Autor: Arminda Neto
E…mais uma vez, Castelo Branco esteve em festa. A Festa de S. Bernardino, que, sendo de Sena é, verdadeiramente, o Santo de Castelo Branco.
Momentos marcantes que, ano após ano se vão registando na história deste povo agraciado pelos testemunhos de fé que, de geração em geração continuam a marcar a nossa gente, fazendo do ontem o hoje.
Por herança confessamos com nossas vidas a devoção a S. Bernardino. 20 de Maio, o seu dia mas… em solidariedade com os “Filhos da Terra” que fazem questão de estar presentes, se reverencia no sábado mais próximo: este ano, 21 de Maio. Dia de reencontros, de aproximações, de júbilo…dia com Deus.
A manhã começou contemplada pela graça que vem do alto: o céu azul, a conjugação de odores, a frescura do ar que se respira, a luminosidade dos campos que por puro prazer nos oferecem o seu verde, misticamente pintados das mais belas cores silvestres, formam o cenário de festa.
A banda filarmónica fez a arruada, dando os bons dias, santificados, a todos. Sonoramente, orientada pelo mordomo, António Pires, percorreu as ruas da aldeia, dirigindo a cada um o convite: sejam felizes com S. Bernardino; cada um à sua maneira mas… sejam-no.
12 horas… ponto alto da cerimónia; o encontro com o taumaturgo chegou. Os sinos, no seu repicar, alertaram para o início da missa. Grande solenidade! Em beleza e em devoção! Como S. Bernardino, pregador e evangelizador, devoto do nome de Jesus, os rostos serenos interiorizavam sentires e vivências e, em espírito, expunham-lhe as suas aflições, vazios, ausências, alegrias,… com a certeza de que o homenageado, agilizará junto dos mensageiros da paz e do amor, no sentido de todas as preces serem atendidas.
Seguiu- se a procissão, habitual, mas diferente. Os “cruzados”vindos não de Bolonha mas do Felgar, indicavam o caminho; dois cavalos de movimentação expressiva e temperamento difícil, negavam aos cavaleiros a submissão às suas ordens e a fidelidade ao seu porte altivo, inteligente e capaz. Ganhariam para o susto?... A cruz, as bandeiras, os andores - Nª Sª de Fátima, Stº António e S. Bernardino - enfeitados com flores naturais, as colchas nas janelas e nas varandas transformaram as ruas num palco de beleza e arte, humana e divina. A reiterar a devoção da marcha solene lá estava a banda do Felguar, entoando cânticos apelativos a uma caminhada de oração que, harmoniosamente, interagia com o tocar dos sinos da torre da igreja não “com rosmaninho e alecrim pelo chão” mas com muitas pétalas de rosas.
E… depois do alimento da alma o alimento do corpo. As mesas generosamente recheadas, garantiram a familiares e amigos um convívio fraterno onde ninguém faltou. Há ausências que são sempre presenças vivas e, quando o vazio é superado pela certeza de um reencontro, a esperança garante-nos, um saudosismo sim, mas reconfortante.
Que o S. Bernardino zele por todos nós e por todos os que já partiram. Não pela homenagem deste dia mas pela dedicação de sempre.
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