Fotos: Abilio Freitas
Ao toque dos Sinos.
A aldeia acorda lentamente. Algumas lareiras já estão acesas e os chupões espalham no ar frio da manha, um bafo quente e esbranquiçado que se eleva acima dos telhados.
Aos poucos a vida retoma o curso. A luz pálida da aurora treme no brilho branco metálico, dos telhados com geada. No céu as estrelas começam a desaparecer cansadas da longa e fria noite. O sol a espreguiçar os braços nos cabeços da aldeia, alonga o corpo por todos ribeiros e caminhos e firma o dia. A luz muda a cada segundo.
Uma trilha sonora começa a crescer por todos os cantos da aldeia. Galos cantam ao desafio, e são seguidos pelo cacarejar das galinhas que ficam a reclamar aborrecidas, com tanta vontade de cantar a esta hora do dia dos seus parceiros. Ouvem-se os burros, as vacas, as mulas, os machos, enfim todos os outros animais, a pedir o tratamento antecipado antes que mais um dia de trabalho comece.
Os sons crescem na mesma velocidade do fim da noite. Até os cães que sabem que ainda não é hora de ir para o gado vão bocejando alertados com tanto rebuliço.
O sino toca as Avé Marias. Três toques... pausa... três toques... pausa...três toques! Os que ainda resistiam sentem-se agora convocados para o recomeço da vida.
As mulheres já saíram da cama faz algum tempo. Com a lareira acesa vão pondo a mesa para o pequeno almoço. As labaredas das giestas secas a estalar na lenha de freixo começam a aquecer a casa e empurram o frio lá para fora.
Hora de acordar os filhos, de chamar o marido, de apressar a todos...
Uma grelha aquece no braseiro da lareira enquanto espera as fatias de pão para torrar. Aos poucos os donos da casa vão chegando e, um a um sentam á roda do borralho. Filho vai lavar essa cara diz a mãe para o mais novo, que com medo da água fria, tenta sem sucesso, passar o inverno sem lavar o rosto.
Antecipando a cada um que chega e senta ouve-se o barulho dos passos e o arrastar dos bancos da cozinha. Não conversam entre si, falam por sinais e monólogos, nesta mímica rotineira do dia a dia, sabem de cor a função e não precisam usar palavras.
As torradas a assar espalham no ar um gosto bom que se mistura com o aroma do café e do leite fervido. Na seqüência assam umas alheiras que vão para a mesa a juntar-se ao queijo de ovelha, azeitonas, fatias de presunto e salpicão. O frio e o trabalho pesado exigem, aos que vão ao trabalho no campo, um reforço no estomago, saco vazio não se tem de pé. Com os corpos quentes e mais acordados sentam-se todos na mesa. Comem enquanto espantam o sono de vez.
O corpo, reage ao alimento e finalmente toma as rédeas do sono para recomeçar a vida. Fazem os planos, distribuem tarefas e funções, acertam detalhes. Para arrematar o pai e a mãe reclamam da geada que pode queimar a amêndoa e um a um vão deixando a cozinha com a certeza de que a vida continua e precisa ser vivida.
Aos poucos a vida retoma o curso. A luz pálida da aurora treme no brilho branco metálico, dos telhados com geada. No céu as estrelas começam a desaparecer cansadas da longa e fria noite. O sol a espreguiçar os braços nos cabeços da aldeia, alonga o corpo por todos ribeiros e caminhos e firma o dia. A luz muda a cada segundo.
Uma trilha sonora começa a crescer por todos os cantos da aldeia. Galos cantam ao desafio, e são seguidos pelo cacarejar das galinhas que ficam a reclamar aborrecidas, com tanta vontade de cantar a esta hora do dia dos seus parceiros. Ouvem-se os burros, as vacas, as mulas, os machos, enfim todos os outros animais, a pedir o tratamento antecipado antes que mais um dia de trabalho comece.
Os sons crescem na mesma velocidade do fim da noite. Até os cães que sabem que ainda não é hora de ir para o gado vão bocejando alertados com tanto rebuliço.
O sino toca as Avé Marias. Três toques... pausa... três toques... pausa...três toques! Os que ainda resistiam sentem-se agora convocados para o recomeço da vida.
As mulheres já saíram da cama faz algum tempo. Com a lareira acesa vão pondo a mesa para o pequeno almoço. As labaredas das giestas secas a estalar na lenha de freixo começam a aquecer a casa e empurram o frio lá para fora.
Hora de acordar os filhos, de chamar o marido, de apressar a todos...
Uma grelha aquece no braseiro da lareira enquanto espera as fatias de pão para torrar. Aos poucos os donos da casa vão chegando e, um a um sentam á roda do borralho. Filho vai lavar essa cara diz a mãe para o mais novo, que com medo da água fria, tenta sem sucesso, passar o inverno sem lavar o rosto.
Antecipando a cada um que chega e senta ouve-se o barulho dos passos e o arrastar dos bancos da cozinha. Não conversam entre si, falam por sinais e monólogos, nesta mímica rotineira do dia a dia, sabem de cor a função e não precisam usar palavras.
As torradas a assar espalham no ar um gosto bom que se mistura com o aroma do café e do leite fervido. Na seqüência assam umas alheiras que vão para a mesa a juntar-se ao queijo de ovelha, azeitonas, fatias de presunto e salpicão. O frio e o trabalho pesado exigem, aos que vão ao trabalho no campo, um reforço no estomago, saco vazio não se tem de pé. Com os corpos quentes e mais acordados sentam-se todos na mesa. Comem enquanto espantam o sono de vez.
O corpo, reage ao alimento e finalmente toma as rédeas do sono para recomeçar a vida. Fazem os planos, distribuem tarefas e funções, acertam detalhes. Para arrematar o pai e a mãe reclamam da geada que pode queimar a amêndoa e um a um vão deixando a cozinha com a certeza de que a vida continua e precisa ser vivida.
Maldito burro que foi amarrado com uma corda ao sino da Igreja ás 4 da manhã!!!
ResponderEliminarEspero que as pessoas que não dormiram nessa noite não leiam isto!!!