Revisitando Castelo Branco

12/05/2008

Marco da Igreja

Fotos: Abilio Freitas

Em tempos idos o bairrismo de nossa terra era um dos aspectos mais curioso e fabuloso de se ver. Eram os das eiras, da praça, da igreja, da escola, ou os do carrascal, a desafiar uns aos outros sempre.

Cada um de nós tinha, alem do nome e do apelido, a indicação de onde morava. No nosso entendimento, o local fazia uma referencia pessoal e um atributo extra, na personalidade ou na escala de importância que cada um de nós tinha para a malta. Ser das eiras, do vale, da praça ou do carrascal, era questão de honra e de orgulho na hora de desafiar ou de buscar aliados para uma batalha.
Tempos áureos que já se foram. Nosso povo tinha mais gente. As crianças e jovens enchiam a praça ou o largo da Casa Grande a jogar ao fito, ao pião, á bilharda, ao tiroliro ou simplesmente a caçar gambozinos.
Impressionante a vida e a pujança de nossa terra se olharmos a realidade atual.
Não que tudo fossem flores, mas eram vida e renovação. Quantos jogos de bola fizemos, os das eiras contra os do vale, ou os da praça contra os das eiras. Esta rivalidade velada, incendiava e dava um tempero a mais nas rodas de tiro-liro, de bola ou de outras brincadeiras.
Os encontros podiam acontecer onde quer que fosse, no campo da eiras novas, na regada, no lameiro do chafariz ou canilhão mas, independente do lugar onde aconteciam, os desafios originados nesta rivalidade eram o mote para um jogo mais animado e encorajador. Esta foto do marco da Igreja fez-me lembrar de outra rivalidade, porem feminina, que movimentava a vaidade bairrista das moças solteiras.
No São João, faziam em cada marco da aldeia uma cascata. Era um movimento nervoso, alegre e cheio de intenções este das solteiras que moravam perto do marco da praça, do marco do vale ou do marco da Igreja, fazerem a cascata e competirem entre si. Nessa época as de cada marco uniam-se para decorar e enfeitar a cascata que depois á noite ajuntava o povo para a fogueira e as cantigas de roda ou baile.
São João, fogueira de margaças acesa, bastavam alguns saltos para não ter mais dor de cabeça o ano inteiro. Remédio santo... Bons tempos estes em que a farmácia não era tão cara nem tão complicada de prescrever ou diagnosticar as doenças.
Quantos namoros nasceram á volta das fogueiras de São João nos marcos, enfim nas voltas de nossa terra.

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