Revisitando Castelo Branco

22/12/2010

É tempo de vestir samarra!

Autor: Aida Freitas Ferreira

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Nas minhas andanças pelos livros, que é onde passo quase todos os meus dias, dada a minha profissão, encontrei este poema que adorei e vem mesmo a calhar.

Também eu tive uma samarra e como eu a adorava vestir e sentir o pelo macio que acariciava as orelhas a caminho da escola.

E...nestes últimos dias em que o frio também chegou ao Porto eu voltei a lembrar-me dela … e assim vesti-a (uma outra que entretanto adquiri pois eu sei que não cresci muito mais mas aquela de quando tinha dez anos deixou de me servir). Já agora até me lembro do dia em que foi comprada. Foi comprada pelos meus pais na Casa Casimiros num dia de Gorazes. Ficou à consignação da Dª Alzira, balconista da secção de senhora, no sentido de eu passar por lá no dia seguinte para a experimentar. E caiu que nem uma luva, de tal modo que nesse Inverno a usei quase todos os dias.

Continuo a adorar ver o look invernal transmontano: uma samarra pelo corpo, um boné de pala sobre os olhos e umas boas botas feitas à medida e curadas pelo sebo.

A minha samarra

É uma relíquia transmontana
Esta quente e vetusta samarra
Sendo típica veste de montanha
Na verdade, nada tem de bizarra

A pele doirada, cor de piçarra
De dócil raposa sacrificada
À vaidade que lhe deitou a garra
Tem a docilidade entranhada

É vestuário de estação
Que protege do frio no Inverno
Por isso se usa sem condição

Nas serras de Trás-os-Montes paterno
Agasalha corpo e coração
E a samarra é, sinal fraterno

Vale de Salgueiro, sábado, 21 de Agosto de 2010
Henrique Pedro - “Poemas da Guerra de Mim e de Outrem” (Editora Piaget – 2001).

 

Aida Freitas Ferreira

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