Revisitando Castelo Branco

13/04/2010

UM AÇORIANO ALBICASTRENSE

Autor: Luís Fontoura
Os nomes dos meus tios da esquerda para a direita: Celestino Carreiro, Sardinha, Matilde, Arminda, Marquinhas, Salete, Guilherme, António
Meu caro Luís Pardal
Saudações albicastrenses temperadas com um pouco do sal açoriano.
Não nos conhecemos, mas antes de me apresentar permite-me dizer-te que acompanho o portal com muita curiosidade e com muita emoção também.
Um BEM HAJAS pelo que foi conseguido, pela dedicação que tens prestado a esta causa, e votos para que a filosofia que o envolve se mantenha.
Um Bem-hajam também a todos os que, das mais diferentes maneiras têm contribuído para que a nossa história recente não se apague da nossa memória deixando assim um testemunho às gerações actuais e futuras.
E… apresentando-me:
Meu pai é de Castelo Branco e como sempre ouvi lá em casa desde miúdo, é de Castelo Branco de Mogadouro.
Chamava-se Francisco Alberto Frontoura, e era conhecido na aldeia pelo Chico ¨Cacildo¨, irmão da Tia Arminda (foi casada com tio Celestino Carreiro), da Tia Marquinhas (viúva do Tio Sardinha), da Tia Matilde, do Tio António e Tio Guilherme, todos Frontouras. ¨Os Cacildos¨ porque a mãe, Cacilda Gonçalves, ficou viúva muito cedo e com a garotada para criar.
A 2ª Grande Guerra levou-o até à bonita ilha de S. Miguel nos Açores onde o destino quis que encontrasse e se apaixonasse por uma bonita açoriana, Maria Zulmira. Casaram, tiveram 5 filhos, amaram-se e foram imensamente felizes toda uma vida. O primeiro desta prole sou eu.
3 - Casamento: Alberto Frontoura e Maria Zulmira
Luís Alberto Fontoura, 62 anos, o primeiro açoriano a nascer com costela albicastrense por afinidade e pelo coração também.
Pelo coração também porque desde muito cedo todos nós lá em casa aprendemos com o nosso pai a amar a sua aldeia e as suas gentes que aos poucos ficou sendo nossa também.
Desde muito cedo tomamos conhecimento da realidade da nossa aldeia transmontana algo diferente da nossa em muitos aspectos sobretudo nos usos e costumes e muito cedo também fixamos os nomes dos nossos tios, tias e primos.
Aos poucos fomos construindo no nosso imaginário a aldeia que o nosso pai descrevia, com alguns nomes de lugares que lhe diziam muito como o Carrascal, o Soto, o Noro, a Soalheira as Eiras, o boboedo, a Miuteira e tantos outros.
Falava também dos seus hábitos e costumes. E de quando em vez Tia Arminda e Tia Marquinhas mandavam uma encomenda, pelo correio, que vinha de barco. Trazia uns salpicões, umas chouriças e uns queijos curados, tudo envolto em azeite para que se conservasse. Deleitava-se a comer com toda a felicidade deste mundo e nós admirados por ver tanto encanto!
E ouvíamos falar da neve, dos lobos, dos cultivos, das terras, do trigo e do centeio, das festas e dos bailaricos.
E falou-nos dos amigos e das pessoas que mais influência tiveram na sua criação.
Mas havia um nome que era pronunciado de uma maneira muito especial, e de cada vez que dele falava a sua voz ganhava outra vibração, outro calor, a quem passamos também a dedicar a nossa admiração e o nosso carinho.
Era o Pardal.
E meu caro Luís Pardal,
Teu nome e teus antepassados não me são estranhos, e vou-te contar uma história que talvez nunca te tenham contado, a respeito de te chamares Luís.
Meu pai um dia contou-me, cheio de orgulho e emoção que o seu amigo Pardal fez questão de atribuir o nome Luís ao filho porque o do Chico ¨Cacildo¨ assim se chamava. Era um tributo a tanta amizade.
Não podemos conferir esta versão, infelizmente.
Certamente já se terão Lá encontrado e recordado toda a juventude e falado de toda uma vida de lutas e canseiras. Certamente já devem ter encontrado explicação para tanta amizade. Tenho a certeza que com todo o carinho ambos estarão a olhar e velar pelos seus filhos, como sempre o fizeram.
Luís
A apresentação está feita, e se me permites fazer uma pequena homenagem à minha avó Cacilda, que não cheguei a conhecer, envio-te a única foto que temos dela para, se assim o entenderes, publicares no portal.1 -Avó Cacilda
Do mesmo modo e com a mesma finalidade mando-te uma foto dos meus tios e tias e respectivos maridos e esposas.
Para a família ficar completa a dos meus pais no dia do seu casamento.
E se me permitires, em breve mandar-te-ei outras histórias relacionadas com as minhas gentes de Castelo Branco de Mogadouro, das quais eu faço parte e serão contadas na primeira pessoa.
Para ti Luís Pardal um abraço muito especial com um
Até sempre
Luís Fontoura

1 comentário:

  1. Anónimo13.4.10

    Estou fascinada pelo blog. É com emoção que leio e vejo tudo o que lá mostra.Ao ler o texto do meu irmão Luis,as lágrimas teimaram em cair... Tenho orgulho nas minhas raízes... Parabéns ao Luis Pardal pela iniciativa.Sou uma açoriana,filha do Xico Cacildo, natural de Castelo Branco de Mogadouro. Atenciosamente assino Cacilda Frontoura

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