Revisitando Castelo Branco

20/01/2011

O CÓDIGO da VINHA (1)

Autor: Manuel A. Carlos

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Conheceis a famosa observação que muito escandalizou os amigos de Sócrates? Um estrangeiro entendido em rostos, de passagem por Atenas, mal avistou o Focinho bonacheirão do filósofo disse-lhe de caretas – vós, senhor, deveis albergar os piores vícios e as mais hediondas inclinações… Sócrates limitou-se a responder – conheceis-me bem, Senhor! De facto, ele era muito feio… e quanto a isso nada havia a fazer, as plásticas ainda não eram conhecidas. A fealdade era para a elite Ateniense, daqueles tempos, uma autêntica refutação; como conseguiu ele cativar a juventude, para muitos continua um mistério, para outros, cativar foi sinónimo de corromper por isso ele foi julgado e se auto-condenou… naquele turbilhão de filósofos, Sócrates e Platão distinguiram-se como instrumento de corrupção que precipitou a decadência da cultura Grega.

Sócrates deu, ainda, uma resposta ao famoso fisionomista que é o genoma de toda a sua escolinha – mas… sou senhor e mestre de todos os meus vícios… controlo-os a meu belo prazer!

Também ficou conhecido por ser o primeiro causídico a defender um amigo que tinha matado a mãe, provavelmente, para agasalhar antecipadamente a herança.

De acordo com as leis Atenienses, Sócrates conseguiu demonstrar com evidência e comprovar a inocência do amigo, nestes termos – tendo em conta a avançada idade e sofrimento da pobre Senhora, o filho, simplesmente, aliviou-lhe as dores, qual analgésico físico, enviando-a mais depressa para o céu junto de Asclépio salvador.

São inúmeras e conhecidas as facetas deste homem à excepção do seguinte – Sócrates fundou a mais antiga ordem secreta, denominada a Irmandade da Vinha, de raiz filantrópica e que inicia a famigerada tradição esotérica… mais tarde juntou-se-lhe o pensamento gnóstico e pitagórico.

O que consegui apurar de mais curioso, embora concorde com uma outra frase interpolado no texto primitivo, foi isto – os iniciados na ordem passavam por uma única prova – beber uma ânfora das pequenas com vinho (equivalente a uns 5 litros) de uma única assentada.

A latinizada expressão “ In Vini Veritas” é um autêntico plágio de uma regra bem explícita nos Estatutos da Irmandade da Vinha.

Erasmo de Roterdão terá confessado ao nosso maior humanista, Damião de Góis, que o “ O elogio da Loucura” escrito na sua primeira viagem a Inglaterra era um título de opção porque se lhe acabou a Pipa de vinho que levava o que o deixou algo louco e fulo, pois a ideia inicial era fazer o elogio a Baco.

Pertence, também, à Irmandade da Vinha a máxima proferida pelos monges guerreiros do Templo quando se precipitavam para as ferozes e suicidas batalhas – Qui bien beurra, Dieu voira / qui beurra tout d’une baleine, voira Dieu et la Madaleine. ( quem beber bem Deus verá / quem beber melhor e de um só trago verá Deus e Madalena)

A perda de Jerusalém (na opinião dos cristãos) em 1187, não se deveu à impetuosidade dos famosos cavaleiros do manto branco nem à inaptidão do grão-mestre, Gerard de Ridefort, mas sim à fraca colheita de vinho nesses fatídicos anos. As famosas vinhas do Vale do Jordão, de acordo com as últimas investigações, foram assoladas por pragas de gafanhotos.

Em relação à Irmandade da Vinha, eram grandiosas as libações a que se entregavam os seus membros, não é por acaso que o escriba do mestre, Platão, escreveu a obra “ O Banquete “ .

Manuel A. Carlos (fim da 1.ª parte) Jornal – Notícias de Cambra (31/03/2006)

 

O CÓDIGO daVINHA(2)

vinha cópia Há vários documentos históricos que nos revelam a magnificência, o luxo e a ostentação dos banquetes a que se ofereciam os membros da Irmandade da Vinha. A obra de Platão, “ O Banquete”, apenas faz uma singela descrição. Nem nas entrelinhas se poderá vislumbrar a opulência daqueles manjares que pela noite dentro decorriam até madrugada alva.

Sócrates, grão-mestre e fundador da Ordem, espelhava o exemplo. Passava a noite a filosofar e a beber o precioso néctar das cepas, no fim do banquete, não se via grego para imitar o 4 a pedido dos convivas, aliás fazia-o com uma caneca de vinho na cabeça, eu explico, é que a designação 4 em grego é o Delta com acento ou uma vírgula em cima, daí a caneca na cabeça. Consta-se que um dia deu um grande trambolhão ao fazer o 4 mas a culpa foi de Alcibíades que se esqueceu de fechar a torneira de uma pipa, alagando o chão com vinho e originando, assim, a escorregadela do mestre. As famosas piscinas vermelhas de Atenas, sabemos hoje, devido a árdua investigação, que a cor não se deve aos tijolos vermelhos, mas porque as enchiam de vinho tinto; até dizem, as más-línguas, que o Walt Disney copiou a ideia para a reproduzir na piscina do Tio Patinhas.

Mas a verdade é que pela manhã cedo, enquanto os mais fortes descansavam saciados e os mais fracos curavam a ressaca, Sócrates, como que tivesse dormido toda a santa noite nos lençóis conjugais, dirigia-se sorrateiramente aos lavabos públicos onde arranjava a higiene pessoal; seguidamente almoçava, agendava as tarefas domésticas e por fim, já na sua Academia leccionava e à noite estava fresco e rijo como o aço para mais uma noitada e atenção que tudo isto era noite sim, noite sim. Aos menos informados convém dizer, antes de mais, que estes Patrícios da alta sociedade Ateniense faziam-se acompanhar por menores e não pensem que era para lhes coçar as costas nem tão pouco para lhes encher as canecas. A pedofilia seria, digo alegadamente, que eu não sou pessoa para ter problemas com esta gente, uma prática aceite e impunemente praticada. Imaginem, ó leitores menos atentos, que a sexualidade, já naqueles tempos, era disciplina obrigatória na Academia cuja cátedra era leccionada pelo Mestre, aliás, Sócrates, ao que dizem era muito erótico. Enfim, vamos ao famoso código da Vinha que esta Irmandade utilizava. A coisa funcionava mais ou menos assim – convém dizer que as Vinhas naqueles tempos produziam uvas duas vezes por ano tal era o clima e a terra vulcânica – os pés de vinha eram plantados e posteriormente podados de forma tridimensional que visto ao longe traduzia as mensagens, qual acróstico das parreiras, só para os membros da ordem. Decifrámos algumas, em particular, das quais aqui reproduzimos:

- Lua crescente, Ménon abrirá as suas pipas de 200 almudes!

- Xénon tem uma pomada de ficar de joelhos! Em Quarto Minguante poderá acabar!

- Na Lua Cheia, Alcibíades, cozinhará um especial arroz com miúdos, se poderes trazer mais alguns, a casa agradece.

- Lua Nova, a Juventude Ateniense cresceu, o que nos obriga a plantar mais vinhas.

Agora, estimadas leitoras e esquecidos leitores, poderão imaginar os festins e rogo bofes daquelas gentes, é caso para dizer, já não há festas como antigamente, ou será que há?

Manuel A. Carlos (fim) Jornal – Notícias de Cambra (15/04/2006)

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