Veio para Castelo Branco
Um curso de alfabetização
Eu fiquei feliz
Quando soube, que a minha mãe
Já escrevia com a própria mão.
Tantas dificuldades passou
A minha querida mãezinha
Ela nunca foi á escola
Porque ia guardar ovelhas
Quando era criancinha.
Não era obrigatório ir á escola
Na infância da minha mãe,
Por isso era pastora.
Como eram muitos irmãos
Tratava deles também.
Tinha que ajudar em casa
Porque ela era a mais velha
E pelos prado verdejantes,
Ia a guardar ovelhas
Ajudando o pai dela.
Agora com cabelos brancos
Com 74 anos de idade,
É que foi aprender a ler
Dizendo ela para mim
Que só queria o seu nome fazer.
E ao vê-la tão animada
Fui eu que a incentivei,
Para que fosse á escola
Já que não teve oportunidade
Quando ainda era nova.
Muitas vezes vi minha mãe
Triste e infeliz
Quando queria telefonar,
Para os seus queridos filhos
E o número não sabia marcar.
Agora já aprendeu
A fazer os algarismos,
Anda muito satisfeita
E diz que não desiste
Sem fazer uma conta bem-feita.
Ela mostrou-me o caderno
E as letras do seu nome
Até já vai conhecendo,
Com a ajuda da professora
Também já vai escrevendo.
E, com a idade pesando
Já pede um pouco de descanso,
Mas também ainda pede
Que venham mais incentivos
Para os idosos de Castelo Branco.
Nunca é tarde para aprender
Mesmo que sejamos idosos
E vamos sempre a tempo
De aproveitar o saber
Que nos oferecem os mais novos.
Se a escola continuar
Minha mãe vai até ao fim
Eu serei a filha mais feliz
Quando com as suas próprias mãos
Fizer uma poesia para mim.
Marina da Graça Craveiro, 2009
Sem comentários:
Enviar um comentário