Autor: Arlindo Parreira
Oito anos passam rápido, parece que demoram no futuro, mas quando olhamos para trás vemos que já foram vividos. Assim foi comigo, passaram oito anos desde a última visita a Castelo Branco.
Voltei, como voltam as andorinhas, no começo do verão. Estava com o peito cheio de saudades e vontade de, rever os amigos, atualizar os assuntos, e recarregar as baterias que já andavam fracas há tanto tempo longe da água da solheira.
A sede era grande e logo ao chegar apagou, com o calor do encontro e carinho de amigos e parentes. Nossa terra é sempre um lugar maravilhoso e acolhedor. Um bem hajam por tudo, que quero deixar nestas linhas para agradecer a todos, em meu nome e da Cacilda!
Desta vez, como bom paraquedista, levei na mochila entre o paraquedas e as demais munições, armas que me fariam manter vivas as imagens de nossa terra. Um “assalto” fotográfico eu diria. Preparei a visita com maquina fotográfica de grande calibre, scaners, cabos USB, pendrives... (ó tia Maria se não souber o que é isto, pergunte por aí que a garotada entende tudo). Estes equipamentos foram propositais para registrar minuto a minuto tudo o que pudesse das gentes, lugares, tradições de nossa terra. São horas de vídeo, milhares de fotos e imagens scanizadas. Tudo isto para manter minhas memórias vivas e evitar que se percam sem serem vistas por todos velhos e novos. Prometo regalar e fazer banquetes com estes tesouros, para as saborearmos ao longo do tempo.
Rever amigos é mais que viver, é poder viver tudo de novo. O que mais me emocionou nesta viagem foi o encontro com o Sr. Jose Rito a quem por apelido na aldeia chamávamos carinhosamente de “Ze Mautês”. Meu grande companheiro de trabalho que sempre me aturou nas minhas muitas palhaçadas.
Pois bem…
Lá estava ele sentado nas escadas na porta da casa, sozinho, pensativo a quem sabe a lembrar da vida e dos trabalhos. Ao vê-lo ali, sentei-me naturalmente do lado dele sem lhe dizer nada. Instantes depois ele ficou intrigado e perguntou-me:
- O senhor quer alguma coisa?
Ao que respondi:
- Eu não sou daqui... Ando a procura de um homem chamado Rito. O senhor sabe me dizer onde é que ele mora? Eu sou de Vilar do Rei e nao sei onde mora.
Ficou a olhar para mim, e sem entender fitou-me nos olhos e disse:
- Que Seja para muitos anos! … Se procura o Ze Rito, já o encontrou, sou eu!
Fiquei a olhar para ele alguns momentos. Mas ele não me re conheceu... Fiquei emocionado... E então disse:
- Sou o Arlindo!
Ao ouvir minhas palavras, levantou as mãos e encobriu o rosto por alguns segundos, que me pareceram muito longos. Então, quando abriu a concha das mãos que encobriam o rosto, vi que estava a chorar. Abraçamos e pusemo-nos a rir um da cara do outro.
O meu grande amigo, Jose Rito, foi e será sempre um irmão de verdade que sempre me deu bons conselhos. Meu companheiro de trabalhos e canseiras por muitos anos. Um homem forte de muita experiência. Valente nas ceifas e em qualquer outra lida. Sempre me ajudava para que eu pudesse acompanhar o restantes dos companheiros nos trabalhos que fazíamos juntos.
Tem coisas que não tem preço e são o valor maior da vida… Esta é uma delas!
Mas foram muitas emoções que eu vivi. Não me levem a mal de as contar aos poucos… Nem fiquem tristes por não nomear todos os que revi e as emoçoes que senti, logo aqui de cara. É bom reviver tudo aos pouquinhos, e voltar quantas vezes quiser nestas memórias, e sentir vezes sem conta, o que tive oportunidade de viver com todos os amigos nesta visita em Castelo Branco.
Do meu trabalho de repórter, informo que vai demorar ainda algum tempo para publicar. São muitas fotos antigas, algumas de gente que até eu não conheço. Fiz anotações mas, ainda assim, é um tanto confuso. Mas tenho a ajuda de muitos, e nisso e ficou combinado de mandarem email com nomes e historias como a dos Estevais e do Doutor Virgilio, meu Professor, e tantas outras.
Um abraço e até breve a todos
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