Revisitando Castelo Branco

13/07/2009

Conheço-te-de-ginjeira!


clip_image002Não penses mal desta expressão de cariz rural.
É até bom usá-la. Além de querer dizer o bem que te conheço também induz para uma vida no “meio dos montes”. Induz o regressar a “casa”.
Pois é! Há dias lá fui eu para mais uma visita de médico.
Desta vez além das cerejas que também apanhei, as brancas, que são mais tardegas[1], fui às ginjas.
O ano passado, se te lembras falei-te das cerejas do pai Elísio que muito furor fazem por onde passam, seja por terras albicastrenses seja por terras portuenses.
clip_image004Agora aproveito para falar das ginjas, que também por aqui causam espanto.
Fazem-no porque são difíceis de encontrar à venda nas cidades, mas eu tenho a sorte de o meu vizinho, o Sr. Armando, mais conhecido por Armindo, ter uma ginjeira no quintal que todos os anos se enchem deste translúcido fruto.
Por isso na manhã de domingo, depois de ser acordada pelas andorinhas que chilreavam no beiral do meu quarto, mesmo antes de tomar o “café” (o pequeno-almoço) fui à adega em busca de uma cesta.
Subi até ao quintal do Sr. Armindo e deliciei-me a apanhar as ditas ginjas que com vocês partilho.
A árvore estava carregada e as ginjas mesmo no ponto de rebuçado. Esta a precisar ser limpa. Terei de tratar dessa parte na altura da poda porque o Sr. Armindo está a ficar cansado e já não lhe liga muito.
Que alegria vão sentir os meus colegas de trabalho a quem prometi ensinar a fazer ginginha. Para além de lhes dar a receita da minha mãe levo-lhes também as ditas ginjas. Faremos uma boa "pomada".
Já agora deixo a receita, para quem precisar.
Ginja q.b
Aguardente q.b
2 paus de canela
Açúcar amarelo
ginja mLavar muito bem as ginjas e colocá-las numa garrafa. Bonita de preferência, ou mesmo numa linda garrafa de licor que ande lá por casa. Seguidamente adicione o açúcar amarelo por cima das ginjas, pelo menos até ter uma altura de 4 dedos, e coloque também os dois paus de canela. Por último, deite a aguardente por cima, até encher praticamente a garrafa e caso não tenha aguardente de reserva deixe um pedaço para que ao longo de um ano possa encher um pouco mais atendendo a que o açúcar se irá dissolver.
Não mexa, nem agite! Deixe repousar e esperar para provar, mas só daqui a um ano!

Artigo: Aida Freitas Ferreira .

 [1] Esta palavra soa ao meu avô Zé António. É bom tê-lo ao ouvido de vez em quando. Agradeço-lhe de coração tudo o que me transmitiu e ensinou.
ginja

Leia mais artigos escritos pela autora:  
Coisas e Loisas,   
Cá te espero para os figos.

2 comentários:

  1. Anónimo20.7.09

    Antero Geraldes disse:


    A "PARABOLA" do " ...este conheco-o eu de gingeira", tem a sua origem na festa de uma aldeia transmontana, onde dois compadres, discutam numa esquina enquanto passava a procissao: A cada andor que passava, tiravam o chapeu.
    Quando passou um certo andor, o compadre da dita aldeia, nao tirou o chapeu. O amigo deu-lhe uma cotovelada e reprimeu "o chapeu!!", ao que o da terra respondeu "ESTE CONHEÇOO EU DE GINJEIRA". A razao desta insinuaçao e falta de respeito pelo Santo, é que o homem era carpinteiro, tinha sido ele que esculptou a imagem. Esta é a historia verdadeira dessa parabola.
    Eu até digo mais isto pode ter direitos de autor... mesmo a milhares de Km de TRAS OS MONTES.

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  2. Olá Antero e Aida,

    Maravilha ver a participação aumentar. É isso aí conte um conto e aumente um ponto, vamos fazer as coisas aparecere do baú.

    Abraços aos dois!!!

    Luis Pardal

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