Tem dias em que paro e fico quieto, em silencio, á espera do som que antecede a tua chegada.
Conheço teu andar e a cadência de teus movimentos. O som dos teus passos no caminho, me dá a noticia de que te aproximas, e que vais chegar. É assim todo o fim do dia.
Sento-me, nas escadas da casa, perto do marco, para te esperar.
Mesmo cansado dos trabalhos do dia, fico ali quieto e sem pressa a contar os minutos que me separam de te ver sair de casa e descer a rua com a cantara nas mãos para buscar a água.
As mulheres mais velhas que vêem á fonte com suas cantaras esbouçadas, chegam a riem de mim, e ficam prá li a dizer: - não tarde já lá vem, já lá vem... Eu olho e rio, elas riem e olham. Sabem e eu sei, que é a ti que eu espero. Meus finais de tarde são inteiros para te ver e me encantar com teus olhos.
Lembro de ti, no adro da Igreja. Estavas, ao lado das crianças vestidas de branco. Organizavas as filas da cruzada para a primeira comunhão. Teu sorriso meigo teu olhar desafiador ficaram parados no meu. Desviaste o olhar depois, para disfarçar o vermelho que coloriu teu rosto e o desconforto por me encarar. Fiquei sem fôlego e revejo esta imagem vezes sem parar, nos meus momentos em que não te tenho perto.
Teus cabelos da cor dos trigais balançavam soltos ao vento e brincavam de esconder e revelar teus olhos. Por instantes os via e logo os fios os escondiam. Sabias que eu te olhara e ficaste com o olhar fixo em lugar nenhum. No rosto com o olhar parado uma expressão feliz de ternura e felicidade. Foram segundos apenas entre este olhar no vazio e o encontro com o meu. Algo novo que nunca eu vira antes. Fiquei pasmado, como quem acabou de ter uma visão de outro mundo.
Prá li especado e sem saber o que fazer, parei. Naquele momento te amei com todo a minha alma.
Daquele dia em diante tudo mudou.
Os dias á tua procura pelas ruas da aldeia. Ia para a rua da tua casa e ficava sentado na frente da tua janela com a esperança de te ver. Sem saberes de mim tu vinhas e teus cabelos balançavam soltos e ondulantes, e sorrias sem graça e sem desconfiares do que se passava em meu coração. Confesso que nem eu sabia. O amor faz destas coisas com quem ama pela primeira vez.
Apaixonei-me por um sorriso que nunca vira antes. Conheço-te desde menina. Puxei teus cabelos milhares de vezes no recreio da escola. Cansaste de correr atrás de mim para me pegar e retribuir o puxão de cabelo. Mas aquele momento, naquele instante… O teu olhar foi arrebatador.
MInha descoberta de que o mundo é diferente e de que meus dias mudariam completamente.
Extraido do Conto: Promessa a São Bernardino
Para ler o texto completo siga o link: http://revisitandocastelobranco.blogspot.com/2008/06/promessa-so-bernardino.html
Luis Pardal
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