dos amigos Mário e Antonio Neto) e parece que o estou a ver com toda a vivacidade, apesar dos seus cabelos brancos ,calcorrear pelas ruas fora, entoando o cântico que ele sempre primava,Ó morte, sempre vencedora, onde está agora a tua vitória… e o cortejo respondia … ressuscitou, ressuscitou, aleluia, aleluia; Cristo crucificado ressuscitou, … e o coro respondia em uníssono… aleluia, aleluia, tudo compassado, caminhava-se com alegria .Seguiam também outros encarregados de guardar as oferendas para o senhor Padre ,e à frente do cortejo seguiam 2 ou 3 jovens que se revezavam em tocar a campainha que anunciava a passagem da visita pascal. Juntava-se mesmo muita gente, ia-se petiscando e bebendo aqui e acolá, e assim se passava o dia de Páscoa.

 

SE BEM ME LEMBRO…

Também no meu tempo via festejar o Carnaval e que muito me custava não poder participar. Lembro-me perfeitamente dos “casamentos aú” e como já li dois detalhes, vai também o meu que lembro com saudade. Quando, lá ao longe, se ouvia o entoar de atorreamento carnavalesco que ecoava através de um bom “embude”, era prenúncio que os casamenteiros estavam próximo e renascia em nós a esperança de ver coma seria o casamento. Mais próximo, já na rua da Vale, ouve-se então: “Ó senhor Nascimento aú, a sua filha Ana já se quer casar? Depois de breve silêncio, vem a resposta, outras vozes, sim. .. E quem lhe havemos de dar para a sustentar..? Nova pausa e dizem; há de ser o Antoninho do senhor professor que é capaz de a governar..e de seguida e em coro ,é bom rapaz, é bom rapaz..Lembro que uma das vezes e com a devida permissão, entrei e fui a casa da noiva “pedir a mão”,que com toda a gentileza fui recebido e se comeram uns doces e beberam-se uns cálices de licor. Lembro também algumas passagens de festejos carnavalescos com vários mascarados de diversos disfarces que acompanhavam em cortejo e com burros à mistura, também eles engalanados a preceito e não podia deixar de recordar o cortejo que, além de variados caretos e outros figurantes do género, o impagável Mário Lapo que, cavalgando o seu pachorrento macho, “o mosquito”, com uns dois pares de albardas donde pendia de cada lado, servindo de estribo, uma caldeira velha e o nosso amigo Mário todo sumptuoso, tinha como roupagem apenas a cobri-lo, uma colcha de renda que deixava transparecer todo o corpo e seus contornos…, o que não agradou a alguns mas alegrou a muitos mais com fortes gargalhadas. Tal era a mansidão do “ mosquito “, que mesmo com as bombas de carnaval a estourarem-lhe debaixo das patas faziam com que ele se espantasse. Nesses cortejos seguiam, como já disse, seguiam vários mascarados que, disfarçadamente, levavam nas algibeiras e pequenos saquitos, cinza bem peneirada para atirar pela multidão que assistia à sua passagem, mas as meninas mais prendadas eram presenteadas com farinha ou pó de arroz ou até mesmo “enforretadas “. Quando as meninas vistosas se encontravam às janelas e varandas para evitarem aqueles mimos, lá se atiravam uns punhados de farinha e quando algum com mais destreza tentava invadir os seus aposentos eram atingidos com uns copos de água. Muitas vezes assaltava-se a casa por portas travessas, pois uma ou outra e até a dona de casa, já combinada com os assaltantes, lhes permitiam chegar às vítimas, que então eram bem polvilhadas com farinha, pó de arroz e acariciadas com as mãos bem ferreteadas com cortiça queimada, apesar de todos os esquivos. Outras mais afoitas seguiam no cortejo e conviviam alegremente com os rapazes e travavam luta para ver qual o que ficava mais enferretado e branqueado de farinha, era uma camaradagem sadia, naquele tempo ainda não se tinham serpentinas de maneira que os foliões se valiam dos artifícios usados naquela época. Mais lembranças tinha para contar, algumas bem tristes, mas não as comento, essas estão bem guardadas no coração.

Já vai mais que longo este arrazoado, por isso aqui deixo um obrigado a quem tiver a pachorra de o ler. Deixo um agradecimento muito especial para os amigos Isaías Cordeiro e Luis Pardal que se vão encarregar de substantificar o texto “ SE BEM ME LEMBRO “.

Um afectuoso abraço do, para os amigos, continua a ser o Antoninho.

António José Salgado Rodrigues

25/05/2011

Nas pombinhas

Autor: Luis Pardal

Aqui a primavera chega com o murmúrio do vento que desce das fragas e corre, pela ribeira, ao sabor da margem. Por estes lados o tempo passa em ritmo próprio, com passos certos e sem pressa…A cada ano a vida renasce prenha das sementes que rasgam o ventre das terras que o inverno em vão congelou.

A ribeira é a única que teima em passar sem se deter, sem nunca parar. Mas ela é certa e constante no eterno fluir da troca de estações. Para nós, simples mortais, passageiros. Viver o presente é a melhor maneira de ser eterno em cada momento. Um saber que leva tempo mas devolve felicidade.

Um aviso para quem quiser passear pelas pombinhas! Precisa estar preparado para acertar o coração com o relógio deste paraíso e deixar encher o peito e os olhos com a beleza que jorra por todos os lados, e sentir, saborear o ar, e a natureza. Sem dúvida, isto é um grande privilégio que vale a pena!

Um forte abraço para a Guilhermina e o Ernesto. Um muito obrigado ao Alberto Paulo pelas fotos. A todos um convite para visitarem este lugar encantador.

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24/05/2011

A devoção de um povo…O NOSSO.

Autor: Arminda Neto

E…mais uma vez, Castelo Branco esteve em festa. A Festa de S. Bernardino, que, sendo de Sena é, verdadeiramente, o Santo de Castelo Branco.

Por herança confessamos com nossas vidas a devoção a S. Bernardino. 20 de Maio, o seu dia mas… em solidariedade com os “Filhos da Terra” que fazem questão de estar presentes, se reverencia no sábado mais próximo: este ano, 21 de Maio. Dia de reencontros, de aproximações, de júbilo…dia com Deus.

Momentos marcantes que, ano após ano se vão registando na história deste povo agraciado pelos testemunhos de fé que, de geração em geração continuam a marcar a nossa gente, fazendo do ontem o hoje.

Por herança confessamos com nossas vidas a devoção a S. Bernardino. 20 de Maio, o seu dia mas… em solidariedade com os “Filhos da Terra” que fazem questão de estar presentes, se reverencia no sábado mais próximo: este ano, 21 de Maio. Dia de reencontros, de aproximações, de júbilo…dia com Deus.

A manhã começou contemplada pela graça que vem do alto: o céu azul, a conjugação de odores, a frescura do ar que se respira, a luminosidade dos campos que por puro prazer nos oferecem o seu verde, misticamente pintados das mais belas cores silvestres, formam o cenário de festa.

A banda filarmónica fez a arruada, dando os bons dias, santificados, a todos. Sonoramente, orientada pelo mordomo, António Pires, percorreu as ruas da aldeia, dirigindo a cada um o convite: sejam felizes com S. Bernardino; cada um à sua maneira mas… sejam-no.

12 horas… ponto alto da cerimónia; o encontro com o taumaturgo chegou. Os sinos, no seu repicar, alertaram para o início da missa. Grande solenidade! Em beleza e em devoção! Como S. Bernardino, pregador e evangelizador, devoto do nome de Jesus, os rostos serenos interiorizavam sentires e vivências e, em espírito, expunham-lhe as suas aflições, vazios, ausências, alegrias,… com a certeza de que o homenageado, agilizará junto dos mensageiros da paz e do amor, no sentido de todas as preces serem atendidas.

Seguiu- se a procissão, habitual, mas diferente. Os “cruzados”vindos não de Bolonha mas do Felgar, indicavam o caminho; dois cavalos de movimentação expressiva e temperamento difícil, negavam aos cavaleiros a submissão às suas ordens e a fidelidade ao seu porte altivo, inteligente e capaz. Ganhariam para o susto?... A cruz, as bandeiras, os andores - Nª Sª de Fátima, Stº António e S. Bernardino - enfeitados com flores naturais, as colchas nas janelas e nas varandas transformaram as ruas num palco de beleza e arte, humana e divina. A reiterar a devoção da marcha solene lá estava a banda do Felguar, entoando cânticos apelativos a uma caminhada de oração que, harmoniosamente, interagia com o tocar dos sinos da torre da igreja não “com rosmaninho e alecrim pelo chão” mas com muitas pétalas de rosas.

E… depois do alimento da alma o alimento do corpo. As mesas generosamente recheadas, garantiram a familiares e amigos um convívio fraterno onde ninguém faltou. Há ausências que são sempre presenças vivas e, quando o vazio é superado pela certeza de um reencontro, a esperança garante-nos, um saudosismo sim, mas reconfortante.

Que o S. Bernardino zele por todos nós e por todos os que já partiram. Não pela homenagem deste dia mas pela dedicação de sempre.

Arminda NetoFesta_de_S.Bernardino_2011_051Procissão da Festa_de_S.Bernardino_2011_056Festa_de_S.Bernardino_2011_088 Festa_de_S.Bernardino_2011_098 Festa_de_S.Bernardino_2011_118 Festa_de_S.Bernardino_2011_131Festa de S Bernardino 2011 149Festa_de_S.Bernardino_2011_052 Festa_de_S.Bernardino_2011_085

20/05/2011

Dia de São Bernardino de Sena

Padroeiro de Castelo Branco - Mogadouro

Dia 20 de Maio

sao bernar dino

Biografia de São Bernardino pelo Papa João Paulo II

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
AO BISPO E AOS FIÉIS DE MASSA MARÍTIMA (ITÁLIA)
POR OCASIÃO DO VI CENTENÁRIO
DO NASCIMENTO DE SÃO BERNARDINO

Venerado Irmão e caríssimos Filhos

1. Na minha recente peregrinação à terra de Abruzos tive a alegria de ajoelhar-me diante da urna que, em Aquila, conserva o corpo incorrupto de São Bernardino de Sena, o franciscano a quem a vossa Cidade se gloria de ter dado nascimento, precisamente há seis séculos, e recordei a figura e obra apostólica do vosso grande Concidadão.

Na presente circunstância, gostaria de retomar convosco o assunto então começado, com o desejo de melhor desenvolver a reflexão sobre o testemunho de fidelidade ao Evangelho, que este . insigne Santo nos deixou. Em Bernardino, está-se diante de um modelo acabado de homem, de religioso e de apóstolo, para quem a nossa época pode ainda olhar a fim de colher a indicação das oportunas soluções para os numerosos problemas que a afligem.

2. Primeiro que tudo, o homem. De mente aberta à fascinação da verdade e do bem, vivamente sensível às sugestões da beleza, Bernardino deu prova de singular riqueza de qualidades humanas, fundidas entre si num equilíbrio tão perfeito que despertavam a concorde admiração dos contemporâneos. Essa harmoniosa personalidade, por outro lado, não constituiu apenas fruto de um. feliz concurso de circunstâncias casuais. Estava na base um esforço, ascético, fundamentado numa clara visão antropológica.

O homem é imagem de Deus, proclama Bernardino seguindo a Bíblia. Como tal, deve-se conformar com Ele em todas as acções, mas sobretudo nas intenções profundas do coração (cf. S. Bernardini Senensis Opera Omnia, Quaracchi 1950-1959, vol. II, p. 300). “Deus criou todas as criaturas para o homem, e o homem para Si” repete o nosso Santo juntamente com Agostinho (cf. op. cit., p. 161). Todavia, sendo embora o mais nobre dos animais, é também o mais ingrato: “Grande é a ingratidão e a ignorância cega dos homens! Os outros animais são domesticados pelos benefícios; só os corações dos homens são endurecidos e cegados pelos benefícios de Deus” (Opera omnia, cit., vol. III, p. 347).

O homem é, por isso, criatura que, mais que as outras, tem necessidade de disciplina: “Os homens são incomparavelmente mais nobres e mais preciosos que os outros animais, mas são também os mais inclinados ao mal e mais nocivos pelos maus hábitos, e mais perturbam a paz civil; portanto com maior disciplina devem ser guardados, curados e enfreados pela justiça” (Opera omnia, cit., vol. III, p. 300). Todo o esforço humano, todavia, resultaria inútil sem o contínuo socorro da graça de Deus, “porque sem a Sua ajuda não se pode oferecer nenhuma resistência à batalha do demónio, do mundo e da carne” (cf. Prediche volgari, ed. do P. Ciro Cannarozzi, O.F.M., Firenze 1940, vol. III, p. 224).

Por sua felicidade o homem não está só nesta luta: ao lado dele está Deus, que não se cansa de oferecer-lhe o apoio da Sua mão salvadora: mão que, se às vezes fere, é todavia movida, sempre e só, pelo amor (cf. ibid., pp. 242-257).

Esta, na substância, a mensagem que Bernardino propõe aos seus ouvintes, explicando o seu conteúdo segundo as exigências específicas das diversas categorias. Dirige-se aos casados, aos jovens, aos adolescentes e às crianças, aos negociantes, aos estudantes, aos governantes, aos súbditos, aos leigos e ao clero. Fala recorrendo à Sagrada Escritura, aos exemplos dos Santos, aos ditos dos poetas; teólogos e juristas, filósofos e artistas estão sempre nos seus lábios, como testemunho do longo tirocínio cultural por ele suportado em preparação para o ministério. da pregação.

3. De não menos interesse é o testemunho que Bernardino nos oferece como religioso. Aos 22 anos, depois de uma experiência de trabalho social e caritativo com poucos outros jovens senenses, durante a peste que ia despovoando a cidade, pediu para entrar entre os Frades Menores. Escolheu o grupo que estava então renovando a Ordem, no regresso à observância rígida e austera, reflorescida em Brogliano com frei Pauluccio Trinci, de Foligno, e depois com frei Giovanni de Stroncone. A sua experiência heróica de caridade entre os empestados e a natural propensão para o cargo de “agente de paz” e de exemplar guarda da castidade entre os jovens de Sena, no Estudo da cidade e na Companhia de Santa Maria da Escada, foram o melhor bilhete de apresentação para conseguir ser recebido entre os Franciscanos.

Pelos biógrafos sabemos que principiou quase logo a dirigir os seus irmãos como Superior local e provincial, na Toscana e na Úmbria, até coroar o “serviço aos irmãos” como Vigário-Geral da Observância. Foram cerca de 300 os conventos por ele renovados ou aceitos entre os Observantes, aqui a acolá pela Itália.

Assim como na qualidade de leigo estimulara os amigos às obras de caridade e de heróica assistência social, assim também como religioso soube infundir nos Irmãos o ardor do seu zelo em seguia as pisadas do “Poverello” no caminho do radicalismo evangélico. A fascinação da sua personalidade conquistava todos os que se aproximavam dele. Quanto mais clara era a apresentação que fazia das exigências austeras da Regra, tanto maior era o fervor com que eles corriam atrás do mestre, no desejo de lhe emular as virtudes (cf. Holzapfel H., Manuale historiae OFM, Friburgi Brisgoviae, 1909, pp. 81-85).

Desta sorte, o movimento da Observância, iniciado com os irmãos leigos, toma-se com São Bernardino nova força, de espiritualidade e cultura, que estimula todo o franciscanismo a vencer as fraquezas humanas, os cansaços da rotina, e lhe favorece o reflorir com abundante número de jovens estudantes universitários, empenhados no estudo da teologia, da moral, do direito, e no apostolado popular em toda a Itália. Entre estes sobressaem os amigos íntimos de Bernardino: São João de Capestrano, São Tiago da Marca, o Beato Alberto de Sarteano e outros muitos, na Úmbria, na Toscana, nas Marcas, na Itália e fora da Itália. E “bernardinos” se chamarão os Observantes de algumas regiões da Europa, como por exemplo na minha pátria, a Polónia.

4. Bernardino, homem de êxito e religioso exemplar, fica na história da cristandade sobretudo como apóstolo. Pregador itinerante, como Cristo e como os Apóstolos, fez do púlpito a sua cátedra. Foi o maior pregador popular da época, tanto que o século XV foi definido “o século de Bernardino”. Em muitas partes da Itália central e setentrional surgem altares, oratórios e templos, erectos em memória das suas pregações e dos seus milagres. Admirado pelos simples como pelos doutos, pelos magistrados como pelos homens da Igreja, Bernardino foi pedido como Bispo em Sena, em Ferrara e em Urbino. Recusou sempre, para manter a liberdade de levar a sua palavra a toda a parte aonde fosse requerido, estando intimamente convencido de ter recebido de Deus a chamada a este ministério, e não a outro.

Pelo seu exemplo e pela sua palavra dita ou escrita, foi renovada a pregação italiana. Disso restam documentos nos volumes das suas “Prediche volgari”, feitas em Florença e em Sena, nos esquemas de sermões latinos, que ele mesmo e os discípulos recolheram ` para serviço dos outros pregadores, nas obras de teologia moral ou ascética, redigidas para a escola e para a vida dos seus Irmãos.

5. Bernardino de Sena fica na história da pregação, da teologia e da ascética, sobretudo como apóstolo do Nome de Jesus. Impressionado pela advertência de Cristo: “E tudo quanto pedirdes em Meu nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14, 13), não pára de fazer-se eco da mesma: pedir ao Padre em nome do Filho é reconhecer o plano de Deus, que desejou servir-se do Verbo encarnado para nos salvar. Nós podemos e devemos santificar-nos por meio da invocação do Filho, cuja mediação nos abre o caminho de acesso ao Pai. O nome de Cristo, portanto, significa misericórdia para com os pecadores, força para vencer na luta, saúde para os enfermos, alegria e exultação para quem o invoca com devoção nas várias circunstâncias da vida, glória e honra para quantos nele têm fé, conversão da tibieza em fervor da caridade, certeza de ser ouvido para quem o invoca, doçura para quem devotamente o medita, suavidade inebriante para quem na contemplação lhe penetra o mistério, fecundidade de méritos para quem é ainda peregrino, glorificação e beatitude para quem já chegou à meta, o Nome de Jesus foi a bandeira, impugnando a qual São Bernardino enfrentou as situações mais difíceis, conseguindo triunfar delas: foi nesse Nome que ele obteve a pacificação das facções rivais, o melhoramento dos costumes, o reavivamento da fé e o incremento da prática cristã.

6. Tema fundamental da pregação do nosso Santo foi também a devoção à Virgem Maria, considerada sobretudo como Mãe de Deus é Medianeira de perdão e de graça. São Bernardino medita, saboreando-as, as páginas do Evangelho que falam de Nossa Senhora, comemora-lhe as festas, comenta-lhe os títulos, ilustra-lhe os mistérios, a começar da sua Conceição imaculada até à sua gloriosa Assunção ao Céu.

Os exemplos da sua vida oferecem-lhe o ponto de partida para sempre novas aplicações morais, que propõe às várias categorias de pessoas, mas em particular aos jovens e às jovens, com tal fervor de sentimento e vigor de palavras e de imagens, que suscita a adesão entusiasta do auditório. A todos pede com insistência que recorram confiadamente à maternal intercessão de Maria, cuja palavra tanto pode sobre o coração de Deus: “Portanto rogar-lhe-emos que peça ao seu doce Filho Jesus que, pelos seus méritos, nos dê graça neste mundo, para depois no outro nos dar a glória infinita” (Prediche volgari, cit., vol. II, p. 420).

Com esta exortação apraz-me concluir a presente Mensagem, uma vez que na assídua invocação da Virgem Santa e na generosa imitação das suas virtudes reside o segredo daquela profunda renovação de mentalidade e vida, que foi o ideal seguido coro zelo infatigável pelo vosso santo Concidadão.

Ao renovar a expressão dos sentimentos de paternal afecto que sinto por essa Comunidade, na qual se acendeu há seis séculos a estrela que devia brilhar imperecível no céu da Igreja, concedo de boa vontade, a cada um dos seus membros e ao seu venerado Pastor, a minha Bênção Apostólica, propiciadora de todos os desejados dons divinos.

Do Vaticano, a 7 de Setembro do ano de 1980, segundo de Pontificado.

JOÃO PAULO PP. II

19/05/2011

“Bruçó”

Autor: Luis Pardal

Resolvi escrever estas linhas para agradecer ao Antero Neto o exemplar que me enviou do livro de sua autoria “Bruçó”. Excelente obra que reflete o trabalho do autor e a sua paixão por resgatar a história antiga de Bruçó e das terras de Mogadouro. 

Da minha parte lhes digo que é um livro é encantador, que recomendo a todos!Eu de primeira abri e não consegui parar de ler. Aproveito para informar que o livro já se encontra à venda na Livraria Carvalho, no Hotel Trindade Coelho e no restaurante "A Lareira".

Quero agradecer tambem ao Isaias Cordeiro pela gentileza de postar o livro nos correios, e me fazer participar desta leitura.

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Citações: www.jornalnordeste.com

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Arquivo: Edição de 15-03-2011

Secção: Nordeste Rural

Memórias de Bruçó

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Obra literária compila memórias paroquiais de 1747 e 1758, notas históricas e etnográficas
O espólio literário do concelho de Mogadouro está mais rico com a obra “Bruçó, As Memórias Paroquiais de 1747 e 1758, Notas Históricas e Etnográficas”, apresentado na Biblioteca Municipal Trindade Coelho, em Mogadouro.
Com autoria de Antero Neto, o livro divide-se em três capítulos, sendo o primeiro dedicado às Memórias Paroquiais do séc. XVIII. Nesta parte, o advogado descreve a estrutura administrativa e produtiva da época, tendo como referência a obra do Pe. Luís Cardoso.
No segundo capítulo destaca-se um “breve ensaio” sobre o topónimo “Bruçó”, bem como a dissertação sobre a festa solstício dos “Velhos e Chocalheiro”, rituais de Natal que o autor disseca e tenta enquadrar. De referir, ainda, um estudo sobre o “Castelo dos Mouros”.
Finalmente, na terceira parte do livro é feita a resenha da evolução demográfica da freguesia de Bruçó, desde o primeiro censo oficial de 1864, até aos dias de hoje.
“É a minha primeira incursão neste campo, e representa um reencontro com uma paixão antiga pela História e Arqueologia”, salienta o Antero Neto, natural da aldeia focada na obra.
Trata-se do segundo livro do advogado, sendo que o primeiro, com o título “Serões do Planalto” é uma colectânea de contos, lançada em 2006 sob a chancela da editora “Labirinto”.
A edição deste livro contou com o apoio da Junta de Freguesia de Bruçó e da Câmara Municipal de Mogadouro.

Por: Francisco Pinto

 

Citações: mogadouro (ho mogadoyro)

Sábado, 12 de Março de 2011

Apresentação do livro "Bruçó..."

Fotos: José Bento da Silva.

Decorreu hoje, na Biblioteca Municipal Trindade Coelho, em Mogadouro, a apresentação oficial do livro "Bruçó, As Memórias Paroquiais de 1747 e 1758, Notas Históricas e Etnográficas". A exposição sobre a obra esteve a cargo do Dr. Pimenta de Castro. No final houve sessão de autógrafos e convívio com os presentes, no bar das instalações da biblioteca.

17/05/2011

PRIMAVERA NA ALDEIA

Autor: Alberto Paulo

Papoulas

I

Paisagem da nossa terra,

Que o mês de Abril mudou,

São cores da primavera,

Que a natureza pintou.

 

II

Andam perfumes no ar,

D’arçanha e outras flores,

É uma beleza sem par,

Salpicada de mil cores.

 

III

A esteva vai sorrindo,

De flor branca singela,

P’ro quadro ficar mais lindo,

Pintou a giesta amarela,

 

IV

Papoila vermelha, carqueija,

Perfumando atmosfera,

Doce flor à’belha beija,

É assim a primavera.

 

Alberto Paulo

 

Primavera

Clique na imagem para ampliar, depois copie e envie como postal!

PRIMAVERA NA ALDEIA

Autor: Alberto Paulo

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Alberto Paulo

15/05/2011

Tal pai tal filho

 
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Móveis albicastrenses no Canadá

 

Sucesso no Canadá, os moveis albicastrenses fabricados pela familia Parreira, são um luxo só ! Nas melhores casas canadenses!

O essencial está nos detalhes

 

Nesta semana, mais um amigo chegou a Florianópolis, António Cordeiro, de Remondes, do Concelho de Mogadouro.

Um verdadeiro enamorado pela sua terra a quem dedica uma paixão sem limites manifestada no site que escreve www.remondesonline.com  Foi através do site que nos conhecemos, por alguns artigos que ele escreveu sobre Castelo Branco que gentilmente autorizou a publicar aqui no site e blog. Na troca de e-mails logo informou que conhecia Florianópolis e que muito em breve viria por aqui. Nesta sexta feira tive a alegria de o conhecer pessoalmente e de almoçarmos juntos. Sábado de novo visitamos alguns lugares da cidade e almoçamos no Varandas de Lisboa, um restaurante sobre o qual lera um artigo no Jornal Diário Catarinense e que gostaria de conhecer.

O António viaja o mundo com olhos abertos para os detalhes, as nuances, e as situações pitorescas que os países e povos apresentam.  Ao voltar para casa leva junto na mala, a riqueza dos lugares que visita. Impressionou a dedicação dele para estudar a história, cultura, costumes, as tradições de Florianópolis e Santa Catarina. Curiosamente fez revelações sobre lugares e coisas que eu não conhecia. Por exemplo fomos ao mercado provar uma chouriça feita em Pomerode que lembra as de nossa terra e que ele descobriu nas várias visitas que fez a esta Ilha da Magia. Um cozinheiro de mão cheia, quando o fui buscar ao hotel,   uma grata surpresa de presente: embrulhados em alumínio, uma dúzia de pasteis de bacalhau, maravilhosos, os autênticos, que ele fizera na casa de uma amiga.

É também um estudioso da história de nossas terras, famílias e tradições. Uma memória fantástica, enciclopédica, rica de detalhes e de conteúdo que impressiona pelo vasto conhecimento e pesquisas sobre nossas terras e gentes.

Conhece bem Castelo Branco e me revelou que foi praça do Arlindo Parreira no ultramar. Segunda feira antes da partida para o Rio ainda vamos almoçar juntos mais uma vez. Visitem o site www.remondesonline.com para acompanhar as narrativas que ele mesmo faz sobre a viagem.

antonio cordeiro

13/05/2011

Sede

 

Marco da Praça

 

Água de minha terra,
Nascente de fragas e monte,
Vida que desce a serra,
Sangue que corre da fonte.

Nasces bela no cimo do outeiro,
Entre amendoeiras, giestas, e vinha,
Dás de beber ao povo inteiro,
Deixa-me beber também, saudade minha...

Fontaela, tu levas-me de volta,
Ao lugar, de onde eu nunca saí,
A sonhar-te, meu ser se solta,
E volta de novo, onde eu nasci.

Albano Solheira

06/05/2011

“SE BEM ME LEMBRO”

Autor: António José Salgado Rodrigues

 

embude SE BEM ME LEMBRO, também no meu tempo via festejar o Carnaval e que muito me custava não poder participar. Lembro-me perfeitamente dos “casamentos  aú” e como já li dois detalhes, vai também o meu que lembro com saudade.

Quando, lá ao longe, se ouvia o entoar de de atorreamento carnavalesco que ecoava através de um bom “embude”, era prenúncio que os casamenteiros estavam próximos e renascia em nós a esperança de ver coma seria o casamento. Mais próximo, já na rua da Vale, ouve-se então: “Ó senhor Nascimento aú, a sua filha Ana já se quer casar? Depois de breve silêncio, vem a resposta, outras vozes, sim. .. E quem lhe havemos de dar para a sustentar..? Nova pausa e dizem; há de ser o Antoninho do senhor professor que é capaz de a governar..e de seguida e em coro ,é bom rapaz, é bom rapaz..

Lembro que uma das vezes e com a devida permissão, entrei e fui a casa da noiva “pedir a mão”,que com toda a gentileza fui recebido e se comeram uns doces e beberam-se uns cálices de licor.

Lembro também algumas passagens de festejos carnavalescos com vários mascarados de diversos disfarces que acompanhavam em cortejo e com burros à mistura, também eles engalanados a preceito e não podia deixar de recordar o cortejo que, além de variados caretos e outros figurantes do género, o impagável Mário Lapo que, cavalgando o seu pachorrento macho, “o mosquito”, com uns dois pares de albardas donde pendia de cada lado, servindo de estribo, uma caldeira velha e o nosso amigo Mário todo sumptuoso, tinha como roupagem apenas a cobri-lo, uma colcha de renda que deixava transparecer todo o corpo e seus contornos…, o que não agradou a alguns mas alegrou a muitos mais com fortes gargalhadas. Tal era a mansidão do “ mosquito “, que mesmo com as bombas de carnaval a estourarem-lhe debaixo das patas faziam com que ele se espantasse. Nesses cortejos seguiam, como já disse, seguiam vários mascarados que, disfarçadamente, levavam nas algibeiras e pequenos saquitos, cinza bem peneirada para atirar pela multidão que assistia à sua passagem, mas as meninas mais prendadas eram presenteadas com farinha ou pó de arroz ou até mesmo “enforretadas “

Quando as meninas vistosas se encontravam às janelas e varandas para evitar aqueles mimos, lá se atiravam uns punhados de farinha e quando algum com mais destreza tentava invadir os seus aposentos eram atingidos com uns copos de água. Muitas vezes assaltava-se a casa por portas travessas, pois uma ou outra e até a dona de casa, já combinada com os assaltantes, lhes permitiam chegar às vítimas, que então eram bem polvilhadas com farinha, pó de arroz e acariciadas com as mãos bem ferreteadas com cortiça queimada, apesar de todos os esquivos.

Outras mais afoitas seguiam no cortejo e conviviam alegremente com os rapazes e travavam luta para ver qual o que ficava mais enferretado e branqueado de farinha, era uma camaradagem sadia, naquele tempo ainda não se tinham serpentinas de maneira que os foliões se valiam dos artifícios usados naquela época.

Mais lembranças tinha para contar, algumas bem tristes, mas não as comento, essas estão bem guardadas no coração.

Já vais que longo este arrazoado, por isso aqui deixo um obrigado a quem tiver a pachorra de o ler. Deixo um agradecimento muito especial para os amigos Isaías Cordeiro e Luis Pardal que se vão encarregar de substantificar o texto “ SE BEM ME LEMBRO “.

Um afectuoso abraço, para os amigos, continua a ser o Antoninho.

António José Salgado Rodrigues

05/05/2011

Senhora da vila velha

Autor: Marina Craveiro

 Desta aldeia tu és Mãe,  Teus filhos sem ti nada são, Acompanha os imigrantes, Que te levam no coração.

 

Senhora da vila velha

Cheia de graça divina

A luz que vem dos teus olhos

A todos nós fascina

 

Senhora da Vila Velha

Com o teu filho nos braços

Alivia a cruz das mães

Que seus filhos lhe dão cansaços

 

Senhora da Vila Velha

Com teu sorriso de mãe

Protege os nossos jovens

Que eles te pedem também.

 

Senhora da Vila Velha

Com teu manto dourado,

Aconchega-nos de baixo

E livra-nos do pecado

 

Castelo Branco a teu pés

Hoje aqui te vem saudar,

Dá-nos a tua benção

Livra-nos de todo o mal.

 

Tens um santuário lindo,

Como ele não há igual.

Toda a mãe que está aflita

Para cá vem a rezar.

 

E quando nós cá chegamos

Está um carrasco grande

Que dá sombra e bem estar,

Ao peregrino visitante.

 

Desta aldeia tu és Mãe

Teus filhos sem ti nada são

Acompanha os imigrantes

Que te levam no coração

 

Minha Mãe da Vila Velha

És a estrela que dá luz,

Nos ilumina o caminho

E ao céu a todos conduz

 

Marina Craveiro 12 de setembro de 2006

01/05/2011

SIMPLESMENTE MÃE

Autor: Mário Neto

 

Hoje em Portugal é dia das Mães.

 

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Mãe carinhosa, mãe amiga,

Mãe de muitos, mãe de poucos

Mãe de todos nós.

Mãe das mães, mãe dos filhos

Mãe – pai: duas vezes mãe

Mãe lutadora e companheira

Mãe educadora, mãe mestra

Mãe analfabeta, sábia mãe

Mãe dos que nada têm e dos que tudo têm

Mãe do silêncio, mãe da comunicação

Mãe dos doentes e dos sãos

Mãe dos que plantam e dos que colhem

Mãe de quem nada faz e de quem compra feito

Mãe de quem magoou e de quem perdoou

Mãe dos que já foram, mãe dos que ficaram

Mãe dos guerreiros e dos guerreados

Mãe que sorri, mãe que chora

Mãe que abraça e afaga

Mãe presente, Mãe ausente

Mãe do sagrado, mãe da luz

Mãe de Jesus e nossa Mãe

Mãe simplesmente Mãe