O dia cresce inteiro,
No sol, nas fragas no monte.
Alcanço á vista,
O povo inteiro,
Aqui no cimo da solheira.
Meu ser caminha apressado nas ruas em pensamento.
Rodo caminhos, lameiros,
fontes, rios e ribeiros.
Capela da vila velha,
pombinhas, retorta, na veiga,
Campos lavouras e hortas,
procissões e romarias.
Ribeira de cavalos,
fechos, águas,
nascente da pipa.
Mato a sede que fica
me secando na saudade.
Minhas lembranças, olhares
Daquelas gentes lugares,
Um menino sonhador, aventureiro.
Revejo tudo em silencio
Do outro lado do mundo,
De um outro lado de mim.
Pergunto a mim mesmo quem sou?
O que quero?
O que procuro?
Respondo olhando o passado
pensando no presente e rio do futuro.
Vejo meu povo, os dias, horas, minha gente.
Sei que sou o que sou, e em parte, sou assim
Por lá ter vivido um dia.
Mas este sou eu, assim nascido, em crescimento!
Pouco ficou do que fui, lembranças ou teimosia.
Com nove anos parti,
Queria ser missionário,
Salvar,o mundo a rezar...
Quiseram me ensinar, a pregar,
Espalhar a fé sem questionar.
Mudei de vocação!!!!
Fui ser feliz, e viver.
Eu questiono tudo,
Busco a tudo o tempo inteiro.
Leio, releio e repenso, peregrino,
Certezas eu tive e tenho,
De que não sei de coisa alguma.
Sei agora, não sei depois,
Ou talvez até, nem descubra.
Mas o que me importa saber?
A coisa é toda ela inteira,
Uma questão filosófica,
Feita de muita palavra,
Pensamento, cegueira,
Nada é feito e vale para sempre.
Viva, lá muitas vezes,
Quem sabe viver, mudando a cada dia.
Volto a olhar a ribeira a correr, em meu pensamento.
Deixo a água me levar sem rumo, sem leito,
Pelas pombinhas ao rio Sabor, até ao Douro
E de lá, mar a fora , para o mundo satisfeito.
Luis Pardal
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