Autor: Aida Freitas Ferreira
“Quem azeite colhe antes de Janeiro, azeite deixa no madeiro”
“Quem colhe azeitona antes do Natal, deixa metade no olival”
Apesar dos populares dizerem tal após o dia de todos os Santos e até Janeiro, desde a madrugada gelada até ao por do sol, as gentes da terra fazem a colheita da azeitona para fazer o azeite. Muitas vezes engaranhados pelo frio fazem fogueiras para aquecer as mãos e dar algum alento ao duro trabalho.
Em outros tempos para mantas de sarapilheira e mais tarde para toldos estendidos pelo chão, ranchos de homens varejam a rama das oliveiras e as mulheres, de olhos no chão apanham a azeitona que ressalta para fora daqueles. http://www.diariodetrasosmontes.com/)
No fim do dia a azeitona é limpa de folhas e voltada a ensacar aguardar o fim da lide e a oportunidade de ser levada à prensa do lagar pois, dos de varas já não me lembro de ver ou mesmo ouvir falar.
Na nossa aldeia havia dois grandes lagares de prensa, o do Sr. Alberto Ferreira e do Sr. Manuel Escalhueiro que, por força da idade dos seus donos ou por impedimento da regulação comunitária deixaram de laborar contudo, faziam-no 24 horas sobre 24 horas.
A azeitona era despejada para dentro de uma cisterna onde duas mós de granito giravam sob a força do motor do tractor e a esmagavam. A pasta que daí resultava era colocada nas seiras eram então empilhadas na prensa. Desta prensagem decantava-se o azeite, que era transportado em cântaros de lata. Depois é depositado em talhas de barro ou vasilhas de metal onde repousa até à Primavera altura em que começa a utilizar.
A palavra azeite vem do árabe Az + zait. Quer dizer sumo de azeitona.
Moinho da azeitona de lagar de tracção animal. (imagem extraída de http://motg.blogs.sapo.pt/arquivo/2006_08.html)
O lagareiro tinha direito a uma maquia, que por norma representava 10% da colheita. O bagaço da azeitona servia para a lareira, como substituto da lenha. O seu cheiro era tão característico que durante estes meses pelo Vale e pelo Bairro da Escola cheira a bagaço queimado. Muitas vezes nos era permitida a entrada na prensa para olhar este processo e aquecer as mãos junto da fogueira ou mesmo provar uma torrada de azeite.
Aida Freitas Ferreira
Sem comentários:
Enviar um comentário