Autor: Arlindo Parreira
Estou sem saber como publicar estas fotos. Falta-me coragem e não sei que nome dar a este artigo.
O prédio e as salas onde funcionou a nossa escola primária está em total estado de degradação e abandono. As portas e janelas estão quebradas, assim como as cadeiras amontoadas e espalhadas pelos cantos, cobertas de camadas de pó de alguns anos. As andorinhas fazem ninhos por tudo e sujam as paredes e o piso. Os morcegos tomaram conta da chaminé e dividem com os ratos as salas de aula. Sinal dos tempos. Em outras épocas, estas salas vibravam de vida e de entusiasmo. Mas, nos nossos dias, foi este o cenário que lá encontrei. Não há mais alunos, nem professores, foi dado ao desprezo e abandono este lugar que um dia teve um papel tão importante e tão especial na vida de Castelo Branco.
Os livros onde a maioria de nós estudou, estão espalhados pelos cantos sujos e cobertos com fezes de morcegos, andorinhas e ratos. Está tudo abandonado, em cacos. São gavetas caídas no chão, fora de lugar, com rimas de pastas, onde os ratos fazem ninho. Em uma destas gavetas, pude ver mais pastas com o nome de cada aluno dos anos 60, e nelas ainda estavam o aproveitamento escolar. Em outras, vi desenhos dos alunos, raparigas e rapazes, com dedicatórias feitas aos pais e professores. Tudo em desordem e abandono...
Nossa terra teve e tem tantos licenciados. Gente ilustre que nasceu e aprendeu, nestas salas de aula, as suas primeiras letras. São muitos os conterrâneos que brilharam, enriqueceram e levaram mundo a fora o legado desta escola, seus professores e colegas de carteira.
Nos quarenta minutos que permaneci lá dentro, tive que sair e entrar várias vezes para encher os pulmões de ar e poder respirar. Não foi fácil suportar o mau cheiro e o ar insalubre e irrespirável lá de dentro.
Apesar do estado de abandono das salas, só de estar lá de novo, o meu coração ficou feliz e bateu mais rápido, e fez-me voltar no tempo, para reviver outras épocas mais felizes.
Recordei-me imediatamente dos meus amigos e das brincadeiras que fazíamos. Relembrei do meu professor e ao recordar dele, quase chorei. Pude vê-lo novamente na cadeira a dizer para a turma manter silêncio, e fazer o trabalho com calma. Tantas imagens que vieram, aventuras e artes que ali pintamos e bordamos...
As fotos falam por si, no lado de fora não está diferente de lá de dentro. A erva tem quase 80cm de altura com risco de incêndio
Que falta faz por ali o meu professor e amigo Francisco Rodrigues, lembrei dele nas tardes depois do horário da escola, em que podávamos as roseiras, tirávamos as ervas daninhas e mantínhamos a escola linda e limpa. Lembro dele e de tantos outros professores que passaram por aquelas salas e dos seus alunos. Em memória destes mestres que dedicaram sua vida a educação da nossa aldeia, nossa escola merece um destino melhor.
Este prédio que perdeu função quando desativaram a escola primária, deveria ter um destino mais digno. Ouvi alguém na aldeia falar de um museu. Porque não fazer nestas salas um espaço multimídia para jovens e antigos passarem as horas? Deve haver algum fundo do Governo, da Câmara Municipal ou então, dos albicastrenses para salvar este lugar!
Fica o apelo: Vamos salvar a nossa escola.
De facto é uma grande tristeza ver a escola neste estado. Era um bom partido montar umas salas de entretenimento para as pessoas passarem o seu tempo ler livros, internet, televisão, jogos, tomar um cha , muitas coisas se podem fazer
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