Revisitando Castelo Branco

10/01/2010

Mare Nostrum

 

Este mar que me encara nos olhos

Faz-me querer sair por ele na descoberta.

 

O vento, sopra, sussurra, grita

Rompe os ouvidos com palavras incertas

Notícias de outros rumos, marés abertas.

 

Navegante de areias a andar na  praia.

Quero antever o mar rasgado na quilha,

Imaginar os sulcos de espuma traçados

Deixados pra trás no finito do barco

Do ponto de partida ao ponto de chegada.

 

Fico a remoer idéias e possibilidades.

E a vontade de navegar enche-me as velas.

 

Caminho na areia em passos largos, profundos,

Como quem quer marcar com os pés o trajeto.

Rota segura, eu penso e, afundo os passos.

Para deixar as marcas que servirão na volta

Nesta trilha de mares navegados,

Mare nostrum.

E as ondas que chegam

Apagam tudo depois que passo

E voltam ao mar vezes sem fim.

 

Viro finalmente no fim da praia.

Quero rever a obra terminada,

Com o olhar de quem já alcançou o objetivo.

Demoro para entender,

Não sobraram as rotas que tracei,

As águas que naveguei, os momentos que vivi.

O mar apagou tudo, e o mundo por onde andei, 

Surgiu novo, como se fosse um desconhecido.

 

Corro enlouquecido atrás das ondas, grito e reclamo,

Culpo o mar, o céu, a areia, o infinito,

Todos cúmplices desta eterna roda maluca.

Estou furioso, mas respiro,

Sentado na areia, fico a olhar ondas a chegar

E aos poucos caio em mim.

 

A vida e o mar sempre diferentes

Mas isto é o bom de viver,

Um momento novo a cada instante.

Olho a areia e volto a navegar na praia em passos largos…

 

É ilusão a vida no pensar.

Viver é mergulhar, sentir, arriscar

Cair nas ondas…

 

Experimentar…

 

IMG_6096 Praia Mole Florianopolis SC Brasil

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