Revisitando Castelo Branco

24/08/2011

Mordomos da Festa da Nossa Senhora da Vila Velha 2011

Autor: António Pires

ALGUNS DOS MORDOMOS DA FESTA DE NOSSA DA VILA VELHA POIS SÃO HOMENS E RAPARIGAS DE PESO ( OBRIDADO AVÓS)Na foto alguns dos mordomos (obrigado aos avós).

Comissão da Festa da Nossa Senhora da Vila Velha realizada no dia 20 de Agosto de 2011, pelas 11:00 horas em Castelo Branco – Mogadouro

Lista Mordomos 2010/2011

· Afonso Martins

· Alexandre Ferreira

· António Costa

· Cátia Morais

· Lara Lopes

· Lara Meleiro

· Miguel Rito

· Nuno Fonseca

· Samuel Parreira

· Telmo Cancela

· Tiago Pires

Imagem de Nossa Senhora do Menino Jesus e São José na Capela da Vila Velha

Nossa Senhora da Vila Velha

Autor: Marina Craveiro

Fotos de Nossa Senhora da Vila Velha de Castelo Branco Mogadouro

Senhora da vila velha

Cheia de graça divina

A luz que vem dos teus olhos

A todos nós fascina

 

Senhora da Vila Velha

Com o teu filho nos braços

Alivia a cruz das mães

Que seus filhos lhe dão cansaços

 

Senhora da Vila Velha

Com teu sorriso de mãe

Protege os nossos jovens

Que eles te pedem também.

 

Senhora da Vila Velha

Com teu manto dourado,

Aconchega-nos de baixo

E livra-nos do pecado

 

Castelo Branco a teu pés

Hoje aqui te vem saudar,

Dá-nos a tua benção

Livra-nos de todo o mal.

 

Tens um santuário lindo,

Como ele não há igual.

Toda a mãe que está aflita

Para cá vem a rezar.

 

E quando nós cá chegamos

Está um carrasco grande

Que dá sombra e bem estar,

Ao peregrino visitante.

 

Desta aldeia tu és Mãe

Teus filhos sem ti nada são

Acompanha os imigrantes

Que te levam no coração

 

Minha Mãe da Vila Velha

És a estrela que dá luz,

Nos ilumina o caminho

E ao céu a todos conduz

 

Marina Craveiro 12 de setembro de 2006

20/08/2011

Lista Mordomos 2010/2011 N.S.RA Da Vilha Velha de Castelo Branco, Mogadouro

Autor: Marina da Graça Craveiro

Comissão da Festa da Nossa Senhora da Vila Velha realizada no dia 20 de Agosto de 2011, pelas 11:00 horas em Castelo Branco – Mogadouro

Lista Mordomos 2010/2011

· Afonso Martins

· Alexandre Ferreira

· António Costa

· Cátia Morais

· Lara Lopes

· Lara Meleiro

· Miguel Rito

· Nuno Fonseca

· Samuel Parreira

· Telmo Cancela

· Tiago Pires

Fotos: Valter Matos(Vista para a Capela de Nossa Senhora da Vila Velha - Castelo Branco - Mogadouro)

 

NOSSA SENHORA da VILA VELHA

Autor: Marina da Graça Craveiro

 

1

Aqui estamos reunidos,

Com uma grande alegria,

Para saudarmos Maria,

Porque hoje é o seu dia.

2

È pela primeira vez,

Que na falta da mocidade!

Se propõem servir a festa

Mordomos de tão tenra idade.

3

Estas humildes crianças

Que só pensam em brincar!

Têm seus pais e avós,

Para por eles trabalhar.

4

Se tivessem mais idade

Guardavam uma bela recordação,

Mas eles são tão pequeninos!

Que jamais se lembrarão!

5

Servir a festa é uma honra!

Não nos devemos negar,

Mas que sejam mais crescidos,

P’ra que possam ajudar.

6

Senhora da Vila Velha,

Que nos dá força e luz,

Não deixará perder a festa,

Pois nas suas mãos a conduz.

7

Estás tão só nesta montanha,

Senhora que és tão Bela!

Traz o povo em oração

Pelo caminho da tua capela.

8

Se a festa não continuar,

Não veremos tanta união,

Pois Nossa Senhora não irá

Para a aldeia em procissão.

9

A todos os que colaboraram,

Queremos agradecer,

Pois sem os seus donativos,

A festa não poderíamos fazer!

10

Também com nosso Pároco

Temos grande gratidão,

Pois tudo o que foi do seu alcance,

Fez com grande prontidão.

11

Que Nossa Senhora nos dê:

Saúde, coragem e compreensão,

Para continuarmos a fazer a festa,

Com amor e paz em nosso coração.

 

Marina da Graça Craveiro

Foto: Valter Matos

Foto: Valter Matos

 

09/08/2011

“RAPAZES VAMOS À RONDA…

Autor: António José Salgado Rodrigues

                Atendendo a um desafio que me foi colocado pelo nosso ex-regedor Arlindo, vou dar continuidade a mais uns capítulos do texto já publicado SE BEM ME LEMBRO, com a publicação deste texto:

                - SE BEM ME LEMBRO, também em Castelo Branco era costume a rapaziada fazerem as suas “rondas”, que consistiam em cortejo nocturno, percorrerem as ruas da aldeia e cantarem quadras soltas para expressar o seu sentimento amoroso pelas suas moças pretendidas.

                Depois de breve reunião e afinação das violas dos tocadores Cândido Pombo e seu filho e meu amigo Dário Pombo, Serafim Rito, António Salgueiro, Armando Emílio Neto, Francisco Urze, ora uns ora outros, na tasca do Cândido, dava-se início à “ronda”, com as vozes devidamente afinadas, quadras essas umas mais amorosas, outras mais brejeiras, como vamos atentar: -

 

                                               Ó LUAR DA MEIA – NOITE,

                                               ALUMIA CÁ PRA BAIXO.

                                               EU PERDI O MEU AMOR,

                                               ÀS ESCURAS NÃO O ACHO.

 

                SUBI AO CÉU E SENTEI-ME,

                DUMA NUVEM FIZ ENCOSTO.

                DEI UM BEIJO NUMA ESTRELA,

                JULGANDO QUE ERA O TEU ROSTO.

 

       OLIVEIRA PEQUENINA

       QUE AZEITONA HÁS-DE DAR,

       COMO EU POBRE E SEM DINHEIRO

       QUE AMORES HEI- DE ARRANJAR.

 

                ANDAS-TE A GABAR QUE ÉS BOA,

                MAS NÃO ACHAS QUEM TE QUEIRA.

                ÉS APALPADA POR TODOS,

                COMO O FIGO NA FIGUEIRA.

 

                        RUA ABAIXO, RUA ACIMA,

                        TODA A GENTE ME QUER BEM.

                        SÓ O DA CAIXA DO CORREIO

                        NÃO SEI QUE RAIVA ME TEM.

 

                DA MINHA JANELA À TUA,

                É O SALTO DE UMA COBRA.

                AINDA HEI-DE CHAMAR,

                À TUA MÃE MINHA SOGRA.

 

       ONTEM À NOITE À MEIA-NOITE,

       NEM MEIA-NOITE SERIA.

       HOUVI CANTAR O MEU GALO

       NO TEU POLEIRO, M

 

                MARIA QUE LINDO NOME!

                QUEM TO PÔS, QUEM TO PORIA.

                BAPTIZOU-TE A MADRUGADA

                FOI MADRINHA A LUZ DO DIA.

 

                Terminada a “ronda”, no local onde começara, bebiam-se mais uns copos e faziam-se os mais variados comentários à cantoria: - É pá, onde aprendes-te as da Maria? Olha que essa foi mesmo a preceito; olha que foste duro com aquela! É para que não se queira fazer mais que as outras e por aí adiante…. Rapazes, a noite já vai longa e amanhã é dia de trabalho e lá iam para a cama dormir, quiçá, sonhar com as suas amadas

                Já que estamos em tempo de poesia, prometo que em breve irei publicar dois poemas de minha autoria quando ainda era menino e moço.

                 Forte abraço do António José Salgado Rodrigues

“Bailaricos…”

Autor: António José Salgado Rodrigues

- SE BEM ME LEMBRO, e também por sugestão do mesmo, vamos ver se conseguimos descrever como eram os bailaricos, que se faziam nas casas das moças mais animadas e consentimento da respectiva paternidade. Os rapazes de boa reputação iam de casa em casa onde havia raparigas a preceito, pedir aos pais para deixarem ir a filha ao baile que se ia realizar numa casa que tivesse um salão amplo e a pretexto de um aniversário ou outra invenção, de maneira que lá ia toda a família, principalmente as mamãs, para poderem vigiar as filhas …

Chegada a hora do baile, em regra à noite, a rapaziada entrava na frente para dar uma arrumadela à sala, mesas para um lado, cadeiras para outro a que se juntavam outras para haver lugar para os convidados mais adultos se sentarem, principalmente as mamãs que estavam sempre de olhos postos a ver com quem a filha dançava, sempre o olho bem guicho, não fosse o par bem do seu agrado mas desde que fosse da filha …

Os bailaricos eram quase sempre à noite, à luz das candeias a petróleo e a música era a que vinha do dedilhar das guitarras e violas dos afamados tocadores a que se fez referência no outro capítulo. Era uma sã camaradagem e muitas vezes os bailaricos duravam até às tantas, e às tantas os pais já dormitavam mas as mães sempre de olho fino, embora de vez em quando os olhitos de algumas pareciam que tinham moscas e começavam a piscar e a cabeça começava a “pesar figo” (pender). Era nessa altura que os menos tímidos roubavam um beijito à moça ou até ela o consentia e os corpos começavam a andar bem mais unidos e apertados de modo que o arfar quente dos corpos sentiam pulsar os corações, momentos esses guardados como arcanos sublimes.

Mal começava a música, os rapazes dirigiam-se às raparigas a convidá-las para a dança, “a menina dá-me a honra desta dança”? ou apenas “queres vir dançar”?, aquele em casos mais cerimoniosos, mas se o rapaz não lhe agradava a preceito, dava-lhe “uma tampa”, mas era muito raro, como também era muito raro a moça dançar duas ou três vezes com o mesmo par, para não dar nas vistas …

Uma vez por outra, alguém se lembrava da “valsa de damas”, que consistia em apertar-se um lenço na ponta mais estreita e arqueada da guitarra, e tinha que serem as raparigas a ir convidar os rapazes, mas algumas mais envergonhadas ficavam junto das mães.

Muitos namoros se arranjaram e alguns terminaram em felizes e duradoiros casamentos. Apareciam também alguns rapazes de outras aldeias vizinhas com sentido em alguma moça, mas para entrar tinha que ser da confiança dos organizadores, caso contrário iam com os cantares de cegada.

Às tantas com a noite já um pouco adiantada, fazia-se um intervalo que para além de dar descanso aos tocadores, servia também para retemperar forças e eram servidos uns doces e um licor às damas e uns copos de vinho aos cavalheiros.

Findo o baile, as famílias mais distantes iam sempre acompanhadas a casa pelos organizadores, pois as noites eram escuras, ainda sem iluminação mas algumas vezes já começava a raiar a aurora.

Forte abraço do António José Salgado Rodrigues

“Convivios…”

Autor:António José Salgado Rodrigues

 

SE BEM ME LEMBRO…

Aos Domingos de tarde e já em tempo alto, era costume a mocidade mais unida, iam fazer convívios dançantes para a Retorta ou para as Eiras.

As moças levavam os farnéis com boa merenda, os rapazes levavam os dentes. Para dar início ao convívio, começava-se com o jogo do anel, que consistia em um dos presentes colocar um anel entre as mãos colocadas em posição de quem está a rezar com as mãos bem espalmadas, e ia percorrendo o grupo um a um que aguardava, sentados na relva seca, com as mãos na mesma posição mas apoiadas nos joelhos e que abriam levemente para receber as mãos do que tinha o anel que seria depositado nas mãos que fosse entendido, às vezes já combinado. Findo o percurso, perguntava “quantos abraços dás a quem tem o anel?”. A resposta era um, dois, três… a fulana ou fulano e quem adivinhasse cumpria e depois quem tivesse tido a honra de ter sido contemplada com o anel, repetia o gesto e assim sucessivamente, depois lá se substituíam os abraços por beijos…

Findo este jogo faziam-se jogos de roda, findos os quais seguia-se o lanche e arrumados os farnéis, dava-se início ao baile propriamente dito e sem a vigia das mamãs já podiam dançar mais à vontade cada um com o seu par predilecto.

Dançava-se ao toque da filarmónica de beiços - o realejo -e quem havia de ser o tocador… nem mais nem menos que o ILUSTRE REGEDOR (Arlindo Parreira), mas ao que sei, quando a namorada andava a dançar com outro, a música só dava para duas voltas, mas quando o “malandro” dançava com a sua bela namorada, bem aconchegado (aperta, aperta com ela…) a dança durava bem mais, nem se cansava dos lábios…

Todos bem agarrados e sem a presença de estorvilhos, deixavam falar o coração com os corpos bem unidos, iam idealizando um sonho amoroso, os lábios macerados de beijos, tinham que se precatar com o passar das horas, por isso toca de aviar não fossem chegar tarde a casa, mas tudo correra às mil maravilhas e regressavam a casa, e pela noite dentro, já com a cabeça acomodada na almofada, julgo eu que o pensamento do ILUSTRE REGEDOR entrava num sonho de pálidas imagens de semi-recordadas raparigas banhadas pela prolongada luz do Sol nos descuidados dias estivais, de momentos de amor sob a lua cheia das noites de Inverno, imagens de ternura e de indefinido desejo, sexo espiritualizado pela distância em algo doce-amargo e precioso, sublimado pela alquimia do tempo que transforma a mão suada pousada na suave almofada de um seio assustado e palpitante num sonho insubstancial de juventude escassamente relembrado. .Queria beijar-lhe os lábios, afundar-se nos pélegos imóveis dos seus olhos cor de cinza…

Seria assim, Arlindo?

E ao acordares dirias lá para ti

- “OH! NUNCA EU DESPERTASSE DE TAL SONHO!.............

Forte abraço do António José Salgado Rodrigues

“Fogo e enxofre…”

Autor: António José Salgado Rodrigues

-SE BEM ME LEMBRO,

A rapaziada lá conseguiu organizar um bailarico num Domingo à tarde em casa do senhor Francisco Parreira – pai do Arlindo -, pois a Felisbela e irmãos também gostavam de dar à perna, mas o pior era pai “Chico cabra”, que não ia nada em bailes nem autorizava, de maneira com o consentimento da mãe Ernestina e filhos lá convenceram que o pai fosse até uma propriedade ainda longe, para dar tempo a que se organizasse o bailarico, depois mal seria se quando chegasse, armasse “um pé de vento”.

Dançou-se a bom dançar com a alegria natural da mocidade, mas o baile terminou de maneira muito ardilosa e sem que ninguém o fizesse esperar.

Pai “Chico cabra”, chegou a casa mais cedo do que a rapaziada esperava e ao deparar com o baile, sem dar nas vistas nem dar qualquer atenção ao mesmo, recolheu a burra que lhe servira de transporte e dirigiu-se para uma adega que ficava por baixo da sala do baile e com a sua matreirice feito “mula”, diz lá para os seus botões:”deixai-vos dançar que a dança sai da pança” e vai daí, arranja um pouco de enxofre e pega-lhe fogo, pelo que o fumo e cheiro característico do enxofre queimado e tóxicos, começaram a subir pelas frechas do soalho e a serem inalados pelos dançarinos que começaram a espirrar e tossir e olhos a começarem a arder, pelo que tiveram que sair a toda a pressa e deixar o baile fazendo os comentários mais apropriados acompanhados de fortes risadas, isto só do “Chico mula”. E assim terminou um bailarico que deu muito que falar no bom sentido.

Lembras-te bem ò Arlindo com as tuas tramas que fizeste e contas em alguns textos, bem se pode dizer que herdaste os livros, pois as travessuras que idealizaste e levaste a cabo com tanta matreirice, são bem apanágio descende e que ficam na memória dos que se riram com tanta malandrice salutar. Era caso para dizer:

- Ó TEMPO VOLTA PRA TRÁS…

E já que falamos em tempo: - ó Arlindo, sabes a idade do tempo?

Então aí vai.

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM? O TEMPO RESPONDEU AO TEMPO QUE O TEMPO TEM TANTO TEMPO, QUANTO TEMPO O TEMPO TEM.

Forte abraço do António José Salgado Rodrigues

DR.VERGILIO JOSÉ P.CARVALHO

Autor:António José Salgado Rodrigues

-SE BEM ME LEMBRO,

Foi em tempos Castelo Branco a única freguesia do concelho de Mogadouro que se podia ufanar de possuir um médico residencial praticamente 24 horas por 24, sempre pronto a acudir desde a simples enxaqueca á mais dolorosa e grave enfermidade tanto aos seus conterrâneos como a outros doentes que o procuravam de outras aldeias vizinhas – o saudoso DR. VERGILIO JOSÉ PIMENTEL DE CARVALHO – que, qual João Semana, a principio montado no seu belo alazão, acudia a todas as chamadas urgentes, quantas vezes debaixo de tempestade de chuva, vento ou calor. De trato afável a todos tratava com urbanidade.

Todas as semanas se deslocava à freguesia de Meirinhos a dar consultas nas instalações da Casa do Povo que estava apetrechada com uma sala de consulta e outra de pequenos tratamentos. Ali passava a tarde até terminar as consultas, findas as quais sentava-se num pequeno muro que servia de banco e debaixo de um frondoso olmo, em frente da Igreja, a cavaquear com os amigos, que os tinha, pois sei que se sentia bem entre aquela gente.

Em Castelo Branco dedicava-se, além da assistência médica, da assistência à sua casa agrícola, que era vasta e das melhores, vivia sumptuosamente numa casa fora do comum para a época, rodeado de duas ou três criadas e que todos os albicastrenses conhecem, e melhor que eu, sabem qual o seu destino assim como o das suas propriedades. Tinha gosto pela lavoura que administrava com eficácia e saber, tendo casa para os criados e amplas instalações

Para recolha dos animais de raça bovina e muar e forragens. Nas horas vagas e de bom humor, também se entretinha a dedilhar o seu estimado bandolim para gáudio dos que o escutavam. Como qualquer mortal, também teve os seus amores arcanos.

Com a abertura da estrada que liga a Mogadouro e com o avanço do progresso e sua colocação no Hospital da Misericórdia, toca da comprar um Opel, que até equipou com gira discos, e que diariamente conduzia ao seu destino e recordo que alguns, do triângulo das placas à entrada para a povoação, o seguiam até ao alto da pedreira e olhavam o relógio a ver quantos minutos demorava.

Foi sempre um médico dedicado, de trato afável e que muito de si deu ao Hospital de modo a figurar nos anais das paredes, como benemérito, e onde também existia a fotografia de outro albicastrense cujo nome não me ocorre e sei que era conhecido por “CRISTO”.Na mesma parede havia a fotografia de outros beneméritos e desconheço o destino que lhes foi dado.

Foi numa dessas viagens que a seguir ao cruzamento para Vale de Porco, logo à primeira curva à direita o automóvel, por causas para nós desconhecidas, foi embater num murete que servia de resguardo à boca de um aqueduto, tendo sofrido queixas lombares e cervicais e com o decorrer do tempo haviam lhe haviam de vir a ser fatais, foram o princípio do fim, quando ainda tinha muito para dar á sociedade, pois tinha apenas 62 anos de idade.

O seu mérito foi devidamente reconhecido pela autarquia de Mogadouro ao ter dado o nome de “RUA DR.VERGILIO PIMENTEL DE CARVALHO” – “07/O2/1907 A 15/03/L969”.

Foi ele que de pronto acudiu a socorrer e livrar de morte certa a Maria Elisa Carreiro, a senhora Felisbina e julgo que uma criança cujo nome não me ocorre e que estavam prestes a falecer por afogamento ao terem caído `para a Fonte do Vale, (Fonte de mergulho) fonte esta já relacionada num texto do Arlindo, mas a mesma sorte não teve uma outra criança que viria a falecer.

Para atar os molhos, também teve as suas histórias anedóticas, vou lembrar apenas duas: Numa das suas propriedades perto de casa tinha uma cerejeira que dava o fruto temporão, mas era raro ser ele o primeiro a recolher as cerejas mas não desconfiava do autor dessa proeza, pelo que se bem o pensou, melhor o fez, e com a sua perícia e conhecimento médico, vai de injectar as cerejas mais perto do solo, com produto cujo efeito seria uma pequena dor de barriga e diarreia, género “caga já”.

Passados dias eis que lhe surge no consultório certo indivíduo com dores de barriga, pelo que toca de perguntar ao paciente o que tinha comido e a muito custo lá conseguiu confessar onde tinha comido as cerejas e assim descobriu o “dono das cerejas”.

Além de um raspanete moralizante, foi advertido para não voltar a praticar tais actos, mas com pena dele mandou-o embora sem pagar a consulta, depois de lhe aplicar a medicação adequada para a passagem da enfermidade.

-Outro caso, em determinada ocasião, também por altura das cerejas, certo indivíduo foi de urgência pedir socorro ao Dr.Vergilio com fortes dores abdominais e aperto no ânus que não conseguia evacuar, todo se rebolava com as dores.

Depois de recolhidas as informações do que tinha ingerido – cerejas com tal ansiedade que até os caroços foram deglutidos – pelo que eram estes a obstruir a saída das fezes.

- ”Deita-te aí nessa mesa de cócoras com o traseiro bem para cima com o cú bem aberto”, e toca a começar de usar os métodos indispensáveis à desobstrução e o paciente puxava tal mulher com dores de parto, que a dado momento, são expelidos 2 ou 3 caroços seguidos de uma “borrifadela” de fezes que atingem o médico, supondes como teria ficado …Intestino limpo, antes de mais nada, Dr.Vergilio toca de se ir lavar e desinfectar enquanto o paciente se limpava cheio de vergonha.

- ”Olha que te fique de emenda, não sejas alarve, já estás bom ? ”

- “Sim, senhor doutor, faça o favor de me desculpar e quanto lhe devo?

- “Olha, não te devia levar nada, mas pelo nojo que me fizeste apanhar, vais pagar a consulta e intervenção cirúrgica, é … (não sei quanto).

Vidas de médico.

image (Fotos gentilmente cedidas por pessoa amiga)image

Forte abraço do António José Salgado Rodrigues