Revisitando Castelo Branco

31/12/2014

E viva o novo!

Já pra lá vão alguns anos que por aqui não venho...

Andei ocupado e com afazeres que me tomavam o tempo que tinha disponível. Nasceu minha piquena e foi necessário olhar pra cá em vez de lá. Senti que também era hora, de parar um pouco,  para descansar e, repensar o propósito deste blog.

Volto com a convicção de que esta lavoura é singular e pessoal. Por estas linhas farei meus sulcos na terra das minhas lembranças para avivar meu respeito e saudases por minha terra e suas gentes.

Forte abraço.

Feliz 2015!

01/12/2014

Dia de fazer o folar

Folar feito no forno da Amélia há alguns anos Ó Tia Maria, se ainda não o fez já é hora. Falta pouco para a páscoa e a esta altura, a fila nos fornos da aldeia já deve estar grande! Tem outras mais ligeiras que chegaram primeiro. Afinal quem de trás anda diante se queixa. - É ou não é tia Maria? Mas sempre tem lugar e cabe mais um .
Pegue logo as giestas e escovas secas para esquentar o forno, podem ser galhos de oliveira que também sevem bem pra isso, se a senhora limpou as suas deve ter alguma lenha.
O fogo da lenha para preparar o folar, no forno da AméliaBote também na lista, tudo o que tem que levar para o forno: mantas, lençóis de linho para levedar a massa, farinha de trigo, ovos, azeite, salpicões, lingüiças, presunto. Diga-me se esqueci de alguma coisa? Hoje é dia de por as mãos na massa e fazer o folar. Páscoa sem ele em Castelo Branco não tem vez.
Se não tiver mais lugar, não fique parada, vá lá falar com a Amélia ou a Guilhermina que as duas têm forno e vão gostar de poder dar uma força. E se já esqueceu a receita, peça que elas sabem como se faz um ótimo folar. A receita delas é das boas.
O folar pelas nossas terras é o pão da Pascoa, um alimento ancestral, que combina com maestria o ritual cristão com a alquímica da água , azeite, sal, ovos e farinha de trigo. Representa a saída da quaresma, do jejum e abstinência que o rito católico prescreve.
A tradição do folar tem como base um ritual de partilha, solidariedade e confraternização, bem enraizado na gastronomia popular que se perde no tempo e profundamente carregado de significado simbólico e religioso. Existe neste ato uma ligação muito forte entre o folar e o pão que Jesus repartiu com os discípulos na última ceia e a celebraçlão do renascimento e Ressurreição do dia de Páscoa. Na segunda feira de Pascoa o Padre visita as casas para tirar o folar. A benção das casas, o pagamento do dizimo, podem ser considerados um verdadeiro elo de união entre o Terreno e o Divino pela carga simbólica que representam.
É também a oferenda aos afilhados pelos padrinhos. Não vão esquecer dos seus.
Na nossa terra o dia da Páscoa e da visita pascal são dias de muita alegria e festa que não se esquecem jamais.
Falando em não esquecer. Avisem a malta nova que é tradição tocar o sino de meia noite de sábado aleluia. Vai que já se esqueceram... O padre não liga!
Quero deixar um forte abraço á minha madrinha Dometilia e meu padrinho Luiz.    Uma feliz Pascoa para todos!!!